Jessé Souza

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A preocupante situação da criminalidade a partir da fronteira Norte

Jessé Souza*

Uma imagem de total relevância ao contexto atual da criminalidade que toma conta do Estado foi publicada ontem, em uma matéria na Folha, mostrando o Posto de Fiscalização no Município de Pacaraima fechado, na fronteira com a Venezuela. A matéria ilustrada pela foto está sob o título “Sem verba, Força Tarefa de Segurança corre risco de acabar em Roraima”, cuja fonte é um policial revoltado com a situação.

 A tradução para aquela foto é: enquanto o crime organizado age em Roraima, com uma facção venezuelana atuando a partir da fronteira, as autoridades permitem que o Posto de Fiscalização em Pacaraima fique fechada e sob ameaça do fim da Força Tarefa de Segurança, quando seu mais importante papel é coibir o avanço da criminalidade diante da imigração desordenada que vem da Venezuela.

A partir desta denúncia levada a público por um policial, é possível perceber como o Governo do Estado e o Governo Federal negligenciam a séria questão da segurança pública em Roraima, uma vez que o Ministério da Justiça confirmou que “não houve formalização de pedido de custeio para integrantes da Força Tarefa” e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) tenta remediar alegando que a Força Tarefe “continua atuando com efetivo reduzido em Pacaraima e Boa Vista”, enquanto a verdade dos fatos mostra um posto de fiscalização fechado.

Inclusive,  conforme a matéria, o Ministério da Justiça ainda alega que a FT pediu apoio financeiro somente para a compra de equipamentos, mas que a solicitação foi atendida apenas parcialmente. Ou seja,  confirma a falta de interesse em fortalecer a fiscalização na fronteira a fim de evitar que o crime fortaleça suas ações, além de o governo estadual não fazer qualquer esforço para manter esse trabalho, como se fosse um “tanto faz” o posto fiscal estar funcionando ou não.

É um fato preocupante diante da expansão da criminalidade em Boa Vista, com a ação de uma facção venezuelana que disputa território ou acertando contas assassinando imigrantes com os corpos dos compatriotas desovados dentro da cidade, mais precisamente nos bairros São Vicente, 13 de Setembro e Calungá, nas imediações dos abrigos, o que demonstra a ausência de qualquer medo das autoridades policiais.

A fronteira Norte do Estado deveria receber status de prioridade máxima por parte da Segurança Pública nos dois níveis de governo, pois, enquanto o Estado de Roraima aumenta seu Produto Interno Bruto (PIB) exportando alimentos e outros produtos para a falida Venezuela, aquele país devolve criminalidade, armas, drogas e bandidos faccionados, além de o garimpo ilegal de lá estar interligado com o garimpo ilegal do lado de cá. Isso sem contar com a fronteira aberta para a imigração desordenada.

Por isso que o fechamento de um posto de fiscalização, com o enfraquecimento da Força Tarefa de Segurança (senão o seu fim), se reveste de uma preocupação de alta importância. Afinal, a geografia do crime tem se ampliado por toda fronteira da Amazônia brasileira, enquanto as autoridades de segurança sequer mostram-se preocupadas com uma força tarefa que tem exatamente a função de combater os crimes transfronteiriços. É uma grave e preocupante situação.

*Colunista