Jessé Souza

Jesse Souza 13870

O sistema de videomonitoramento que entrou para a lista das mentiras institucionais 

Das inúmeras mentiras institucionais contadas ao longo dos anos, o monitoramento por câmeras como instrumento de combate à criminalidade foi mais um dos engodos que só serviu para consumir recursos públicos e mostrar o descaso das autoridades com o bem-estar da sociedade.  O Estado de Roraima poderia estar servindo de exemplo em tecnologia auxiliando na segurança do cidadão. Mas…

Quatorze anos se passaram desde que foi anunciado, pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), em 2008, o sistema de videomonitoramento com toda estrutura para compartilhar as imagens com as instituições de Segurança, visando auxiliar na identificação de criminosos e no trabalho investigativo da polícia. Até hoje nada funcionou e os equipamentos estão desativados. 

A previsão da Sesp, à época, era de que até dezembro de 2013 a Capital estaria com o sistema completo, inclusive com a montagem de uma sala de monitoramento no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) com a interligação entre as câmeras, inclusive instaladas nas principais avenidas, praças e parques nos bairros da periferia da cidade. Mas era tudo mentira, inclusive, em 2015, o governo de Suely Campos anunciou um projeto de restabelecimento do programa de monitoramento. 

O sistema não apenas deixou de ser implantado como também não houve o menor interesse dos governos subsequentes em manter o plano de manutenção previsto pelo projeto, levando o sistema a ficar inoperante. E tudo se transformou em mais uma mentira institucional que deixou  a população sem um importante instrumento para reforçar a segurança, especialmente nas entradas e saídas da cidade, bem como em pontos estratégicos para inibir a ação de criminosos, os quais sentem-se livres para agir.

A morte da adolescente de 15 anos, que estava desaparecida desde 23 abril, cujo corpo foi encontrado na mata amarrado em uma árvore, poderia ter sido evitada se esse sistema de videomonitoramento estivesse funcionando, pois a garota desapareceu na área central de Boa Vista, entre o terminal de ônibus e o mirante, cujo assassino atravessou a ponte dos Macuxi sem ser importunado ou suas imagens registradas. E assim muitos atos de criminosos poderiam ser coibidos por meio de um serviço de monitoramento.  

Porém, pelo histórico de descaso, a segurança pública não é tratada com a devida prioridade, com os seguidos governos investindo altas somas de recursos com aluguéis de viaturas de empresas de Manaus, desde o tempo do falido programa Ronda nos Bairros.  Enquanto eram feitos remendos e improvisos, o crime se organizou a ponto de desafiar os poderes constituídos. Até o garimpo o crime se apoderou.  E assim entrou para a lista de mentiras institucionais o sistema de videomonitoramento que nunca existiu.  

*Colunista