Liderança mudando de patamar e acompanhando a era da Indústria 4.0
Com certeza você já deve ter ouvido falar em empresa 4.0, mas tudo isso se dá devido estarmos passando pela 4ª Revolução industrial e pasmem, depois de todo esse tempo, o interessante é que essa revolução traz como principal foco “as pessoas”, na sociedade e no meio ambiente. Lembrando que estamos presentes no mundo desde a sua criação, ou seja, uma revolução que depois de tanto tempo está dando a real importância aos feitores das revoluções, as pessoas.
Sendo assim as empresas de hoje devem seguir um modelo de liderança 4.0, caso contrário ficarão para trás.
Parece tão óbvio a importância do ser humano em um processo de liderança, mas tornou-se mais importante, eu diria fundamental, depois que abandonamos o modelo puramente INSTITUCIONAL, daquelas empresas rígidas, cheias de normas intransponíveis e onde tínhamos ambientes simples, controlados, previsíveis, lentos e estáveis e o papel do ser humano era apenas executar o que estava escrito e ouvindo muito o mantra “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Graças a Deus isso é coisa do passado, hoje todo e qualquer processo decisório tem como centro “as pessoas”. Saímos desse modelo ultrapassado e passamos ao modelo do INDIVÍDUO CONECTADO, onde a parasitariedade do modelo anterior foi substituído pelo dinamismo de um sistema vivo. Agora temos ambientes complexos, fora de controle, imprevisíveis, rápidos e instáveis, ou seja, algo que somente pessoas bem-informadas sobre os cenários mundiais poderão se adaptar.
Vou exemplificar esse novo modelo com a história de uma recente mudança em uma organização mundial, que estava passando por diversos problemas, como desvios de conduta, corrupção, perda de credibilidade no mundo, prejuízos financeiros, entre outros. O seu líder resolveu pedir demissão, pediu para sair. Estou falando do Papa Bento XVI que tinha um estilo que se assemelha ao modelo INSTITUCIONAL, fechado, carrancudo, onde roupas rebuscadas, poltrona cheia de ouro, moradia em um quarto de mais de 300 m², discursos longos e escritos por uma equipe multidisciplinar representavam a tal liderança pregada por ele. Com o passar do tempo ele descobriu que seu modelo não se adaptava as necessidades da igreja católica naquele momento. Foi então que surgiu o CHICO, isso mesmo o Papa Francisco que de cará mudou várias percepções. Primeiro deixou de morar no Palácio de São Pedro, no quarto de 300 m² e foi morar no Palácio Santa Marta, num quarto com pouco mais de 30 m², os discursos deixaram de ser longos e chatos para se tornarem leves e agradáveis, trazendo as experiências de simplicidade do Papa Francisco. Pediu que mudasse suas vestimentas para algo simples e fácil de vestir (que ele vestisse sem precisar de ninguém para ajudá-lo), pediu para substituir o trono por uma cadeira simples, almoçava ao lado de mais de 400 padres e missionários com o objetivo de se manter atualizado de tudo o que acontece no mundo, ouvindo da boca de quem vive no mundo e ainda, mandou retirar os vidros que blindavam o Papa Móvel. Abriu as portas para relações internacionais com países que nunca estiveram ao lado do Vaticano.
Como lição do Papa Francisco, podemos dizer que ele conduz o processo de liderança com consistência, leveza, agilidade, economia, praticidade e simplicidade. O Chico é um bom exemplo de sucesso nesse novo cenário da Liderança 4.0.
No modelo antigo e estático a empresa funcionava feito uma engrenagem, isolada do ambiente, um relógio, tic, tac, tic, tac, onde o empregado era uma peça da engrenagem, o futuro era igual ao passado. Na medida em que o ambiente foi ficando mais mutante, mais veloz, novidade a toda hora, mudou aquele estilo de CONSERVAR para a necessidade de ADAPTAR-SE. Saímos das EMPRESAS MÁQUINAS (pessoas repetem sem pensar) para as EMPRESAS SISTEMA VIVO (aprendem e evoluem sem parar).
Uma analogia interessante de sistemas vivos é o nosso próprio corpo. Somos sistema vivo na essência. Possuímos sistema respiratório, digestivo, endócrino, ósseo, ou seja, somos um SISTEMA e como o conceito diz: sistema é um conjunto de elementos que trabalham de forma interdependente com um propósito comum, como o nosso corpo. Caso um órgão decrete INDEPEDÊNCIA entraremos em colapso e estaremos fadados a morte, a independência de um órgão é o câncer, há perda de comunicação entre os órgãos, as forças se evadem e perdemos nossa capacidade de reação aos estímulos. Por isso nossas empresas devem funcionar como sistema vivo e não robótico.
Na Liderança 4.0 o estilo de gestão reflete exatamente as analogias feitas acima, e mais, compartilhando e engajando com uma comunicação ampla e assertiva, favorecendo o entendimento de todos. A simplicidade na relação atrai pessoas que antes não se sentiam parte, para pessoas responsáveis pelo resultado. As lideranças seja ela operacional ou estratégica tem como grande desafio o progresso tecnológico e digital que ocorreram nas últimas décadas, que revolucionou mercados, indústrias e serviços.
Na Liderança 4.0 nossas equipes buscam maiores desafios, autonomia e responsabilidades em seu trabalho e os consumidores buscam cada vez mais novas experiências e do desenvolvimento das inovações. Devido a estas mudanças e com a necessidade de atrair e desenvolver estes dois ângulos, as lideranças devem atuar cada vez mais no nível estratégico.
As empresas devem adotar a liderança 4.0, mas devem observar que precisam se adequar, se preparar para lidar com a agilidade das informações, ruídos de comunicação, divergências comportamentais, pressão mercadológica, foco nos resultados sem deixar de lado as pessoas, potencializando-as, compreendendo e investindo em suas equipes. Vale salientar que há muito tempo o termo RECURSOS HUMANOS vem sendo questionado, pois as pessoas não podem ser comparadas a recursos móveis ou imóveis. As pessoas jamais devem ser comparadas com mesas, cadeiras, armários ou qualquer outro recurso que deprecie a imagem do ser humana.
Vamos destacar algumas competências da Liderança 4.0
Saber lidar com as diferenças: compreender a diversidade existente, as culturas e habilidades interpessoais. Agilidade de Aprendizagem e Compreensão: habilidade de se atualizar rapidamente, mensurando experiências conhecimentos obtidos no passado para soluções no presente e futuro. Inteligência Emocional: a capacidade de conhecer e saber lidar com suas próprias emoções, compreender e saber se relacionar com os outros. Decisões Rápidas: compreender o próprio negócio, saber tomar decisões complexas de forma racional, capacidade para responder às mudanças encontrando oportunidades em ambientes de incerteza. Focado em Resultados: saber conciliar a geração de resultados com formação de pessoas, mantendo aumento de desempenho. Focado nas Pessoas: compreender como manter equipes engajadas, reter e desenvolver talentos, saber motivar, desafiar e proporcionar contribuição criativa e proatividade. Habilidades pessoais: saber ouvir e se comunicar, ser flexível e compreender suas limitações e oportunidades de autodesenvolvimento. Gerenciamento de conflitos: os problemas são compreendidos como necessidade de melhoria e aprendizados, contribuindo para maior envolvimento das equipes e compreendendo que a responsabilidade da empresa está em primeiro plano. Aprendem a utilizar os feedbacks de forma constante e positiva. Inovação: São incentivadas as habilidades individuais para que exista maior criatividade e identificação de oportunidades, com aprendizados constantes; Menos hierarquia, mais colaboração: A liderança 4.0 deve conhecer as habilidades e competências profissionais das equipes para garantir que todas as suas habilida
des sejam usadas. O sucesso, em suma, é alcançado quando todas as pessoas formam uma rede de colaboração onde elas investem seu conhecimento. Transparência e conhecimento para gerar valor: O novo perfil de liderança 4.0 cria ambientes em que a troca de informações é favorecida para criar comportamentos proativos. No mundo digital, a informação não é mais um poder reservado para poucos, mas o conhecimento é distribuído para obter valor. Avaliação contínua: As avaliações de desempenho evoluíram para o feedback, ou seja, a troca constante de feedback e opiniões para aprender com os erros e antecipar futuros conflitos. Gerenciamento de mudanças: Na era digital, as organizações estão em constante transformação. A liderança 4.0 deve ser capaz de gerenciar as mudanças profundas a qualquer momento. Conhecimento do mercado e do setor: Para antecipar qualquer desafio, não há nada mais importante do que saber permanentemente como o setor em que estamos está se movendo, quais soluções inovadoras são apresentadas e o que a concorrência está fazendo. Só então a liderança 4.0 estará pronta para qualquer desafio.
O líder que se enquadra no modelo 4.0 deve entender de uma vez por todas que as pessoas são as peças principais de uma organização ou instituição e que caso saiba conduzir o processo, o líder terá um exército trabalhando a seu favor, para a realização dos objetivos e metas traçadas, logo, devem ser desenvolvidos, trabalhados, compreendidos e incentivados de maneira desafiadora para que possa utilizar o máximo o seu potencial, muitas vezes identificados somente após a perfeita interpretação e trabalho de seu líder.
Por fim é importante salientar que nenhuma revolução tecnológica irá eliminar ou minimizar a importância do ser humano no contexto das mudanças mundiais. A tecnologia é uma ferramenta e o ser humano será o seu eterno criador e utilizador.
Por: Weber Negreiros