Jessé Souza

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A campanha eleitoral antecipada se tornou um instituto sem ordem

Jessé Souza*

Estamos  na última semana para o início da campanha eleitoral. Porém, os políticos profissionais já estão pedindo voto há muito tempo, alguns inclusive em showmício disfarçado de “prestação de conta” ou mesmo em explícita motociata, a exemplo da atuação do presidente da República em passeios pelo país.  Significa que a legislação eleitoral em vigor não consegue mais impor limites para que pretensos candidatos desconhecidos tenham igual oportunidade de discutir suas pré-candidaturas no mesmo nível isonômico que os políticos de carteirinha, especialmente aqueles com mandato.

Como os profissionais do voto têm não apenas maior poder aquisitivo, mas também recursos do próprio mandato para estar em uma campanha eleitoral antecipada permanente, a internet com suas redes sociais acabaram se tornando um território livre para qualquer um fazer seus próprios meios para uma diálogo – digamos assim – com os eleitores muito antes do período eleitoral.  Se por um lado isso acaba compensando para aqueles sem poder aquisitivo,  por outro tornou-se um grande problema porque não há como controlar isso, abrindo um espaço para que a legislação eleitoral seja questionada para que se faça uma atualização a fim de evitar abusos. 

As redes sociais  tornaram-se uma espécie de território sem lei, onde não há mais limites para pedir votos disfarçadamente ou abertamente, onde os políticos com dinheiro novamente levam vantagem com os impulsionamentos pagos ou por meio de suas assessorias e agências especializadas, que reforçam os algoritmos para chegar na linha do tempo de quem não pediu para acessar esse tipo de conteúdo.  

E tem de tudo explodindo na linha do tempo dos internautas: de políticos salvadores da pátria que o pariu a novatos se colocando como novos arautos da mudança na política partidária.  Enquanto outros estão no interior, nas comunidades indígenas e na periferia da Capital com fartas ofertas e promessas, além de reuniões com brindes e listagem para receber “boca de urna” disfarçado de serviço de cabo eleitoral.  

A situação ficou tão fora de controle, que tem até  pré-candidato desfilando em via pública, para quem quiser ver, com um helicóptero pintado de verde e amarelo, rebocado na traseira de uma carreta, para pedir votos disfarçado de  um movimento em apoio ao garimpo. E da mesma forma que atua nas redes socais há muito tempo, mostrando não só disposição e tempo livre, mas também explícito poderio econômico. Se não representa um abuso de poder econômico capaz de influenciar o eleitor, então é necessário mudar a legislação urgentemente. 

O fato é que a campanha eleitoral tornou-se um instituto sem ordenamento, impondo sérias complicações para uma fiscalização igualmente antecipada a fim de que esse diálogo necessário, antes da campanha, entre a sociedade e os seus pretensos representantes, não se torne  um campo livre para compra de voto, campanha eleitoral antecipada e abuso de poder econômico.  Mas, pelo que se apresenta, não há um freio legal e esse liberou geral será refletido no grande número de ações judiciais em uma guerra partidária paralela ao pleito, em que só os mais fortes mais uma vez vencerão. 

*Colunista