Cotidiano

‘Não morri porque não havia mais bala’

Testemunha que levou dois tiros do policial militar que cometeu triplo homicídio diz que se fingiu de morto, mas não convenceu atirador

A quarta vítima do policial militar Felipe Gabriel Martins Quadros, de 22 anos, que cometeu triplo homicídio, chama-se Levindo Ferreira, de 55 anos. Ele acabou levando dois tiros na altura do peito e recebeu alta do Hospital Geral de Roraima (HGR) ainda na manhã de terça-feira, um dia após os crimes cometidos. Disse que só não morreu porque não havia mais bala no revólver do homicida.

Levindo Ferreira contou detalhes de como o soldado matou o empresário Ernane Rodrigues, 47 anos, dono de locadora de automóvel, e atentou contra sua vida, no bairro Caimbé, na manhã de segunda-feira. “O cara chegou na frente da casa e só queria saber do filho do Ernane, dizendo que tinha muito dinheiro para entregar a ele e que não poderia pagar no meio da rua. Depois, o Ernane veio e foi alvejado várias vezes. Eu gritei e ele atirou em mim. As balas atravessaram  e tive que me fingir de morto, mas ele sabia que eu estava vivo e disse que eu só não iria morrer porque estava sem balas”, relatou.

O empresário foi morto depois que o policial militar já havia assassinado pai e filha no bairro Pricumã, Eliézio Oliveira, 50 anos, e a fisioterapeuta Jannyele Figueira, 28 anos, por volta das 7h.

Filho de empresário morto diz que não sabe motivação do crime

O filho do empresário Ernane Rodrigues, morto com seis tiros pelo policial militar, concedeu entrevista à Folha e disse que não sabia a real motivação do crime. “Ele [policial Felipe Quadros] chegou a bater um dos carros do meu pai e fez um acordo com ele, só que não cumpriu e meu pai ameaçou denunciar ele na Corregedoria [da Polícia Militar]”, disse o jovem, que preferiu não se identificar.

O rapaz confirmou que o assassino chegou ao local à procura dele. “Não sei por que ele fez isso, não tenho rixa com ninguém, ele sempre foi bem tratado aqui, nunca tive nenhum atrito com ele, sempre que precisou de ajuda, eu ajudei”, comentou.

FAMÍLIA DAS VÍTIMAS – A equipe de reportagem também tentou contato com a família das outras duas vítimas do policial, a fisioterapeuta Jannyele Filgueira e o pai, Eliézio Oliveira. Por telefone, um parente próximo disse que a família ainda estava muito abalada com o ocorrido e que não falariam no momento.

Policial e advogados de defesa não se manifestam

A Folha procurou os dois advogados de defesa do soldado Felipe Quadros, Samuel Almeida e Peter Renor, para que viabilizassem uma entrevista com o militar acusado de triplo homicídio. Por telefone, um deles explicou que, por determinação do Comando-Geral da Polícia Militar, o policial estava impedido de se manifestar sobre o assunto e que eles também só se pronunciariam no decorrer das investigações. 

NAMORADA – A Folha também tentou ligar para a namorada do soldado, Surinami Bastos, que estava dentro do carro na hora dos crimes, mas ela não retornou às ligações nem respondeu à tentativa de contato por meio das redes sociais.  (L.G.C)