Bom dia,
Hoje é segunda-feira (03.10). E as urnas falaram. É claro, haverá contestação dos derrotados de abuso de poder econômico e político, e nalguns casos buscar por culpados. À nível nacional, sem dúvida, os maiores derrotados foram os institutos de pesquisas de intenção de votos. Eles foram criminosos, especialmente os maiores, que na véspera da eleição davam vitória de Lula da Silva (PT) no primeiro turno, com diferença para Jair Bolsonaro (PL) de 15%. Infelizmente, não serão punidos, a não ser que a população resolva desprezá-los, ignorando o que divulgam. Políticos eleitos estarão envolvidos nas negociações para a eleição das mesas diretoras das assembleias legislativas, Câmara Federal e Senado Federal. E muitos estarão empenhados em eleger Lula ou Bolsonaro no segundo turno.
Esperar que a Justiça, mesmo que provocada, venha tentar punir essas arapucas chamadas de institutos de pesquisas, com as raras exceções de sempre, é ignorar que a cúpula do Judiciário brasileiro – Isso ficou claramente explicitado ao longo do processo eleitoral de primeiro turno. Não tem como se negar também a vitória esmagadora de Bolsonaro, que elegeu a maioria dos novos 27 senadores, alguns de sua inegável ligação política e amizade pessoal; como a ex-ministra Damares Alves, o ex-ministro Marcos Pontes, o ex-senador Magno Malta, entre outros.
Aqui em Roraima, Antônio Denárium (PP) venceu, com folga Teresa Surita (MDB), reelegendo-se governador do estado. Ele teve o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro, como aconteceu na eleição de 2018. O governador fez uma campanha correta, vencendo em todos os 15 municípios roraimenses, e muito parceira com o candidato ao Senado Federal Hiram Gonçalves (PP), que também foi eleito, derrotando por larga folga o ex-candidato Romero Jucá (MDB). Denárium deve dar continuidade à forma de governar como fez no mandato que agora está terminando, e segundo suas declarações a Rádio Folha FM 100.3, começa a trabalhar nesta segunda-feira, e agora sem encontrar a profunda crise que o governo estadual atravessava quando assumiu como interventor federal em dezembro de 2018.
DIFERENTE
Quase irmãos federativos, Roraima e Amapá, sempre tiveram os mesmos problemas e as mesmas dificuldades para se livrar dos grilhões que os ligaram por 50 anos ao governo da União Federal, como territórios federais. Foram criados (5 de outubro de 1998) e implantados em 1º de janeiro de 1991) e quase sempre do ponto de vista institucional sempre foram tratados como iguais. De qualquer forma, do ponto de vista político e ideológico, Roraima e Amapá são diametralmente opostos; aqui os eleitores e as eleitoras roraimenses sempre elegeram políticos de direta para o governo e para o Senado Federal; os amapaenses quase sempre elegem gente de esquerda. Agora, por exemplo, enquanto Bolsonaro teve em Roraima maior vitória proporcional (70% dos votos válidos; no Amapá, Lula da Silva (PT) levou pequena vantagem – 45.67% a 43,41%-, sobre Bolsonaro.
VERMELHO
Outra verdade que se mostrou nítida nestas eleições gerais é que o Nordeste brasileiro é vermelho de esquerda. Lá, Bolsonaro perdeu em todos os estados para Lula, por larda maioria que nalguns casos chegou a quase o dobro. Os eleitores e as eleitoras nordestinos também elegeram governadores dos estados, e grande número de senadores de esquerda. Essa votação foi a responsável pela diferença, cerca de cinco pontos percentuais, de Lula sobre Bolsonaro no resultado final da eleição em primeiro turno. Decididamente, os nordestinos oscilaram do antigo coronelismo de cabresto para o esquerdismo populista com força inquestionável do petismo de Lula.
MUDANÇA?
Na análise fria dos números a mudança na bancada de deputados federais de Roraima teve uma renovação quase total. Dos oito anteriores apenas dois – Jonathan de Jesus (Republicanos) e Antônio Nicoletti (União Brasil)-, voltam para Brasília. Seis são novos cristãos em política: Duda Ramos (MDB), que é construtor de obras públicas e marido da deputada federal Shéridan Oliveira (PSDB); Stélio Dener (Republicanos), defensor público estadual; Maria Helena (MDB), empresária do setor de transporte e de aviação; Zé Haroldo Cathedral (PSD), empresário e filho do atual deputado federal Haroldo Cathedral; Albuquerque (Republicano), militar da reserva e atual vereador em Boa Vista, eleito com apoio do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE, Soldado Sampaio (Republicano); e Pastor Diniz (União Brasil), pastor evangélico.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Na Assembleia Legislativa do Estado, o índice de renovação do ponto de vista relativo não foi pequeno. Dez, dos 24 parlamentares não conseguiram reeleger-se, o que dá um percentual de 42%, em números redondos. Dos novos eleitos, a maioria não tem experiência política/parlamentar, mas quase todos com forte ligação com políticos que faz muito tempo militam na política roraimense, o que parece indicar que organicamente, o Parlamento Estadual continuará governista como tem sido nas últimas legislaturas. Aqui, com certeza já começaram as negociações para a eleição da Mesa Diretora, da instituição; e o atual presidente Soldado Sampaio (Republicano), o mais votado na eleição, sai como o nome mais forte para continuar na presidência.