Cotidiano

Matam-se cinco vezes mais mulheres em Roraima do que em São Paulo

Pesquisa aponta que homicídios de mulheres registraram o maior crescimento no País no período de dez anos

Roraima é o Estado que apresentou o maior crescimento no número de homicídios de mulheres. Foi o que apontou o Mapa da Violência 2015 divulgado na segunda-feira, 09. O estudo, feito pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, mostrou que houve um aumento de 343,9%, em dez anos, no número de assassinatos de mulheres em Roraima.

O Estado foi a unidade da Federação que apresentou a maior taxa de homicídio de mulheres no ano de 2013, totalizando 15,3 por 100 mil mulheres, o triplo da média nacional no mesmo ano. Em 2003, o índice no estado foi de 3,4 por 100 mil mulheres.

Conforme o Mapa da Violência, as taxas de homicídio em Roraima são cinco vezes maiores do que as apresentadas por estados como Santa Catarina, Piauí e São Paulo, que ficaram em torno de três por 100 mil mulheres.

O estudo aponta que, devido às variações em cada Estado, fica difícil analisar uma tendência nacional e que as oscilações devem ser estudadas a partir de circunstâncias locais. Nacionalmente, o número de homicídios de mulheres passou de 3.937 para 4.762, crescimento de 21% na década.

A Rede de Atendimento a Mulheres em Situação de Violência no Estado de Roraima conta com uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), além do Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), que ficam em Boa Vista. A Casa da Mulher Brasileira, que integra no mesmo espaço serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres, está em construção.

DADOS NACIONAIS – Nesta edição, o Mapa da Violência focou a violência de gênero e revelou que 55,3% desses crimes, no Brasil, foram cometidos no ambiente doméstico, e 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde. O País tem uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da OMS que avaliou um grupo de 83 países.

Entre 2006, ano da promulgação da Lei Maria da Penha, e 2013, apenas em cinco unidades da Federação foram registradas quedas nas taxas: Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. A fonte básica para a análise dos homicídios no Brasil, em todos os Mapas da Violência até hoje elaborados, é o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).

O Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil utilizou como dados o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS). Para o cálculo das taxas nos estados, foram utilizados os Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as estimativas intercensitárias disponibilizadas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATA-SUS).

Sociedade roraimense é machista e patrimonialista, analisa sociólogo

O sociólogo Linoberg Almeida atribuiu a violência cometida contra as mulheres no Estado ao machismo dos roraimenses. “Está ficando cada vez mais visível, com o passar dos anos, que a sociedade em Roraima é machista, patrimonialista e patriarcal”, classificou.

Outro ponto citado pelo especialista foi a efetivação de políticas públicas de prevenção a esse tipo de crime. “As mulheres têm procurado mais as instâncias para se proteger. Óbvio que ninguém imaginava um número tão assustador, mais isso é fator de um casamento entre as políticas públicas, o modelo de escola que reproduz esse tipo de violência e o machismo, que tornam a mulher protagonista”, analisou. (L.G.C)