RECONHECIMENTO E GRATIDÃO
O dia que as pessoas entenderem que o respeito a individualidade, ao esforço e a vontade de fazer tem um efeito mágico, teremos empresas mais felizes, mais lucrativas, menos propensas as armadilhas do mercado e pessoas menos tensas e mais criativas. Mas quando isso não existe o ambiente será a pior possível, um verdadeiro atalho para o fracasso.
Gratidão é um sentimento de reconhecimento, uma emoção por saber que uma pessoa fez uma boa ação, um auxílio, em favor de outra. Gratidão é uma espécie de dívida, é querer agradecer a outra pessoa por ter feito algo muito benéfico para ela. Mas nem todos conhecem a força que o simples gesto de agradecer tem em relação ao outro. Nos acostumamos muito a pedir e a agradecer muito pouco. Nos acostumamos a achar que o resultado do trabalho tem que ser egoísta ao invés de compartilhado com as pessoas que ajudaram na conquista. Nos acostumamos no banquete, achar que economizando o cafezinho estamos fazendo um grande negócio. Nos acostumamos a achar que nossa opinião é a única a ser levada em consideração e a do outro sempre será menor do que a dos professores de Deus. Nos acostumamos a reclamar demais e a reconhecer de menos, enfim somos afeitos a viver em função das nossas viseiras usadas ao longo da vida.
O mais impressionante é a miopia dos gestores e/ou superiores que não percebem ou se percebem fingem não ver que esse clima leva as pessoas a se desmotivar, perder o encantamento e a vontade de fazer parte do projeto, pois tudo o que é feito é considerado pouco, quase nada ou mesmo, desmerecido na maioria das vezes.
Quando as pessoas se sentem participantes de um processo que leva a uma conquista – onde todas elas são convidadas a comemorar – a equipe cria uma boa áurea e o time se consolida pelo bom trabalho em equipe e os resultados surgem quase que por gravidade. O ser humano é carente por natureza, ele sabe que as palavras têm poder, mas não tem custo. Vamos a um exemplo: dizer a um colega de trabalho um bom dia, uma boa tarde, boa noite ou mesmo uma pergunta sobre a sua família representa que alguém está cuidando de alguma forma da relação que existe com as pessoas. Não podemos esquecer que passamos maior parte do nosso tempo na empresa e não na nossa casa. Então quem trata o trabalho como um martírio deve repensar se está no lugar certo.
Mas é importante atentarmos e passar a entender que esse comportamento, seja ele nas organizações ou nas relações pessoais é o reflexo da filosofia de gestão ou de atuação, ou seja, o comportamento adotado pelos executivos de uma organização ou instituição ou mesmo um chefe de família serão espelhados em sua equipe/familiares. Portanto se trato meus colaboradores bem, a tendência é que meus clientes também sejam bem tratados, mas caso a forma de tratá-los seja grosseira e com pouca empatia, estou criando verdadeiros sabotadores de marcas que levaram a empresa ao fracasso. E continuando a analogia e levando para a família, vemos nossos filhos reproduzindo exatamente o que eles veem na relação dos pais. Em uma relação harmoniosa formamos pessoas tranquilas e atentas aos cenários, numa relação conturbada criamos pessoas inseguras, medrosas, silenciosas e egoístas.
Na semana passada fui procurado por um amigo que me relatou a seguinte situação: “Passei dois dias virados sem dormir para fazer um ajuste em uma apresentação que me foi pedida de última hora pelo meu superior. Essa apresentação não poderia faltar na visita de uma delegação de investidores na empresa. Fiz o melhor possível, deixei minha família de lado, passei duas noites em claro e quando cheguei ao local, dentro do horário pré-estabelecido, mas dentro das limitações busquei fazer o melhor dentro do possível”. Ao chegar ao local do evento e recebido friamente pelo seu superior que usou a seguinte frase na chegada: “O material está muito ruim e deveria ter sido criado algo mais amplo, infelizmente mais uma porcaria feita”. O desfecho da história pode ser visto por vários ângulos. O primeiro de que o comprometimento que existia por parte do colaborador foi embora. O segundo de que a forma como foi conduzido o encontro entre o superior e o subordinado evidenciou a cultura do medo como filosofia de gestão, que ratifica mais uma vez que o comportamento da equipe é o espelho de quem a comanda.
O mais importante nas conquistas é a forma de incluir as pessoas em todas as etapas. É importante a inserção das pessoas nos projetos, pois você transforma o colaborador em um defensor do projeto, cria vínculo com a empresa, com as pessoas e com os clientes. Não existe obra sem que haja o bom relacionamento entre quem faz o projeto, quem detalha o projeto e quem o executa. Caso esta interação não exista corremos o sério risco de querer começar a obra pelo telhado e o pior por um telhado suspenso em colchões de ar, ou seja, algo inexequível.
Para as pessoas que chegaram longe achando que o mundo se resume a elas, tenho uma notícia, não das melhores. Essas pessoas normalmente têm o perfil de “professores de Deus”, “cavaleiros do apocalipse” ou mesmo “os sabem tudo” e quando você para e analisa, verá algumas características comuns, como o egoísmo, o pequeno ou quase nenhum ciclo de amizades (sinceras e não por interesse), acham que as pessoas vem ao mundo para servi-lo, adotam a gestão pelo medo e não pelo respeito, possuem limitações intelectuais e o pior de tudo isso, a falta de motivação deles mesmos, para aproveitar suas conquistas com qualquer pessoa, inclusive a própria família.
Por isso, é importante entender que qualquer conquista não é feita por um homem só, muito menos pelos que se intitulam “seres superiores”. As conquistas são como a construção de uma casa, precisa de projeto, precisa de gente, precisa de material, precisa de recursos, mas precisa principalmente de união, humildade e respeito pelas pessoas. Quem não sabe o que é respeito, jamais terá a capacidade de exercer plenamente a liderança de uma equipe, pois ainda não aprendeu a se liderar.
Por: Weber Negreiros