Searle: uma filosofia dos fatos básicos
João Paulo M Araujo
Professor do curso de filosofia da UERR
Seguramente, podemos afirmar que a escola de Oxford foi uma das principais influências na maneira como o pensamento de John Searle foi se estabelecendo em seus anos de estudante de pós-graduação na Inglaterra. A efervescência intelectual daquele contexto foi responsável por moldar grande parte de sua perspectiva filosófica, sobretudo, àquilo que concerne à sua visão da tradição em filosofia. Não é à toa que podemos notar alguns traços característicos de seu pensamento, por exemplo, a linguagem como uma das questões centrais na filosofia. Esta última, acompanhada pelo método de uma análise lógica, embora informal, se comparado com outros filósofos; e por outro lado, um respeito ao pensamento de Frege como sendo um tipo ideal de clareza e estilo presente nos filósofos analíticos desde então. Outra característica marcante no pensamento de Searle é o seu respeito pelas nossas intuições mais imediatas, isto é, o seu respeito pelo senso comum como elemento marcante de seu realismo. Este, por sua vez, está atrelado a um reconhecimento dos resultados da ciência moderna como restrições para uma teorização filosófica enquanto elucubração metafísica idealista, eis um traço marcante de seu naturalismo filosófico.
Esse traço naturalista o conduziu a uma visão mais elementar de suas perspectivas filosóficas. Não tardou muito para reconhecer que a linguagem, mesmo sendo considerada como central em questões filosóficas, estava ela mesma subordinada a um background de capacidades neurobiológicas e psicológicas que sustentam nossos diversos usos de linguagem enquanto organismos vivos. Dessa maneira, apesar de também ser influenciado por Wittgenstein, Searle nunca compartilhou da opinião de que os problemas filosóficos poderiam ser resolvidos, ou simplesmente dissolvidos, única e exclusivamente por meio de alguma terapia linguística. Muito pelo contrário, seus estudos no campo da linguagem acerca dos atos de fala representam apenas um ponto de partida inacabado; neste ponto de partida, outros temas posteriormente vieram a se conectar ao seu pensamento, como por exemplo, reflexões sobre a consciência, o mental, intencionalidade, inteligência artificial, realidade social, racionalidade, Self (identidade pessoal), livre arbítrio e muito recentemente, uma teoria da percepção revisada.
Além do mais, poderíamos afirmar que sempre houve em seus livros e artigos um crescente interesse em questões relativas à matemática, ciência, cognição e comportamento humanos. Searle sustenta que a imagem do mundo que nos é apresentada pela ciência corresponde a um alto grau de certeza acerca de como as coisas são na realidade objetiva. Quando se trata do mundo natural ou objetivo, Searle (1995) defende que o realismo e a teoria da correspondência da verdade são pressupostos fundamentais para qualquer prática filosófica e científica lúcida. Esta visão representa a noção de que sem algumas crenças basilares tal como a crença de que o mundo existe (e mais ainda, que existe independente de minha mente), torna-se impossível avançar em qualquer teoria que afirma que o mundo é rico em fontes de evidências que independem de nós, e que tais evidências podem ser o material para afirmações/confirmações e negações de nossas teorias. Assim sendo, o pensamento filosófico de Searle está ancorado num termo que sintetiza todas estas características de sua filosofia, este termo Searle chamou de fatos básicos. De acordo com Searle (2007), possuímos uma concepção razoavelmente bem estabelecida do universo como, por exemplo, teorias sobre a origem do universo (e.g. Big Bang), que por sua vez, estão aliadas a uma compreensão de um grande número de coisas sobre a estrutura do universo na física, na química e também sobre nossa história natural de um ponto de vista evolutivo.
Diferente da tradição de epistemologia que remonta a Descartes, Searle não vê a questão da natureza do conhecimento como algo problemático. A imagem do mundo apresentado a nós pela ciência já oferece doses de evidências bastante convincentes de que produzimos conhecimento o tempo todo e que esse conhecimento pode ser considerado provisoriamente (portanto, passível de ser falseado) como certo e indubitável dado a sua funcionalidade e utilidade prática no mundo contemporâneo. A cada dia que passa, mais e mais conhecimento é produzido no mundo em todos os campos do saber. Sobre esse aspecto, Searle acredita que é possível unificar campos teóricos aparentemente diferentes como a linguagem, mente e sociedade; isto, por seu turno, permite-nos compreender que toda essa produção de conhecimento só é possível porque pressupomos que a realidade é o terreno sob o qual colhemos nossos frutos. Assim, como o próprio Searle (2001) afirma em um de seus textos, o seu trabalho filosófico se distingue em grande parte dos filósofos analíticos que ainda esboçam preocupações em oferecer respostas para questões filosóficas seguindo as mesmas regras praticadas por filósofos do passado.
O ponto é que Searle nunca pareceu levar a epistemologia tradicional ou o ceticismo muito à sério. A pergunta acerca do conhecimento já nos coloca num horizonte de desafio cético e, por essa razão, não deve ser levada às últimas consequências. Num sentido mais pragmático, Searle (2001, p. 173) afirma que “Os paradoxos céticos têm a mesma relação com o conhecimento que os paradoxos e Zenão têm para o espaço e o tempo; em ambos os casos, eles apresentam puzzles interessantes, mas nenhum dos casos desafiam a realidade dos fenômenos”.
Searle enfatiza que a consequência de uma aproximação epistêmica para os problemas da linguagem e da mente não se deve a uma sobreposição de uma questão ontológica fundamental. Dessa forma, a diferença fundamental entre a abordagem de Searle destas questões filosóficas com o modo como outros filósofos analíticos (e.g. Quine) procedem é que Searle não deriva a ontologia da epistemologia, sua estratégia consiste em fazer com que a ontologia convirja com a epistemologia, reconhecendo seus reinos em distintas ordens de descrição. Outra estratégia criada por Searle nesse contexto, é evitar os jogos de linguagem da tradição filosófica, isto é, Searle toma por garantido que conhecemos alguma coisa, que sabemos que outras pessoas possuem mentes, que entendemos suas palavras e seus atos de fala e que a realidade é publicamente acessível a qualquer pessoa em condições adequadas de entendimento e interação social. Nesse sentido, Searle estaria muito mais próximo de Aristóteles do que de Descartes e por isso suas questões residem mais no âmbito do ontológico do que do epistemológico.
Para resumir, Searle não se vê como parte da tradição epistemológica cartesiana que teria como uma de suas metas superar o ceticismo e fornecer uma justificação epistêmica com base na certeza. A certeza não é mais um critério de justificação do conhecimento humano (ao menos nas análises contemporâneas do conhecimento), sendo este último entendido em boa parte das discussões epistemológicas como uma crença verdadeira e justificada. Pelo contrário, para Searle (2001, p. 173), “é um pressuposto de Background que o conhecimento é possível de alcançar, verificar e avançar; e com base nesse pressuposto, minha pergunta se torna: “Qual é a natureza dos fenômenos conhecidos e como podemos ampliar o escopo de nosso conhecimento?””. Portanto, para Searle, as questões mais imediatas em filosofia sempre foram as ontológicas e não as epistêmicas; quando analisamos as elaborações de Searle sobre a mente ou até mesmo sobre a ontologia social é que percebemos seus pressupostos filosóficos.
Em suma, podemos afirmar que os trabalhos de Searle diferem da tradição filosófica e se aproximam muito mais (com algumas ressalvas) do espírito filosófico praticado por Wittgenstein e Austin, que nos ensinaram que o progresso em filosofia é fragmentado e que, portanto, devemos manter suspeitas de qualquer teoria geral. Entretanto, para Searle, é justamente o interesse nos resultados fragmentados que está a contribuição para uma teoria geral. As explanações de Searle sobre os atos de fala, filosofia da mente, linguagem e realidade social enquanto categorias individuais de explicação, i.e., tudo o que ele chamou de fatos básicos, destinam-se, em diferentes graus, a uma teoria geral. Acredito que o pensamento filosófico de Searle aponta para um sistema onde cada um dos temas discutidos por ele em suas respectivas fases estão de alguma maneira conectados, e apontam para uma unidade filosófica em seu pensamento. Além do mais, o principal conceito por detrás dessa unidade é o conceito de intencionalidade. A intencionalidade está presente nas discussões sobre a linguagem, passando pela filosofia da mente, realidade social, livre-arbítrio, racionalidade e atualmente em sua teoria da percepção. Mas deixemos a intencionalidade para um outro momento.
Por que ser unanime?
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Leia todos os dias alguma coisa que ninguém esteja lendo. Pense todos os dias em alguma coisa que ninguém esteja pensando. Faça todos os dias alguma coisa que ninguém teria a loucura de fazer. Não há nada pior para o espírito do que fazer sempre parte da unanimidade”. (Christofer Morley)
Quando nos sentimos donos dos nossos pensamentos nos sentimos livres. E quando livres não fazemos parte da unanimidade. A dificuldade do ser humano é se saber dono de si mesmo. Que é quando não necessitamos de sair procurando orientações, quando sabemos o que queremos. É simples pra dedéu. Tão simples que não entendemos. Mas vamos entender o que queremos dizer. Somos todos da mesma origem. Mas isso não quer dizer que dependentes uns dos outros. Como racionais vivemos a independência. Mas, como simples animais de origem racional dependemos da caminhada rumo à racionalidade. O que faz com que nos conheçamos como somos. Que somos todos iguais, mas respeitando as diferenças.
Mantenha controle sobre seus pensamentos. Eles são o timão do seu subconsciente. E você é o timoneiro. O que indica que você pode ir no rumo que você tomar. Mas os resultados serão seus, sejam bons ou maus. E é só isso. Você tem todo o poder de que necessita para alcançar o que você deseja. É só acreditar em você, no seu poder e no seu nível de evolução racional. Seja sincero com você mesmo. Não tente ludibriar o cara que você é, tentando mostrar o que você pensa que é. Para sermos o que queremos e procuramos ser, temos que mudar a todo instante. E o Victor Hugo lhe manda o recado: “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos”.
Tudo bem. Agora vamos dar uma caminhada nas lembranças do que já passou e ficou em nossas lembranças. Mas vamos só nas lembranças que nos tragam momentos de alegria. O Laudo Natel também disse: “Saudade é a presença da ausência”. Relaxe, sorria e reviva um momento que lhe tenha trazido felicidade. Com certeza, você vai ser feliz novamente. Porque se você se sentir feliz com a lembrança de bons momentos, e não se ligar nos maus, é porque você aprendeu com os dois. Então procure viver com o que aprendeu de bom.
Não sei onde você está neste momento. Mas isso não importa. O que importa mesmo é que você continue caminhando pelas veredas da racionalidade. Viva seu dia, hoje, com amor, sinceridade, honestidade e muita perseverança. O universo é rico e está à sua disposição. Tudo que você deseja e quer está à sua disposição, na sua mente. É só você acreditar em você mesmo, ou mesma, e ir em frente, mirando sempre no horizonte. A vereda está aberta. Pense nisso.
99121-1460