Jessé Souza

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Após a orkutização, uma nova realidade em curso comandada pelos algoritmos

Jessé Souza*

Quando as redes sociais começaram a ficar populares, no início da década passada, os incrédulos teóricos não demoraram a profetizar que logo tudo isso iria passar, citando como base a morte do Orkut, que chegou a ser tão popular, mas que não resistiu ao tempo.  E muitos torceram o nariz para o Facebook e o Twitter, os mais populares da época, demorando a adotar as redes sociais para os seus negócios. 

O tempo passou, mas as redes sociais não só avançaram como possibilitaram criar uma nova realidade e o surgimento de um novo mercado, com o nascimento dos influenciadores digitais,  incialmente às margens da mídia tradicional, como nobres desconhecido das TVs e jornais.  A partir daí, não se tratavam apenas de redes sociais, com aquela concepção de um Orkut que reunia familiares, amigos, pessoas afins e inibia visitas de gente estranha que aparecia para apenas bisbilhotar a vida alheia. 

Tratou-se da evolução que muitas não acreditavam e, por isso, apostavam na orkutização das novas redes sociais, as quais estão passando por uma nova evolução, a partir de quando começaram a se tornar mídias sociais, em que se misturam entretenimento e fonte de informação, como se fossem os “novos jornais” para quem nunca soube o que é uma banca de revista, onde era possível foliar e comprar jornais, revistas, gibis e palavras cruzadas ou outros produtos impressos. 

Quem não está dentro dessa realidade virtual sente-se excluído de tudo aquilo que é considerado novidade, cujo acesso pode ser feito a qualquer momento e em qualquer lugar, e não mais em horário pré-determinado pelas TVs ou amarrados em atualização de jornal em tempo de postagem. E onde um anônimo analfabeto, com criatividade e inteligência, a exemplo do caso Luva de Pedreiro, pode se tornar uma celebridade milionária seguida por milhões de internautas.

Com as transformações,  não basta mais ter apenas uma rede de contato dentro da bolha.   Não se tratam mais de network. As novas mídias sociais são comandadas por algoritmos, os quais nos empurram conteúdos que não pedimos e os quais não conseguimos controlá-los selecionando os “amigos” dentro de nosso círculo social.  Nossa bolha é furada por Inteligência Artificial (IA) que nos empurra publicações que ganham milhares ou milhões de acessos, nós obrigando à necessidade de aprender uma forma de lidar com isso. Não estamos mais indo a uma banca de revista escolhendo manchete de jornais ou capa de revista. 

A imprensa tradicional corre atrás dos prejuízos, sendo impossível prever o que tudo isso será no futuro, sabendo que nesse bolo  estão os caçadores de cliques, as fake news, os compartilhadores que nada pagam por conteúdo produzido e os espertalhões travestidos de jornalistas, blogueiros e influenciadores.    Se não bastasse a preocupação em sobreviver a esta nova realidade, já está em curso uma nova revolução. 

O dono do Facebook está apostando no Metaverso, em que o real e o virtual se fundem, partindo para uma definitiva transformação que nos sugará de vez para uma outra  realidade.  Então, quem continua torcendo o nariz para os algoritmos e as novas mídias sociais, poderá sucumbir definitivamente  quando o real e o virtual se fundirem. E isso não é uma premonição. É a nova realidade em curso. 

*Colunista