Políticas para o audiovisual: da Amazônia para o mundo
Éder Santos[1]
O cinema produzido na fronteira norte do Brasil é motivo de orgulho para a sociedade roraimense, sobretudo, para o segmento cultural e artístico. Os profissionais do audiovisual de Roraima têm realizado obras cada vez mais relevantes na afirmação positiva da imagem amazônica, com a projeção das suas histórias, paisagens e personagens regionais. Suas narrativas e estéticas têm tocado o mundo em eventos culturais, universidades, escolas, mostras e festivais. Ganham com isso os fazedores de cultura, o público que assiste as obras, o turismo local e a economia do estado.
A Lei emergencial Adir Blanc, Lei 14.017/2020, foi uma conquista da sociedade brasileira na superação da crise econômica no setor cultural, imposta pela pandemia do Covid-19. A Lei aprovada no Congresso movimentou, em 2020/2021, cerca de 3 bilhões para criação de políticas públicas destinadas aos segmentos culturais, atendendo o trabalhador e trabalhadora da cultura, sendo que Roraima foi beneficiado com aproximadamente 12 milhões. Todos os segmentos receberam este benefício emergencial, que fomentou a cadeia produtiva, em uma escala inédita no estado.
O cinema tem a capacidade de reunir, diretamente, profissionais de vários outros segmentos, como música, artes cênicas, fotografia, teatro, dança, literatura e permite a contratação de pessoal técnico antes, durante e depois da produção do filme. São produtores, iluminadores, cenógrafos, maquiadores, figurinistas, revisores, maquinistas, motoristas, marqueteiros, publicitários, designers, costureiras, chefes de cozinha, exibidores, dentre outros.
As produções fílmicas estimuladas pela Lei Aldir Blanc em Roraima resultaram em 33 obras audiovisuais de diversos gêneros e formatos. O edital Laucides Oliveira homenageou a memória do ilustre jornalista, carinhosamente conhecido no estado por mestre Lau. Falecido em 2012, ele deixou grande contribuição para a comunicação do estado, com sua passagem em rádios, TVs, revistas e jornais impressos. Assim como a memória do mestre Lau, esse edital ficará registrado na história de Roraima, pois foi uma experiência que deu certo, considerando as dificuldades de se filmar em tempos de pandemia, em um contexto amazônico, onde é preciso levar em conta o clima, os períodos chuvosos e as distâncias geográficas que temos em Roraima. Obstáculos superados com trabalho e dedicação em equipe.
De acordo com a Secretaria Estadual de Cultura, foram produzidas e premiadas obras audiovisuais de curta e média metragem de gênero ficção, documentário, experimental e animação e projetos destinado às plataformas digitais. Projetos de filmes em processo de finalização também foram contemplados. As propostas tiveram a liberdade de serem feitas em mídia alternativa, como: celular, tablet e câmeras amadoras, democratizando o acesso.
Na seleção foram utilizados critérios como a relevância cultural e artística, grau de inovação, impacto na formação de público e qualidade técnica. Um esforço coletivo do estado e sociedade, que pode ser melhorado com maior participação da classe artística. É preciso considerar a possível aprovação das Lei Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, que vão vir em boa hora para incentivar a cena cultural.
Os filmes entregues por meio da Lei Aldir Blanc foram: Colheita de Chicória, de Fabrício de Souza; Amazon Make Art, de Jéssiara Lima; Eu sou livre, de Levi Alves; Espelho Cinza, Valdimarley Braga; Eu não sei o que estou fazendo para salvar o mundo, de Roger Junior; Multivíduo Sincrético Glocal, de Éder Santos; Boa Bixa, Roraima e Rainha Buriti, de Tallon Almeida; O que dizer daqui, Anderson Souza; Cadê a água, Luciano Alvarenga (Lula); Ventos do Verão, de Alex Pizano; Rabiola, de Thiago Bríglia; A bici de Ramon, de Benjamin Mast; Nome Sujo, de Artur Roraimana; Ao lado da Estrada, Gresliz Aguilera; Leo, Luli e Duque, de Aline Kefler; A inacreditável história do milho gigante, de Aldenor Pimentel; Eleanor III, Fabrício Souza; Makunaima, a Lenda do Guerreiro, Fonteles e Waismann; Valeu, Boa Vista, Adriana Bencomo; Vanda: História e vida indígena, Donizette Balta; Caburaí, Birding Roraima; Warakan, Farley Santos; Alimentos ancestrais, de Jackillo Cumapa, Viva o arraiá, Agência Balta; Fronteira da memória, de Marcela Uchoa; Filosofia descomplicada, de Pablo Felippe; Poesias para Eliza, de Roberto Vasconcelos; Do lixão à mesa, de Vanusa Ribeiro; Ka Ubanoko, de Ana Montel; Onde nascem os sonhos, de Ana Luiza; Lavradeiros, de Luiz Duarte e; Palasito, Biosphere Records.
Após as entregas dos produtos audiovisuais como contrapartidas exigidas em edital, muitos filmes têm participado de mostras e festivais pelo Brasil e pelo mundo. Obras, como o filme de ficção “Palasito”, sob a refinada direção de Alex Pizano. Palasito vem colecionando boas participações em festivais e este ano honrou o país, sendo selecionado no Festival Internacional The Lift-Off Sessions 2022, no Reino Unido. Nas telas europeias, brilharam as deslumbrantes paisagens do município do Uiramutã, fronteira com a Guiana e Venezuela, em cenas filmadas para a trama telúrica que envolve mistérios geológicos, ganância, ambição, amor e ódio interpretados pelo brilhante elenco, sob profecias e visões xamânicas, que projetam o saber ameríndio.
O curta de animação, realizado pelo jornalista e escritor, Aldenor Pimentel, em parceria com a produtora Platô Filmes, intitulado: “A inacreditável história do milho gigante”, também lidera o ranking de seleções em festivais. O filme ganhou este ano, o prêmio de melhor animação no 6º Festival de Cinema Mundial Indiano, outra honra para o Brasil, desta vez em continente asiático. Com a fina ironia peculiar do escritor, a animação infantil permite reflexões múltiplas sobre as relações de poder, metáfora criada a partir da fauna roraimense para potencializar a crítica autoral.
Ressalta-se anda que, após o fenômeno do incremento da Lei emergencial, gestores culturais do estado têm unido forças e ofertado programações de qualidade no campo da exibição de cinema nos últimos meses. A cena audiovisual tem sido agitada com o I festival Intercultura das Serras (município de Uiramutã), a I Mostra Picuá de Cinema e Literatura (Município de Amajari), a IV Mostra de Cinema do Sesc e a I Mostra Tamuaki de Cinema, as duas últimas realizadas na capital Boa Vista. Tais eventos têm criado a possibilidade de exibição destas obras em diálogo com outros filmes brasileiros, gerando ricos debates, descobrindo novos talentos e renda por meio da economia criativa da cultura. Esse é um momento único para o cinema roraimense que cresce e aparece para o Brasil e para o mundo, rompendo fronteiras e valorizando a cultura ama
zônica.
* Presidente da Associação Curta Roraima, jornalista, sociólogo, mestre e doutorando em Geografia, membro da Mostra Internacional do Cinema Negro e do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Modos de Vidas e Culturas Amazônicas (UNIR). E-mail: [email protected].
Seja você, e só
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Leia todos dos dias alguma coisa que ninguém esteja lendo. Pense todos os dias em alguma coisa que ninguém esteja pensando. Faça todos os dias algo que ninguém teria a loucura de fazer. Não há nada pior para o espírito do que fazer sempre parte da unanimidade”. (Christofer Morley)
Os pensamentos dos outros sempre enfraquecem tanto nosso espírito, e nem percebemos. E por isso ficamos felizes, ilusoriamente, quando saímos para as ruas, gritar pelo que os outros nos disseram para fazermos. Procure sempre nos seus dias, algo que possa enriquecer seu espírito com a evolução de sua mente. E sua mente nunca evoluirá enquanto você ficar guiado pelos pensamentos dos outros. Então cuide de você desenvolvendo seu raciocínio. E você nunca conseguirá isso ficando preso ao negativismo, que é a maior e pior prisão para a mente.
Nunca deixe de escutar, mas só ouça o que lhe convém. Mas você tem que estar preparado para saber o que realmente lhe convém. Não é à toa tantas pessoas que nos pareciam inteligentes estão hoje, no inferno do desencanto, desencantados consigo mesmo. Quando pedir alguma coisa a Deus, lembre-se de que Ele já pôs em você todos os poderes que você tem para conseguir o que necessita e quer. O problema é que você não sabe que tem. E tem muita gente lhe dizendo que você não tem, e você prefere acreditar nos negativistas. E nesse caso está deixando Deus de lado.
Tô brincando, não. Brincadeira é você sorrir disso e continuar marionete dos que continuam dirigindo sua vida, sem você perceber. Faça sempre uma análise minuciosa do seu comportamento diante dos acontecimentos no seu dia a dia. Ler alguma coisa que ninguém esteja lendo não absurdo. Aposto que você tem algum livro que acha que ninguém lê por ele ser esquisito. E a esquisitice está no desconhecimento. Já vi, num filme americano, alguém ridicularizando o Anthony Robbins, por achar que os pensamentos que ele expressa são ridículos.
Vamos nos valorizar sendo nós mesmos. Somos todos da mesma origem e trouxemos e temos conosco, todos os poderes de que necessitamos para viver racionalmente. Então vamos viver nossas vidas sem a interferência dos outros. Porque é assim que amamos. E amar é dedicar amor, e não ficar esperando que os outros nos deem o que já temos de sobejo, para dar. Nunca baixe sua cabeça para nada nem ninguém. Você nunca irá encontrar uma solução, pensando no problema. Então esqueça o problema e busque a solução em você mesmo, ou mesma.
As guerras e pandemias sempre existiram e sempre existirão. E a causa é o desequilíbrio humano. O ser humano está sempre na corda bamba. Pense nisso.
99121-1460