Jessé Souza

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Um alerta que precisa estar sempre em pauta diante da criminalidade

Jessé Souza*

Diante da criminalidade que se abate sobre o Estado de Roraima, com constantes mortes violentas com evidentes sinais de execução por acerto de conta, é preciso sempre lembrar que o sistema prisional precisa estar na lista de atenção especial por parte das autoridades. Mas os fatos indicam que os anos que o setor esteve sob intervenção federal não foram suficientes para sanar os principais problemas.

As notícias mais recentes vindas de lá são preocupantes. Os policiais penais tinham tudo planejado para uma paralisação nesta quarta-feira, mas uma decisão judicial impediu que a categoria suspendesse as atividades, uma vez que os policiais penais passaram a ser considerados membros integrantes da segurança pública estatal, a partir da Emenda Constitucional 2019, iguais aos policiais militares e civis, portanto, não podem realizar greves ou paralisações.

Os policiais penais querem melhorias de condições de trabalho, entre os quais situações que sequer deveriam estar sendo cogitadas, como disponibilidade de cama e colchões para o descanso durante os plantões. Só aí é possível perceber que o sistema prisional precisa de atenção redobrada,  uma vez que o crime está bem organizado e suas lideranças costumam agir a partir dos presídios.

Nos últimos governos, o sistema prisional foi palco não apenas de horror, com fugas em massa, motim e rebeliões sanguinárias, em uma chacina que alarmou o país. No governo anterior, operações da Polícia Federal apontaram um esquema de corrupção de desvio de recursos destinados para a alimentação de presos, envolvendo o filho da então governadora e de um deputado estadual que acabara de ser eleito, o qual tomou posse e segue no cargo cassado enquanto recorre.

É importante que todo esse contexto seja levado em consideração para não permitir que o sistema prisional fuja novamente do controle e volte a ficar abertamente sob o comando do crime organizado. Se mesmo sob um rígido controle o crime consegue se articular, imagine se os presídios voltarem ao que eram no passado, quando o principal presídio de Roraima se tornou uma “colônia de férias” para bandidos, com a conivência do governo e colaboração de servidores corruptos.

Os corpos desovados nos bairros próximos ao Centro e nas cercanias de Boa Vista podem medir o poder do crime em Roraima. Logo, é necessário que as autoridades tenham o sistema prisional em alerta máximo. Porque o passado bem recente possibilitou que a insegurança chegasse a esse nível que a população enfrenta atualmente, onde os jovens estão sendo mortos ou cooptados para o submundo do crime.

*Colunista