Opinião

Opiniao 14857

A “Eugenia Social” no contexto político brasileiro atual

*Abraão Jacinto Pereira

O conceito Eugenia é tido por alguns estudiosos como uma filosofia social, ou seja, uma eugenia social cuja filosofia teria fins de organização da sociedade. Esse conceito não aceito universalmente debate com o conceito de Eugenia como seleção artificial de pessoas.

Vale ressaltar que desde Francis Galton (1883) que buscava em seu conceito manipular a genética humana para melhorar gerações futuras. Passando por momentos histórico marcantes como o caso Carrie Buck em (1927), a Alemanha Nazista e pelo Boletim de Eugenia do brasileiro Renato Ferraz Kehl, todos esses fatos históricos construíram pensamentos, ideologias, doutrinas e ciência que modelaram a sociedade para o “bem” e para o “mal”. Como afirma o filosofo naturalista George Santayana em sua obra A vida da razão (1905) “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. Assim prefaciamos com esse referencial histórico para podemos discutir a eugenia social na vida sociopolítica atual no Brasil.

No atual cenário político polarizado, é percebível como cada lado é classificado e descrito por si e pelo opositor, contemplamos diariamente o que o sociólogo americano Howard S. Becker (1928- ) descreve que “nossa identidade e comportamento são determinados pela forma como somos descritos e classificados. Atualmente vimos que cada lado faz uma seleção social de quem é de fato militante de cada ideologia. Não é questão de ser positivista ou marxista, a cor, o status social, a descendência, as crenças, e até mesmo opção sexual são fatores determinantes pra alguém apontar o dedo e dizer aquele é de esquerda ou de direita. Isso reafirma o que o sociólogo afro-americano Wiliam E. B. Du Bois (1868-1963) descreve que “O problema do século XX é o problema da linha da cor”.

Uma parcela hoje é “massa de manobra” daqueles que detêm o poder ideológico, esses são tais não por que escolheram ser, mas por sua descendência cultural e filosófica, como afirma o filosofo Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) “O tipo de filosofia que se escolhe depende do tipo de pessoa que se é” o tipo de pessoa que se é depende de dois fatores, da formação histórica familiar ou da rebeldia.

Mesmo com dezenas de partidos políticos o Brasil atual se define por aqueles que defende A ou B, e não por ideologias especificas de cada seguimento partidário. Há ambientes em que você pode ser segregado para a marginalidade ou selecionado para uma elite por ser defensor ou opositor de X ou Y. lugares onde deveria reinar a harmonia de pensamentos, como as escolas e universidade, e os centros religiosos. Daí surge a necessidade de discutirmos mais liberdade de pensamento como meio de justiça social, e não como meio de justificar as fakes news, como declara Boaventura de Souza (1940- ) “Não há justiça social sem justiça cognitiva global”.

Aqueles que apontam ao outro o caracterizando de ser de lado A ou B, ou quele que se identifica com alguém pelo simples fato de ter característica da maioria que ele segue está alimentando uma coerção social numa espiral onde como diz o sociólogo marxista Michael Burawoy (1947- ) “O consentimento espontâneo combina com a coerção”.

Apontar o outro como tal por simplesmente ter uma característica de um grupo que defende uma ideologia, se adequar a um lugar pelo simples fato de ser cômodo mesmo que não combine com suas crenças e ideias, julgar preconceituosamente o outro por pensar ou agir diferentemente de você e achar tudo isso normal e aceitável é um fator marcante de indícios de eugenia social, por que havendo tudo isso significa que já começou nessa sociedade o que a filosofa existencialista Hannah Arendt (1906-1975) chamava de “A banalidade do mal”. Hannah Arendt escreveu isso por ter testemunhado e analisado o julgamento dos nazistas. E assim como no passado hoje tudo pode acontecer, desde que levemos as coisas a tal normalidade ao ponto de banalizar o mal. E aí chegaríamos ao que o sociólogo José Ortega y Gasset (1883-1955) descreveu que “a vida é uma série de colisões com o futuro”. Daí a importância de conhecer o passado e refletir sobre o presente, como afirma Georg Hegel (1770-1831) “A realidade é um processo histórico”.

Nada que aconteça hoje é novidade ao ponto de nunca ter tido uma raiz no passado, o que devemos fazer hoje mesmo que como e formiga é o que Willian James (1842-1910) tentava despertar ao dizer que “aja como se o que você faz fizesse diferença” guiados por essa frase  podemos ter força pra lutar mesmo quando o “vento” não favoreça, fazendo disso um hábito, como dizia David Hume (1711-1776) “O hábito é o grande guia da vida humana”. Assim poderemos superar essa eugenia político-social da atualidade.

Prof.º na Rede Pública Estadual de Ensino de Roraima. Mestre em Educação com ênfase em Educação do Campo e Interculturalidade (UERR). Especialista em Sociologia e Filosofia (UCAM). Licenciado em Educ. do Campo com habilitação em Ciências Humanas e Sociais (UFRR).

Investimento prioritário

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Vamos investir primeiro em educação, segundo em educação, terceiro em educação. Um povo educado tem as melhores opções na vida, e é muito difícil que os corruptos mentirosos os enganem”. (José Mojica)

Enquanto não entendermos que todo o alicerce da sociedade está na educação, não seremos nem mesmo cidadãos. E está difícil pra dedéu entendermos isso. Um povo educado se sente seguro para o futuro. E segurança para o futuro não temos e não teremos enquanto não entendermos que tudo está na educação. E educar não é só ensinar a ler e escrever. E essa ideia de basta ensinar a ler e escrever, vem alimentando as cabeças de administradores, há séculos. O mundo está fundido no cadinho da desordem. Pensamos em tudo, menos em educação.

O José Mojica também disse: “Ser livre é gastar a maior quantidade de tempo de nossa vida com aquilo que gostamos de fazer”. E só quando entendermos isso é que iremos entender que a educação é o necessário para fazermos e vivermos o melhor que pudermos fazer. Fica entendido. Vamos nos preocupar mais com a educação dos nossos filhos e netos. Porque é na educação dos nossos netos que iremos avaliar a educação que demos aos nossos filhos. Então vamos nos educar para podermos viver o futuro que será dos nossos descendentes.

Ainda no início do século passado, o Gibran Khalil Gibran nos mandou esse recado: “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, e não de vós. Embora vivam convosco, não vos pertencem”. Outro aspecto da educação que ainda não alcançamos. Ainda, infelizmente, a maioria dos seres humanos ainda vê os filhos como seus objetos. Ainda não entenderam que devemos orientar nossos filhos, mas não os dirigir. E isso porque: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”.

Vamos nos centrar mais no futuro porque é lá que iremos viver o mundo dos nossos descendentes, na ilusão que estamos vivendo o nosso mundo. E nada de desespero. Apenas nos concentremos na nossa tarefa de educar educando-nos. Vamos parar de ficar gritando, de braços dados com nossos filhos, pensando que estamos dirigindo-os para o melhor. O caminho deles será escolhido por eles, de acordo com a educação que lhes demos. Então vamos lhes dar o melhor, fazendo, hoje, o melhor que pudermos fazer. E isso depende de nossa educação como pais. E sempre podemos fazer o melhor no que fizermos. Estamos sempre na marcha para o horizonte da vida. E este é inatingível. Mas não devemos desistir. Sempre em frente, fazem o melhor, de cabeça erguida. O poder está com você. Pense nisso.

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