Grand finale.
Um questionamento que sempre me fiz, é se alguém morre feliz. Faço essa pergunta para pessoas de diferentes linhas de pensamentos, diferentes credos, variadas classes sociais ou grau de escolaridade. Quase a unanimidade responde que “não”. Por mais que a vida seja pauleira e pauladas ninguém quer ir embora. Ninguém parte feliz. Sempre acha que não está na hora de partir. Talvez porque não sabemos o que nos espera do outro lado. Mesmo para os crédulos e religiosos que acreditam que ao morrerem têm um céu reservado, quando têm que enfrentar a libitina, trem em. Melhor ir prorrogando sua estadia por aqui mesmo, neste mundo caótico.
Em entrevista recente ao jornal OGlobo, do RJ, a publicitaria Flávia Pedras, última companheira de José Eugênio Soares, o fenomenal Jô, descreveu os últimos dias do humorista antes de partir. Segundo Flavinha, como Jô carinhosamente a chamava, disse: “Os momentos finais de Jô foram uma beleza sem fim”.
A entrevista foi concedida três meses após a morte do multifacetado artista.
Na ocasião de sua morte, 05 de agosto, uma sexta-feira, escrevi uma carta para o mesmo jornal, OGlobo, exaltando a maneira como Jô escolhera viver. Para Jô a vida era uma festa. Ele sempre me chamou atenção pelo modo de como soube aproveitar as boas coisas da vida. Caro leitor, amiga leitora, você dirá: “Ele tinha muito dinheiro, era fácil viver com o que a vida tem de melhor”. Permita discordar, pois conheço gente que tem muito dinheiro, e não usufrui das boas coisas da vida: viagens, comidas, bebidas, sexo, cultura.
Na entrevista ao OGlobo, Flavia Pedras abriu o coração sobre a relação com Jô Soares, com quem foi casada por 15 anos e de quem se tornou a principal herdeira. Antes Jô Soares fora casado com Teresa Athayde, filha de Austregésimo de Athayde, com quem teve o único filho, Rafael. E, com a atriz Sílvia Bandeira.
“… a gente gostava de gostar um do outro. A gente tinha coisas para trocar, é isso. Nunca nos desinteressamos do que um tinha para dar ao outro”, contou Flávia.
Ela revelou que o apresentador, falecido aos 84 anos, não se desesperou ao perceber a iminente finitude da vida.
“O estado de afiada consciência e a inesperada completa perda do medo de morrer foram de uma beleza sem fim.”
Flavia se diz surpresa com as descobertas após a despedida a Jô. “Estou chapada com a quantidade de gente que tem aparecido para me contar alguma coisa boa, alguma ajuda, de todos os tipos, e que nem para mim ele tinha contado. O Jô, definitivamente, escolheu o bem.”
Somente as pessoas que entenderam o real sentido da vida, efêmera e fugaz, têm a capacidade de usufruí-la da melhor maneira até o final. Isso é libertador.
Sabedor de sua fragilidade, Jô optou por ficar em seu espetacular apto de 700 m, no bairro de Higienópolis, SP, cercado de pessoas de sua confiança e da presença da ex-mulher e eterna amiga Flávia, assistindo filmes noir, lendo, ouvindo música.
Só quando a saúde deteriorou foi transferido para o hospital Sírio-Libanês, onde morreu. Até a forma como foi comunicada a morte de Jô por Flávia nas redes sócias, nas primeiras horas do dia 05 de agosto, foi elegante e à altura do morto.
“Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo.”
“Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores. Amor eterno, sua, Bitika.”
Flavia e Jô foram casados por mais de uma década e, em uma entrevista, o apresentador chegou a declarar que foi uma “separação que não deu certo”, pois os dois estavam sempre juntos. Há seis anos Flávia Pedras é casada com a cantora Zélia Ducan, grande amiga de Jô Soares.
Perguntado se tinha medo de morrer, Jô Soares respondeu, citando Chico Anisio, “Não tenho medo, tenho pena. Ainda tenho muita coisa para realizar”.
Continuo sem saber se alguém morre feliz, mas a maneira elegante e discreta como José Eugênio Soares se despediu dos palcos da vida, foi um grand finale. Para um homem que dominava a mídia, sua saída à francesa teve um charme a mais: não foi divulgada a causa morte, caixão fechado, sem velório. Assim, foram atendidos os últimos desejos do grande artista que marcou época.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Engenheiro Agrônomo, Palestrante, cronista, escritor e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra.
O sábio do dia
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Sábio é o homem que chega a ter consciência de sua ignorância”. (Barão de Itararé)
Já falaram pra nós que nunca alcançaremos a perfeição. Sempre há o que aprender no dia a dia de cada um. Se não houvesse novidades não haveria aprendizado. O que aprendemos hoje é para facilitar o aprendizado de amanhã. Simples pra dedéu. E ainda temos um montão de tolos, mundo a fora, pensando que são sábios. Quando na verdade não conseguem aprender com eles mesmos.
Vamos falar sério. Vivemos num mundo em evolução. E não há evolução sem mudanças. Quando aperfeiçoamos uma obra estamos apenas melhorando-a.
Então vamos aperfeiçoar nossa educação, para que as melhoras do futuro nos levem aonde queremos chegar. Senão continuaremos pobres na evolução. E não nos esqueçamos que o Barão de Itararé disse: “Pobre quando mete a mão no bolso só tira os cinco dedos”. Então vamos sair da pobreza na educação. E ser educado não significa ser sábio.
Você nem imagina o quanto eu adoro as sextas-feiras. É como se elas fossem um fim de semana. Mas o que importa mesmo é que seja qual tenha sido sua semana, o final dela sempre lhe traz alegria. Não sei se você sabe, mas estou numa idade que exige de mim uma vida nova. Já não jogo mais bolinha na calça e isso me faz muita falta. Aí apelo para as caminhadas. Só que quando chego a casa tenho que correr para a cadeira-de-balanço, fingindo que estou me divertindo com ela. Quando na verdad
e ela está acobertando meu fingimento. E não sorria, porque você vai chegar à minha idade, mesmo que isso ainda leve algumas décadas.
Falando sério, hoje acordei com saudade dos meus dias das bolas-de-gude. Mas não gosto de alimentar tais pensamentos, porque eles me levam a um tempo que não volta mais. Aí olho para o teto e fico pensando nos pensamentos que os entendidos nos mandam, com relação à saudade dos velhos tempos. Aí recorro ao Bob Marley: “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos”. E como não sou chorão, continuo caminhando pelos pensamentos mais simples como o do Laudo Natel: “Saudade é a presença da ausência”. Porque é o que é. E se é a presença da ausência, resolvi levantar-me e procurar viver o dia, sem lembranças do passado.
Faça isso sempre que estiver preso ou presa, a pensamentos do passado. Não se esqueça de que foi no passado que você se preparou para o presente. Então procure viver cada minuto do seu dia, hoje, como um treinamento para o amanhã. E você não irá treinar sem se aperfeiçoar no que faz. Procure ocupar o bolso, para não tirar só os cinco dedos. Divirta-se, com pensamentos positivos. Pense nisso.
99121-1460