PROJETO RONDON em Boa Vista, à época do Território Federal de Roraima. ___________
O Projeto Rondon foi resultado da ação voluntária de universitários da antiga Universidade do Estado da Guanabara (atual UFRJ), que, em 1967, foram para Rondônia desenvolver atividades para o crescimento daquela região. Na oportunidade, 27 estudantes de diferentes áreas buscaram levar o conhecimento adquirido na universidade para o interior das comunidades amazônicas. Após essa primeira empreitada, a ideia foi institucionalizada em 28 de julho de 1968, através da criação do Grupo de Trabalho Projeto Rondon.
Na primeira fase do Projeto Rondon (1969-1985), as atividades desenvolvidas pela Universidade Federal de Santa Maria/RS –UFSM-, envolveram a participação nas operações nacionais e regionais, assim com a instalação de um campus avançado, ação essa que a UFSM é pioneira no país. As operações aconteciam nas férias – as nacionais em janeiro e fevereiro, e as regionais, em julho. No campus de Roraima, o fluxo de atividades era constante durante o ano todo, havendo, a cada mês, uma nova equipe de estagiários embarcando para Boa Vista como partes das atividades acadêmicas.
Em Boa Vista, à época capital do Território Federal de Roraima, no início de julho de 1969, a UFSM participou de sua primeira Operação Nacional, e em 1º de agosto de 1969, a instituição instalou seu campus avançado em Roraima. “A Universidade levou cerca de três anos para conseguir se estabelecer, sendo que os primeiros alunos que iam para estagiar ficavam trabalhando praticamente como mão de obra para a construção das estruturas”, disse Daiane Tonatto Spiazzi, rondonista, mestranda do Programa de Pós Graduação em Patrimônio Cultural da UFSM e integrante do projeto “Memorial Projeto Rondon”, ligado a Pró-Reitoria de Extensão da UFSM.
Em 04 de agosto de 1969 chegou à Boa Vista, a equipe pioneira de acadêmicos, professores e voluntários da UFSM. Cada equipe permanecia no campus pelo prazo de 30 a 40 dias, com a missão de servir e aprender.
Um grande problema do campus avançado em Boa Vista, Roraima, era a comunicação. A única frequência de rádio brasileira captada era a da própria Universidade, sendo as demais dos países vizinhos (Venezuela, Guiana e ondas de Rádio da Colômbia). Os contatos com a Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, eram feitos através de rádio amador, e com Brasília, pela rádio própria do projeto Rondon.
Outra forma de contato entre as equipes de Roraima e a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria/RS) era durante a troca das equipes de acadêmicos estagiários, o que acontecia a cada 30 dias.
Nos 16 anos de atuação do projeto em Roraima, foram enviados ao Estado cerca de 3.500 alunos e 450 professores, das áreas de ciências rurais, saúde e educação. Os alunos dos cursos de saúde realizaram mais de 300 mil atendimentos. Foram ministrados mais de 150 cursos para a comunidade em variadas áreas.
Na “Fazenda Bom Intento”, localizada na área rural de Boa Vista, funcionaram as atividades de agricultura, pesquisas sobre a região amazônica, pecuária, solo e estudo para manejo de cereais. Também o Projeto Rondon se fez presente nos Municípios de Pacaraima, Caracaraí, Rorainópolis e Iracema.
Mais de 200 profissionais se estabeleceram em Roraima depois de terem estagiado no Campus Avançado. Cerca de 150 casamentos foram realizados entre ex-estagiários e roraimenses.
Em Roraima, as atividades desenvolvidas alcançavam diferentes áreas do conhecimento, com destaque para a atuação dos acadêmicos de cursos relacionados à saúde e a educação. Além dos atendimentos à comunidade, a UFSM oferecia cursos de extensão para qualificação dos professores locais. Os docentes santa-marienses vinham para o campus em Boa Vista, Roraima, nos períodos de férias da UFSM, deixando atividades programadas para todo o semestre. Neste contexto, a UFSM foi a origem para o desenvolvimento de uma universidade local (no caso, a UFRR).
Até o fechamento do campus avançado do Projeto Rondon em Boa Vista, cerca de quatro mil alunos participaram de atividades em Roraima. A sede da UFSM em Roraima fechou em 1985 e a sua ausência se fez sentir quando da necessidade fundamental de se ter em Boa Vista uma Universidade, e isto veio acontecer quando da criação da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em 1989.
A riqueza cultural que o Brasil oferece e que está na memória de qualquer aluno que tenha participado do Projeto Rondon, você acompanha com o trabalho até hoje de médicos, professores, técnicos e demais profissionais que vieram da Universidade Federal de Santa Maria/RS –UFSM, pelo Projeto Rondon, e aqui em Boa Vista, Roraima, permaneceram, como por exemplo a Advogada e ex-deputada federal Maria Helena Veronese; os médicos Alceste Madeira (já falecido), Odete Irene Domingues, o bioquímico Iguatemy Ziegler (chegou à Boa Vista em 17/01/1969, pelo Projeto Rondon e está até hoje), e outros profissionais de diversas áreas da Saúde, Educação, Agricultura e de outras áreas do conhecimento técnico-científico.
O Campus Avançado do Projeto Rondon em Roraima foi coordenado, de 1977 até 1985, pelo professor Ubiratan Tupinambá da Costa (Bira), à época pró-reitor adjunto da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE) e responsável pelas operações do Projeto Rondon na UFSM.
A ação do Projeto Rondon em Boa Vista foi extinta em 1989, e em 1996 surgiu o programa Universidade Solidária, cujas ações eram semelhantes ao projeto precursor.
Em 2005, o nome Projeto Rondon foi resgatado e retomou suas atividades sob a coordenação do Ministério da Defesa. E, no retorno à Roraima, atendeu a população dos Municípios de Pacaraima, Caracaraí e Rorainópolis, realizando trabalhos de ensino-aprendizagem em saúde, educação, agricultura, preservação do meio-ambiente, entre outras atividades socioeconômica para ajudar a prover melhorias para estes municípios.