Os fatos e os números comprovam que realmente nunca faltou dinheiro
Jessé Souza*
“Dinheiro tem, o que falta é gestão”. Essa é a frase que ficará marcada na política roraimense e foi dita pelo ainda candidato ao Governo de Roraima, Antonio Denarium (PP), usada para criticar a sofrível gestão da então governadora Suely Campos, que sequer conseguiu concluir seu mandato, quando o recém-eleito governador Denarium assumiu como interventor federal, em 11 de dezembro de 2018.
Os fatos que ocorreram naquele fim de ano já mostravam que haviam recursos, mas não estavam sendo bem aplicados ou estavam sendo desviados, conforme apontou as operações da Polícia Federal que investigou esquema de desvios de recursos do transporte escolar e do fornecimento de alimentação para o sistema prisional, casos este em que dois deputados eleitos foram presos, mas conseguiram ser diplomados e empossados.
Embora tenha realmente pego um governo quebrado, não faltou recurso, pois o então presidente Michel Temer (MDB) liberou R$200 milhões para que Denarium pagasse os salários atrasados dos servidores públicos, possibilitando que o novo governo recém-eleito começasse com fôlego sua nova administração concedida pelas urnas. Sim, Denarium começou sua administração já minimamente saneado durante a intervenção.
Nas reuniões em Brasília, ainda como interventor, Antonio Denarium chegou a pedir ajuda do Governo Federal para outros setores, especialmente Saúde e Educação, apontando que seriam necessários recursos na ordem de R$500 milhões.
Sob nova administração, quando Denarium assumiu em janeiro de 2019, o Governo de Roraima e os demais estados da Federação receberam todos os repasses constitucionais e os royalties aos quais têm direito. Embora tivesse prometido abrir a “caixa-preta” das contas do governo anterior, isso nunca chegou a acontecer. E nunca saberemos o que realmente ocorreu naquele governo que terminou sob escândalo.
O Estado de Roraima continuou com fartos recursos. Em 2020, os recursos e benefícios federais para o Estado chegaram a R$5,1 bilhões, dos quais R$1,04 bilhões foram de auxílio. A suspensão de dívidas chegou a R$269 milhões. Benefícios aos cidadãos totalizaram R$924.6 milhões. Recursos transferidos para o Estado e os municípios chegaram a R$3,6 bilhões. Na Saúde, incluindo recursos para a Covid-19, foram 365,4 milhões.
Os fatos que ocorreram em 2020, momento crítico da pandemia, revelavam com todas as evidências que realmente havia muito dinheiro na saúde pública, pois foram seguidas as denúncias e operações policiais, uma delas que ficou conhecida mundialmente como o caso “dinheiro na cueca”.
Na época que assumiu como interventor, Denarium divulgou na reunião com o presidente Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que o Estado de Roraima tinha uma dívida corrente em atraso de cerca de R$ 2 bilhões. Neste ano de 2022, o governador passou a divulgar que o Estado atravessou a pandemia economizando e que tinha R$2 bilhões em caixa.
Então, conforme os fatos e números mostram, em todos os tempos e governos que passaram, inclusive no tempo de Território Federal, sempre houve dinheiro, mas não havia administração capaz de trasformar todos esses volumes de recursos federais recebidos em benefícios e bem-estar para a sociedade.
Hoje estamos pagando um preço caro por tudo isso. Porque sempre soubemos que dinheiro sempre teve. Os grandes escândalos do passado recente sempre mostravam isso. O povo é que nunca quis enxergar.
*Colunista