Termelétricas apresentam falhas após linhão de Guri ser desligado

O domingo da maioria da população de Roraima da Capital e interior foi de muito transtorno e sofrimento por causa dos apagões que demoraram horas durante o dia e a noite. Em nota divulgada para a imprensa, a Eletrobras Distribuição Roraima informou que havia solicitado que a empresa venezuelana fizesse o desligamento do linhão de Guri a partir das 7h de domingo. A nota não explica de forma clara, mas subentende-se que esse desligamento programado serviu para testar o parque termelétrico roraimense, instalado justamente para suprir a demanda do Estado em caso de a Venezuela não poder mais fornecer energia.

Porém, por volta das 12h30, a Usina Termelétrica de Monte Cristo, localizada no trecho norte da BR-174, na zona rural de Boa Vista, apresentou falhas, denominadas pela Eletrobras como “problemas no controle de frequência do sistema”, o que provocou o blecaute e, na sequência, “problemas para recomposição do sistema”. Em outras palavras, isso significa que os geradores movidos a diesel, instalados no Estado, não conseguiram manter o abastecimento.

No primeiro apagão, foram mais de três horas sem energia na Capital e outros municípios do interior, das 12h às 15h. À noite, houve mais um apagão, das 18h30 às 20h, deixando vários bairros de Boa Vista e algumas cidades do interior na completa escuridão.  

EXPLICAÇÃO – A população não conseguiu explicações pelo telefone 0800 disponibilizado ao público. A Folha ligou para confirmar a reclamação e também não conseguiu falar com o serviço de atendimento ao público. As ligações não foram atendidas.

Na nota enviada à imprensa, a Eletrobras Distribuição Roraima, responsável pelo abastecimento de energia elétrica no Estado, informou que a interrupção da interligação do linhão de Guri, entre o Brasil e a Venezuela, havia sido programada pela Eletronorte para as 7h de domingo, mas houve problemas para a recomposição do sistema.

De acordo com a distribuidora, após a interrupção, toda a carga em Roraima passou a ser atendida pelo parque termelétrico, e a recomposição somente foi possível após a reenergização da interligação. A empresa informou que foi realizada avaliação sobre os problemas ocorridos e que toda a equipe trabalharia para identificar as causas para que o fornecedor realizasse as devidas correções, evitando que os problemas voltassem a ocorrer. Na nota, a empresa ainda pediu desculpas à população pelo transtorno causado.

TRANSTORNOS – O longo blecaute, que afetou vários bairros da Capital e até alguns municípios do interior, revoltou os consumidores, que afirmaram ter tido prejuízos com a perda de eletrodomésticos e eletrônicos.

A queda de energia, a quinta ocorrida somente este mês, aconteceu justamente em meio a uma onda de críticas enfrentadas pela Eletrobras, que anunciou um reajuste de mais de 40% ao consumidor, que passou a valer a partir do dia 1º deste mês.

A população também não poupou críticas à distribuidora pelas redes sociais. Muitos internautas, inconformados com a falta de energia, ameaçaram organizar protestos em frente à sede da empresa caso o reajuste não seja cancelado. “Nós não temos condições de pagar por uma energia que sequer supre a nossa necessidade. Quem é que teve reajuste de 40% no salário? Não vamos nos calar, os roraimenses não aguentam mais essa situação”, postou um internauta.

Além da indignação por parte da população, o reajuste na tarifa de energia será alvo de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, marcada para o próximo dia 12. O Ministério Público de Roraima (MPRR) entrou com um pedido de suspensão do aumento, alegando a péssima qualidade no serviço prestado aos roraimenses.

Segundo a Eletrobras Roraima, se não aplicar o reajuste de 40,33% ao consumidor, a empresa arcará com um prejuízo de R$ 7 milhões. A concessionária alegou ainda que teria de arcar com o subsídio bancado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).