Jessé Souza

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A malandragem que se estabeleceu no Caxambú e que desafia as autoridades 

 Jessé Souza*

O vídeo com imagens de uma câmera de vigilância de uma loja, no Centro Comercial Caxambú, na semana passada, mostrou um ladrão furtando a carteira de uma mulher enquanto ela conversava com dois vendedores ambulantes na calçada, na presença de muitas pessoas. Ninguém fez nada para impedir a ação do meliante, seja por conivência ou por receio de alguma represália. 

O  fato é que faz algum tempo que a bandidagem se apropriou daquele importante complexo de lojas no centro comercial mais importante da Capital, sem que as autoridades de segurança pública tenham feito algo para evitar isso.  Falta de aviso não foi. No dia 14 de julho passado, esta coluna alertou sobre o problema, relatando a sanha de malandros estrangeiros que vendem celulares, cordões e relógios de procedência duvidosa ou mesmo furtados, sem ser incomodados. 

Nem o assassinato registrado naquele centro comercial, cuja vítima foi um desses vendedores suspeitos, em um provável acerto de conta, foi suficiente para que as autoridades policiais passassem a agir para desmontar aquela rede de malandros e outros meliantes que circundam os quiosques à espreita de alguma vítima, como foi o caso daquela mulher furtada na cara dura, na frente de todos, sem que absolutamente ninguém fizesse algo. 

Pelo que se vê nas redes sociais em tempos de ódio, em outros locais bastaria que alguém gritasse “pega ladrão” para desencadear uma reação imediata nas pessoas. Mas ali não. Parece que realmente há uma solene conivência ou um temor de que algo possa acontecer, indicando que ali se estabeleceu uma área dominada pela bandidagem.  E isso requer uma atenção especial por parte da polícia, pois não se pode permitir que Boa Vista perca o controle sobre a violência urbana. 

No artigo de 14/07, esta coluna já relatava que os funcionários e donos de lojas do Caxambú trabalham receosos com a presença de marginais que aplicam golpes e furtos, pois dificilmente passa alguma ronda policial a pé por aquele calçadão, a não ser em viaturas que dão o ar de sua graça com seus agentes aproveitando o ar-condicionado.  Enquanto isso, esses projetos de bandido dominam aquele movimentado setor comercial.  

Não se pode permitir que esses pequenos furtos se normalizem sob o argumento de que isso ocorre em qualquer cidade desenvolvida. Temos um governo que alardeia nas propagandas um programa da Polícia Militar presente na vida da população, mas não é isso o que se vê naquele centro comercial, onde a malandragem se estabeleceu e agora pratica furto mesmo sabendo da existência de câmera de segurança e do intenso movimento de pessoas, na maior natureza.  

Trata-se de uma área central a poucos metros da sede dos poderes constituídos, onde deveria existir um controle absoluto por parte da segurança pública.  Se as autoridades não conseguem impor a ordem no principal centro comercial do Estado, por onde circula parte da elite empresarial, imagine o que deve ocorrer nos locais mais distantes da cidade, onde só se enxerga uma autoridade em tempos de campanha eleitoral.   Algo precisa ser feito imediatamente. 

*Colunista