O Maio Amarelo é o momento para assumir compromissos na melhoria do trânsito
Jessé Souza*
O mês que se iniciou no domingo é dedicado ao movimento “Maio Amarelo”, no qual será desenvolvida a campanha “Juntos salvamos vidas” com a finalidade de chamar a atenção da população para o número elevado de mortos e feridos no trânsito. O momento é oportuno para autoridades de trânsito e gestores fazerem uma grande reflexão.
Há um certo tempo não se vê mais campanha educativa para fazer a população assumir suas responsabilidades na melhoria do trânsito, uma vez que o grande número de acidentes tem na imprudência de condutores seu maior responsável. Até mesmo a faixa de pedestre deixou de ser o símbolo da Capital de respeito ao trânsito, como chegamos um dia a alcançar.
O distanciamento das autoridades para a humanização do trânsito teve seu explicitamento na grande blitz realizada no mês passado, quando optou-se por “arrochar nas multas” em vez de começar por uma ampla campanha educativa e de incentivo ao contribuinte para que condutores regularizem suas documentações antes de dar início a uma ação repressiva.
Da mesma maneira, viu-se vereadores se aproveitando do tema polêmico que se tornou o monitoramento eletrônico nas avenidas da Capital para tentar emplacar projetos que desativam radares eletrônicos, conhecidos como “pardais”, em uma espécie de “liberou geral” com visível intuito de agradar uma parcela da população.
Da mesma maneira que não se pode admitir uma “indústria da multa”, também não se pode defender um “liberou geral” nas fiscalizações, ainda mais em Boa Vista de ruas largas para os imprudentes que se sentem livres para agir nas principais vias centrais, tendo a Avenida Ville Roy como exemplo dos irresponsáveis que a transformam em pista de corrida nos fins de semana e tarde da noite de qualquer dia.
Passou da hora de nossas autoridades de trânsito e afins fazerem um estudo visando enfrentar nossos principais problemas no trânsito, não só na Capital, como no interior do Estado, com propostas e projetos que possam contribuir para uma melhor mobilidade urbana, inclusive com parlamentares federais dispostos a direcionarem emendas para as obras necessárias.
O desafio não está apenas nos centros urbanos. A situação da RR-205, que dá acesso ao Município de Alto Alegre, por exemplo, consagrou-se há um certo tempo com “rodovia da morte”, onde se misturam imprudência e irresponsabilidade de condutores com precária sinalização, falta de manutenção do asfalto e de engenharia para eliminar pontos de grande riscos em uma estrada sem acostamento.
O Maio Amarelo precisa ser esse ponto de convergência para se apontar os desafios e soluções a fim de superá-los, assim como de despertar para a grande responsabilidade que a população tem para que condutores, inclusive ciclistas, e pedestres assumam sua parcela de culpa e de responsabilidade na melhoria do trânsito.
Fiscalização e multa, sim, mas acompanhadas de educação no trânsito como peça fundamental para melhoria e redução da violência, além de autoridades empenhadas em discutir os problemas e dar soluções imediatas para vias com manutenção adequada, boa sinalização, obras de mobilidade, organização do tráfego e incessante busca pela regularização da documentação de condutores e veículos.
*Colunista