Opinião

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O brilho do ouro versus a vida dos povos indígenas

Sebastião Pereira do Nascimento*

Na busca de lucro rápido e fácil, o homem se anula como ser humano e se entrega ao mundo da destruição. Exemplos clássicos desse mundo maldito, encontramos na atualidade aqui no Brasil, sobretudo na Amazônia: no garimpo ilegal. Atividade hostil que ganhar corpo e alma nas mãos sujas de pessoas obcecadas pelo brilho do ouro onde, os garimpeiros, para obtê-lo, se abstêm do humanismo e, diante de uma conduta animalesca, decretam em alto tom a morte dos povos originários e a destruição do meio ambiente.

Portanto, ao contrário do que apregoa o discurso do atual governo e da classe mineradora, o garimpo ilegal não é atividade exclusiva de homens pobres em busca de sobrevivência. É, na verdade, um sistema financeiro especulativo que envolve uma série de indivíduos altamente capitalizados que detêm o poder de barganha diante dos agentes políticos e o poder de “assanhar” uma categoria de pessoas necessitadas, logo denominadas de garimpeiros.

Assim, enquanto os financiadores do garimpo ilegal se beneficiam da espoliação do ouro e da flexibilização das normas ambientais celebradas pelo bolsonarismo, os garimpeiros (ávidos pelo minério) enfrentam a floresta e os rios caudalosos em busca do ouro, deixando um rastro de destruição ambiental, chegando ao máximo de suas barbáries contra os povos indígenas. Isso tudo com o incitamento do governo federal, liderado pelo próprio presidente da república, Jair Bolsonaro, uma pessoa de alma doentia e de profunda debilidade mental, o qual se utiliza de expedientes perturbados para tratar cuidadosamente de colapsar o país.

Portanto, a indecência e oligofrenia deste governo, vem sistematicamente exortando as pessoas a repaginar suas mais deploráveis idiossincrasias, levando externar seus mais tóxicos sentimentos, bem como revelar o seu lado corrupto e violento (onde têm na arma de fogo o principal meio para dar cabo de seus apetites). Assim, Bolsonaro abriu as portas para aqueles que se sentiam sôfregos a fazer o mal e ser capazes de repetir imoderadamente seus gestos e atitudes sombrias.

O fato é que essas pessoas perderam a capacidade de reagir às imperfeições humanas, deixando aflorar o seu lado demônio, colocando em prática suas mais ardilosas essências. É exatamente assim! Basta um estímulo maior para que as pessoas — aquelas mais fracas — percam a capacidade de lucidez e passem a praticar coisas amorfas, deixando fluir na alma as piores essências humanas. No caso de Bolsonaro, passou de um sujeito mal para um sujeito pior que age inescrupulosamente em favor da miséria, da violência e da imoralidade.

Contudo, Bolsonaro precisa de pessoas semelhantes para legitimar o seu projeto de  Brasil arrasado — ainda que seja um projeto natimorto — onde até ao sepultamento do seu plano terá força maligna para fazer vítimas, sobretudo os povos indígenas, os quais nos últimos anos vêm sendo maciçamente atacados por este governo fascista, que escancaradamente reafirma sua agenda de campanha de não  demarcar nenhuma terra indígena, perseguir as organizações pró-indígenas e além de abrir as terras indígenas para a mineração.

Propósitos nocivos que além dos estragos ambientais, contribuem também para aumento dos bolsões de misérias (uma vez que o garimpo ilegal não oferece benefícios aos povos locais), aumento da prostituição, concentração de renda, conflitos agrários e alto índice de violência, inclusive com abate de defensores de causas sociais e ambientais e, claro, ataques fulminantes aos povos indígenas.

Com isso é difícil dizer algum benefício que a atividade de mineração ilegal traz para a sociedade brasileira. Pelo menos em Roraima, nunca se viu sequer uma escola, um posto de saúde ou qualquer outra ação social com recursos procedentes de garimpo. Ademais, a garimpagem em TIs é proibido pela constituição federal, portanto, todos aqueles que incentivam ou praticam o garimpo em terra indígenas estão agindo de forma ilegal. Além disso, dentro do aspecto legal e moral, não tem como avaliar essa atividade mineradora como de boa-fé, visto que tanto as autoridades públicas quanto os representantes de garimpeiros, sabem da proibição, apesar da prática do garimpo à margem da lei.

Na Amazônia, a mineração se afirma ainda mais agressiva pelo fato das autoridades (estaduais e federais) se ajustarem ao que podemos chamar de conluio para um genocídio previsível dos povos originários, onde os agentes públicos se omitem do dever de controlar, fiscalizar, preservar e cuidar do meio ambiente e da própria população mais pobre, a qual se tivesse outro meio de vida, muitas dessas pessoas que se passam por garimpeiros não se ariscariam à brutalidade do garimpo. Aqui, se nada for feito imediatamente, tudo resultará numa catástrofe irreversível como já se observa nas TIs Yanomami e Raposa Serra do Sol.

Os garimpeiros, no afã de “bamburrar” e dar lucro aos seus “patrões”, sugam o ouro da terra de maneira mais cruel possível, sem se importar com a vida humana, com o choro da floresta e o gemido dos rios. Neste universo, estão incluídos também os financiadores do ouro (nacionais ou estrangeiros) que levam toda riqueza e deixam os garimpeiros apenas com as migalhas e o Estado assolado pela miséria e o desastre ambiental. Por outro lado, se o brilho do ouro sega a mente humana, então aqueles que financiam ou praticam o garimpo ilegal se a Terra fosse feita de ouro morreriam por um punhado de lama.

Concluindo, faço valer o ponto de vista da escritora e jornalista Eliane Brum, quando estabelece que: “Hoje, só gente muito estúpida e muito sem escrúpulos ataca a Amazônia [e os povos indígenas]. Infelizmente para o Brasil – e também para o mundo – um dos humanos mais brutais e ignorantes do planeta é presidente do Brasil, em cujo território está 60% da maior floresta tropical, e infelizmente para o Brasil – e também para o mundo – algumas das pessoas mais inescrupulosas e burras do planeta estão no Congresso brasileiro. Faltam palavras para nomear humanos capazes de colocar sua própria espécie em risco”.

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Filósofo e consultor ambiental.

Nossa, que elegância…

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Ser elegante é não precisar dizer que é, porque se precisar dizer que é, é porque não é”.

         Sou especialista em cair em fria. A Paloma está sempre me metendo numa enrascada. Ontem ela me telefonou me pedindo pra eu fazer, pra ela, uma relação de alguma mulheres elegantes que conheço. Taí uma tarefa muito delicada. Por mais experto que você seja, sempre encontrará dificuldade em elaborar uma lista de deusas. Elas são em número muito grande, mas requer muito critério para mencioná-las. O que você considera uma mulher elegante? Porque ela se veste com elegância? Porque está sempre bem maquiada? Porque está sempre nos eventos elegantes? Sei não. A elegância requer muitos outros quesitos. E se você pretende ser uma mulher elegante, é muito simples. Primeiro queira ser; segundo faça um treinamento muito rígido, mas que não torne você uma garota superficial. Não tente ser elegante; seja, apenas. Isso é o indispensável numa mulher realmente elegante. Você tanto pode estar usando um vestido elegante como pode estar de top, short e boné. Não é seu vestido que vai fazer de você uma mulher elegante, embora ele seja indispensável para sua elegância.

Você nunca vai ser uma garota elegante usando um boné comprado numa barraca de camelô. O cuidado com a qualidade da roupa que usa é muito importante. Mas, mais importante é o cuidado que você deve dispensar a si mesma. Cuidado com sua educação, com sua maneira de rir, de falar, de estar, e de ser. Timbre, tom e a inflexão de voz são muito importantes para a elegância. A maneira de falar, de se postar e, sobretudo, a precisão no linguajar. Nada mais desencantador do uma garota bem vestida e falando incorretamente. Tudo isso é indispensável para que você se torne, ou simplesmente seja, uma mulher elegante. E as mulheres elegantes sempre chamam a atenção pela elegância e não pela empáfia. Portanto, nada de exibicionismo; ele destrói a elegância. Não se preocupe com sua elegância, apenas viva com ela como se ela fizesse parte de sua vida. Porque é isso que é. Mesmo quando estiver só, aja como se estivesse sendo observada. Acostume-se a isso e seja elegante.

Preste bem atenção a coisas aparentemente insignificantes, mas que têm muita importância na elegância. Nunca fique parada num ponto de ônibus ou em qualquer lugar público, apoiada numa perna enquanto a outra está esticada e, normalmente relaxada. É horroroso. Nunca se encoste na parede, ou no balcão, quando estiver numa fila. É um desastre. E acredite, tem sempre alguém observando você. Observe-se também. O importante é que você conheça-se no que você é. Pense nisso.

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