Cotidiano

RR já registrou 39 casos de suicídio apenas de janeiro a outubro deste ano

Número surpreende porque é 40% maior que no mesmo período do ano passado, quando 27 pessoas tiraram a própria vida

O número de suicídios em Roraima subiu 40% durante os dez primeiros meses de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado. O Instituto Médico Legal (IML) registrou 39 casos de pessoas que tiraram a própria vida, contra 27 ocorrências em 2014. Os dados levam em consideração apenas as mortes ocorridas especificamente por enforcamento. O perfil das vítimas, na maioria dos casos, trata de pessoas jovens com idade de 15 a 30 anos do sexo masculino.

De acordo com o levantamento de perícias realizado pelo IML, em 2015, o mês de setembro foi o que registrou o maior número de suicídios, com seis casos.

Janeiro, fevereiro e abril tiveram cinco ocorrências, cada. Oito pessoas tiraram a própria vida em março e maio, quatro em cada mês.  O mês de outubro registrou apenas um caso.

NÚMEROS – Segundo o Centro de Qualidade de Vida (CQV) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Roraima está em segundo lugar no ranking de morte por suicídio no Brasil, atrás somente do Rio Grande do Sul. O país é o oitavo entre os de maior número de suicídios registrados, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 800 mil pessoas se suicidam todos os anos no mundo, ou seja, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, uma cifra maior que as vítimas de guerra ou de catástrofes naturais.

Em 2014, no Brasil foram registradas 11.821 mortes por suicídio, sendo 9.918 de homens e 2.623 de mulheres, uma taxa de 6% para cada 100 mil habitantes.

Depressão é uma das maiores causas

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 21% dos brasileiros de 14 a 25 anos têm sintomas indicativos de depressão. Na população de adolescentes e jovens adultos, quase um em cada dez já pensou, em algum momento, em tirar a própria vida. 

Para a psicóloga Letice Lima, para identificar o que leva uma pessoa ao suicídio, é preciso fazer um levantamento de todo um histórico da vítima. “Não conseguimos mensurar, exatamente, o que leva o ser humano a fazer isso. É preciso conhecimento sobre o histórico dessa pessoa. O fato é que a dor emocional é tão grande, que ela prefere ter certo extermínio dessa dor a ter que conviver com ela”, disse.

Conforme a especialista, a depressão, tida como uma das principais causas do suicídio, é uma doença que mata pelo abandono da própria pessoa. “Ela se abandona fisicamente até morrer. É preciso entender em que nível de depressão essa pessoa está, porque às vezes é tão profunda que não tem forças nem para tirar a vida”, explicou.

Em casos como esse, a psicóloga destacou que o papel da família pode ser fundamental para evitar a tragédia. “Às vezes, o adolescente, por exemplo, não está forte emocionalmente e acaba se fragilizando. É preciso que a família perceba isso e procure ajuda de um psicólogo ou terapeuta”, frisou. (L.G.C)