Jessé Souza

Passou da hora de se acabar com as filas da humilhacao no servico publico 14509

Passou da hora de se acabar com as filas da humilhação no serviço público 

Jessé Souza*

Passam-se os anos, entra governo e sai governo, mas as reformas prometidas para melhorar a máquina pública e agilizar os serviços oferecidos aos contribuintes nunca ocorrem. Um exemplo clássico: a vergonhosa fila para tirar Carteira de Identidade, como se ainda vivêssemos naqueles tempos em que não havia tecnologia, submetendo os cidadãos a situações vexatórias.

Outra cena vergonhosa que não muda é aquela enfrentada por pacientes em busca de consulta médica no antigo Hospital Coronel Mota, que até já mudou de nome, mas não mudou a forma de tratar o cidadão que depende do Sistema Único de Saúde (Sesau).  É como se fosse um pesadelo sem fim, enquanto a tecnologia avança, mas não consegue alcançar o método de marcar ou agendar uma consulta médica, aumentando ainda mais o sofrimento de quem já está enfrentando problemas de saúde.  

Se a iniciativa privada consegue informatizar a marcação de um exame oftalmológico por meio de um aplicativo, por que o serviço público não? Ou não há interesse dos gestores públicos e dos políticos de uma forma geral em mudar essa realidade ultrapassada de colocar as pessoas na fila e arquivar papéis em armários de aço enferrujados?  É inaceitável que seguidos governos não consigam fazer uma verdadeira reforma administrativa e digital para garantir melhor atendimento ao público, de forma mais ágil e sem impor mais sofrimento a quem já está fragilizado por sua condição de baixa renda. 

A modernidade permite que uma Inteligência Artificial resolva problemas de clientes de empresas por WhatsApp, mas os governos não conseguem acabar com a burocracia e as longas filas de espera como se ainda vivêssemos na Idade Média, com papeladas infindáveis, gente mal humorada atendendo rispidamente, guichês superlotados e uma grande quantidades de chefes para carimbar e assinar.  E a burocracia se mostra um problema sem fim, consumindo recursos públicos cada vez mais escassos. 

Já passou da hora de acabar com filas para marcar consultas médicas e para tirar identidade.  Elas representam o que há de pior no serviço público roraimense, cujo herança maldita é realimentada a cada novo governo.  Não é possível que um dia possa surgir alguém com a capacidade de acabar de vez com essas filas da humilhação e que possam tornar o serviço público digno de um momento em que a tecnologia avança cada vez mais rápido, enquanto os serviços públicos ainda engatinham em um atraso crônico.  

*Colunista