É melhor construir ou comprar imóvel pronto?
Norimar Ferraro (*)
O sonho de moradia própria faz parte dos anseios de muitos brasileiros. De acordo com o Censo QuintoAndar de Moradia e o Instituto Datafolha, de 2022, 87% dos brasileiros sonham com a casa própria, sobrepujando a estabilidade financeira, religião e filhos. A partir disso, algumas possibilidades foram desenvolvidas pela sociedade civil, a fim de tornar esse sonho realidade, como o programa federal Minha Casa, Minha Vida (atual Casa Verde Amarela), além do financiamento via bancos privados e, para quem pode, a construção da própria residência. Mas, afinal, é melhor construir ou comprar imóvel pronto?
Do ponto de vista arquitetônico e pensando em um trabalhador de classe média, a resposta é inequívoca, sendo a melhor opção, em termos de valores e planejamento, a construção da própria residência. Além de um menor custo se comparado com o imóvel pronto, significa um investimento com tendência de valorização imediata, a partir da conclusão da obra. No imóvel pronto, não há a personalização que ocorre no projeto e construção própria.
Para exemplificar, fiz um pequeno cálculo com base no bairro Santa Felicidade, conhecida região residencial de Curitiba, Paraná, comparando os valores das imobiliárias para a compra de um sobrado pronto, de um apartamento novo e a compra de um terreno e construção de um sobrado, com metragens em torno de 100 m². Ao comparar, cheguei ao resultado que um apartamento novo custa R$ 8.281,25 por m², um sobrado chega a R$ 5.540,00 por m², enquanto a construção em um terreno próprio fica por R$ 4.697,00 por m² (inclusa a compra do terreno). É evidente que comprar imóvel pronto tem seu custo e o comprador paga mais caro para ter acesso imediato.
A construção da casa própria requer tempo de planejamento, eventualmente alguns anos. Pode-se pensar em adquirir um terreno por meio de um consórcio de imóveis, sem ter que recorrer ao financiamento, que é caro e pode criar uma dívida de décadas. Alguns argumentam que construção é dor de cabeça, mas isso ocorre pela escolha de profissionais não habilitados ou a tentativa de projetar, construir ou administrar a obra por si mesmo.
Para construir corretamente, você deve procurar um arquiteto e engenheiro de qualidade técnica reconhecida, para a realização e aprovação do projeto, obtenção do alvará de construção, e assim todas as etapas da obra ocorrerão sem grandes contratempos. O custo desses profissionais gira em torno de 3 a 5% do custo da construção, que, em julho de 2022, chegava a R$ 2.650,00 por m².
Assim, se você tiver possibilidades e paciência, vale muito a pena adquirir um terreno próprio e investir na construção, que, além de mais econômica, proporciona personalização e um grande poder de valorização.
*Norimar Ferraro é arquiteto e urbanista, mestre em Educação e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Internacional Uninter.
Projetos urbanísticos precisam voltar o olhar para as crianças
Marcellus Campêlo
São cada vez mais raras, nas grandes cidades, as cenas das crianças brincando nas ruas, nas calçadas, subindo em árvores, andando de bicicleta e correndo em parques ou praças. As explicações são as mais variadas. Podemos dizer que os tempos mudaram e os novos hábitos estão mais para os jogos eletrônicos; que os espaços públicos nem sempre são ambientes seguros onde possam brincar tranquilamente; e que os pais estão cada vez mais atarefados, sem tempo para acompanhá-las nas atividades ao ar livre.
É claro que tudo isso pode influenciar, mas é preciso admitir que, hoje, há escassez de áreas verdes e de projetos urbanísticos que levem em conta o olhar das crianças e as necessidades de espaço que possuem. São poucos os bairros que contemplam um aparato com essa finalidade e que atraiam os pequenos para se divertir em grupo, com os vizinhos, amigos e familiares.
A preocupação com os espaços públicos e a forma de ocupação pela população dizem muito das cidades e da qualidade de vida que proporcionam aos seus habitantes. Além disso, estimulam hábitos desde a infância que serão fundamentais para a vida adulta, no desenvolvimento sadio, na visão de mundo e até na assimilação do conceito de sustentabilidade.
É importante dar às crianças opções de lazer e em espaços com áreas verdes, parques, ciclovias, calçadas. Promover atividades que estimulem a separação dos resíduos para reciclagem, por exemplo, a compreensão da sinalização, do respeito ao pedestre e do convívio em harmonia com a vizinhança. Além disso, garantir acesso fácil e seguro ao transporte coletivo nas imediações, e oferecer atividades lúdicas, para o desenvolvimento da criatividade infantil.
Esses elementos todos não são fáceis de incluir nos projetos urbanísticos, mas são necessários, um resgate importante, antes que a única alternativa de entretenimento seja mesmo colocar as crianças na frente das TVs e dos celulares.
Um exemplo interessante, que contempla essa preocupação com a ampliação dos espaços públicos para uso das crianças e das famílias, está sendo desenvolvido no Amazonas, com a implantação do Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+).
Programa realizado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Prosamin+ compreende uma área de 445.596,31 m², passando pelas zonas sul e leste de Manaus. As obras já iniciaram.
O programa reserva 39% dessa área para reflorestamento e para paisagismo, ampliando os espaços verdes da cidade. Prevê, também, ciclovias, passeios e calçadões, reestruturação viária nas áreas de abrangência, construção de conjuntos habitacionais, implantação de dois parques e sete praças. O projeto urbanístico delimita os espaços para transeuntes e para veículos motorizados.
Com o traçado desenvolvido, foi possível implantar uma diversidade de equipamentos e mobiliários urbanos, que permitirão uma variedade de atividades ao ar livre, de esporte, lazer e bem-estar. Dentre eles, estão contempladas a construção de quadras poliesportivas, academia de ginástica ao ar livre, anfiteatro com arquibancada, espaços para artes itinerantes e murais para exploração do grafite.
O projeto também inclui uma praça de alimentação com quiosques e um espaço destinado à montagem temporária de barracas ou carrinhos e diversos brinquedos de usos infantil e infanto-juvenil. Os playgrounds, com área total de 1.495 m², estarão subdivididos em toda a extensão do Prosamin+, com mesas de piquenique, de jogos (da velha, trilhas, xadrez) e de ping pong, gangorras, dinotunel, balanços, escorregadores e área para amarelinha em piso emborrachado. As áreas marginais ao Igarapé do 40, por onde passa, serão dotadas de um circuito de ciclovia de 4.556,40 m², contendo ampla rede de passeios livres de obstáculos, atento aos preceitos de acessibilidade universal.
O projeto urbanístico do Prosamin+ prioriza o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores do entorno. As crianças e adolescentes ganham espaço adequado para se desenvolverem de forma saudável, com opções de divertimento e lazer ao ar livre.
Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin).
Vamos esquecê-la para viver
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Bendita crise que sacudiu o mundo e a minha vida”. (Mirna Grzich)
Ela já se foi e o que resta são retalhos que não conseguem sair de mentes preguiçosas. O que ficou de benéfico está se reciclando. Então vamos pegar o barco do bem e navegar por caminhos ínvios, mas abertos. Nada de ficar alimentando blá-blá-blás sobre o que não foi feito. O que nos interessa são os resultados do que foi feito para eliminar o mal. Vamos abrir nossas mentes para o que queremos de bom, como preparação para as dificuldades que já não nos serão tão difíceis. Esqueça a crise e os resultados negativos que ela nos deixou. Vamos corrigir nosso modo de pensar sobre o mal, e edificar no bem.
O dia, hoje, está me deixando feliz por eu estar vivo e consciente do que sou e do que somos. Porque só os que conseguem sobreviver encarando sem arrufos, os males e as dificuldades, são os que riem sadiamente, dos insultos do destino. O Sol abrasador não está me incomodando com o calor, mas me alegrando com o clarão do dia aparentemente quente. Aparentemente para quem aproveita a vitamina do Sol para fortalecer sua vida. O que indica que não devemos ficar reclamando de tudo que nos parece ruim, quando na verdade é uma lição de vida que deve ser aprendida e vivida.
Sorria sempre, seja qual for o motivo que está pretendendo fazer você chorar. Não devemos esquecer, em todos os momentos de nossas vidas, que os trancos e erros são meros ensinamentos, lições que nos indicam como devemos aprender a viver. Tudo de que necessitamos para ser feliz está dentro de nós. E onde quer que estejamos, somos os mesmos. Rir ou chorar depende de nossa capacidade de encarar o inimigo. Porque podemos fazer do inimigo mero adversário. Depende só de como o encaramos e consideramos suas ações nas atitudes.
Se você ainda está trabalhando nas primeiras horas deste dia, faça do seu trabalho um exercício. E por isso faça-o da melhor maneira que você puder fazer. E se já passou o dia, prepare seu espírito para viver uma noite feliz, para um amanhã repleto de felicidade. E não se esqueça de que você é a única pessoa que pode fazer isso por você. Então faça, e viva sua vida como você merece. Esqueça os dissabores que você possa ter vivido durante o período da crise, seja ela qual tenha sido. Nada é superior a você se você não se sentir inferior.
Espero que continuemos na caminhada da evolução racional. Porque só assim nos prepararemos para encarar as novas crises que, com certeza, ainda nos aborrecerão no futuro. O importante é que nos preparemos hoje, para viver o futuro. E não sabemos como ele será. Pense nisso.
99121-1460