Faltam quatro dias para a votação da eleição presidencial no segundo turno. O pleito caminha para o final sem muita novidade e com aparente ausência de entusiasmo por ambas as campanhas. Como quase durante toda a campanha essa reta final continua sem a apresentação de propostas pelos dois candidatos para o enfrentamento das dificuldades pelas quais o país atravessa e por isso os dois candidatos trocam acusações políticas e pessoais que parecem não surtir mais efeitos no crescimento da rejeição de ambos. No mais, as promessas para atrair o eleitor/eleitora não ficam restritas a benefícios que seguramente não serão cumpridas no seu conjunto.
Lula (PT) centra suas críticas ao adversário no desempenho pessoal do presidente da República, responsabilizando-o por uma contabilidade criada pela novel aliada Simone Tebet (MDB), criada no Senado Federal durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid19, que chegou a conclusão, não se sabe por quais métodos, de que pelo menos 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas, se Bolsonaro não tivesse assumido uma posição tão negativista frente à pandemia. O petista também centra suas críticas nalgumas imagens que certo seguimento da imprensa tradicional criou sobre o adversário entre elas a de misógino, racista, autoritário, entre outras coisas. No contraponto, o ex-presidente promete de tudo para tentar conquistar eleitores a partir de uma ideia irreal de que é possível criar um país igual e de mesa farto num passe de mágica.
Bolsonaro (PL) tem usado neste segundo turno os bons números recentes da economia brasileira, principalmente a queda nos índices de inflação – com taxas inferiores aos países do primeiro mundo-, e do desemprego, que já está por volta de 8%. O presidente mostra também a expectativa de desempenho do crescimento da economia brasileira, que projeta para este ano um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com taxa maior que a maioria dos países do G-20. Bolsonaro também exibe os números do programa Auxílio Brasil, com alcance muito maior e valor quase três vezes superior ao da Bolsa Família, o programa assistencial dos governos petistas. A campanha da reeleição do atual presidente quer fazer contraponto para as promessas do adversário, convencendo o eleitor/eleitora de que já faz o que o outro apenas promete.
SALÁRIO MÍNIMO
Dentre as promessas de campanhas feitas por Bolsonaro e Lula, uma parece que se realizará independente de quem vencerá o pleito. O petista saiu na frente, ao garantir que em seu eventual governo o Salário Mínimo vai ter crescimento anual acima da inflação, como garantia aumentar a capacidade de compra daqueles que trabalham com remuneração baseada nele. Bolsonaro, depois de ouvir seu ministro da Economia Paulo Guedes – que parece decidido a permanecer no posto numa eventual vitória de seu chefe-, também diz que dará aumentos reais ao Salário Mínimo. Ambos os candidatos não dizem quase serão os índices de crescimento que será aplicado nos reajustas.
QUASE TODOS
Conhecedor das profundezas dos bastidores da política local, o ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse em entrevista ao uma televisão paulista que poucos políticos no Brasil podem dizer que nunca caminhou politicamente ao lado do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que recentemente protagonizou aquela cena dantesca de trocar tiros com policiais federais ao resistir a uma ordem de prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais. A campanha de Lula tenta ligar Jefferson a Bolsonaro, esquecendo que foi o ex-deputado federal quem denunciou ao próprio então presidente da República as falcatruas do Mensalão. Jefferson era assíduo frequentador do Palácio do Planalto na gestão petista.
VIDEOCONFERÊNCIA
Por videoconferência, o governador Antônio Denárium (PP) conversou, ontem, com o presidente da República Cooperativista da Guiana (Irfaan Ali) e com a primeira-ministra de Barbados (Mia Amor Mottley). Na pauta da discussão, o aprofundamento das negociações já em curso para que Roraima possa ser transformado num polo de produção de alimentos para abastecer os dois países, ambos em franco processo de crescimento das respectivas economias. Também participou da conversa o presidente do Banco Africano de Importação e Exportação, Benedict Oramah. O ex-secretário estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, Aluízio Nascimento, um entusiasta dessa possibilidade, foi que informou a Parabólica da videoconferência.
DEMITIU
O ministro Alexandre de Morais, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), demitiu, ontem, o funcionário Alexandre Machado, que era até aqui o responsável pela distribuição da propaganda dos candidatos no horário gratuito de rádio e televisão. A demissão ocorre em meio às denúncias, com provas, da campanha do presidente Jair Bolsonaro de que dezenas de centenas de inserções do candidato deixaram de ser veiculadas em rádios, especialmente no Nordeste, região em que Lula da Silva venceu o presidente por larga maioria. O problema é que os efeitos desse crime parecem irreversíveis. E agora?