O otimismo com o futuro de Roraima parece manter-se em níveis bem altos, apesar do resultado da última eleição presidencial cujo resultado final foi flagrantemente ao inverso da vontade da maioria esmagadora dos eleitores e eleitoras roraimenses. Aqui, como se sabe, no segundo turno da eleição, o candidato Lula da Silva (PT) não obteve 30% dos votos válidos. Há para muitos a sensação de que num eventual governo do presidente eleito muitas medidas do governo federal venham bater contra o processo de crescimento econômico já instalado em Roraima, que faz com que a taxa de crescimento do Produto Interno do Bruto (PIB) local venha sendo muito superior à média nacional. As preocupações maiores vêm em decorrência das promessas de campanha de Lula da Silva de acabar com a garimpagem irregular; de retomada do processo de demarcação de Terras Indígenas; de retomada das relações diplomáticas com a Venezuela; de paralização da construção do Linhão de Tucuruí; de retomada de invasão de terras privadas por grupos organizados; e de maior rigor ambiental.

Ontem (domingo), o programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3 entrevistou dois especialistas que mostram uma visão bem diferente das pessoas apreensivas com futuro próximo da economia de Roraima: o secretário estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, o economista Emerson Baú; e o ex-procurador de Justiça e professor Edson Damas. O primeiro, que comentou sobre os resultados expressivos alcançados pela EXPORFERR, disse estar convencido de que o processo de crescimento da economia roraimense é irreversível, com dinâmica própria e menos dependência de ações governamentais. O economista citou números extraordinários obtidos durante a EXPORFERR, entre os quais o voluma dos financiamentos negociados, que chegaram a mais de R$ 300 milhões. Lembrou da participação de grandes marcas nacionais de tratores, máquinas e caminhões no evento;  citou a expectativa de plantio de grãos no estado que deve chegar a 200.000ha; registrou o crescimento quase exponencial do rebanho bovino no estado, saltou de 880.000 cabeças em 2018 para cerca de 1.120.000 animais em 2022. E para expressar a confiança das instituições bancárias no futuro de Roraima, o economista disse que o Banco do Brasil está disposto a aportar até um bilhão de reais aos produtores roraimenses, enquanto o Banco da Amazônia acena com outros 600 milhões de reais para a mesma finalidade.

Já o ex-procurador de Justiça e professor Edson Damas, que integra a Comissão de Defesa dos Direitos Indígenas da OAB-RR, de conhecida experiência e conhecimento acadêmico em relação à defesa desses povos originários, tem uma visão bem menos alarmista com eventual retomada de processos demarcatórios de Roraima. Para Damas, as terras já demarcadas e registradas em cartórios estão consolidadas, inclusive com posse reconhecida pela população não indígena. De outro lado, as propriedades tituladas e de reconhecida posse por pessoas não indígenas estão igualmente consolidadas, o que implica que só podem ser alcançadas por eventual processo de demarcação após prévia e justa indenização. E nessa condição, a indenização alcança inclusive o valor da terra, o que encarece substancialmente o valor indenizável. Sem dúvida, não poderá a medida demarcatória anular os títulos de propriedade, ignorando o valor de mercado da terra nua, como foi feito a quando da demarcação das atuais terras indígenas. Isso sem dúvida implica em respeitar a segurança jurídica e respeitando o devido processo legal.

ENCONTRO

Autoridades guianenses estarão promovendo no dia 26.11 (próximo sábado) uma reunião em Lethen, com empresários brasileiros que queiram investir no Distrito Industrial daquela cidade fronteiriça com o Brasil. A informação foi dada pelo empresário Remídio Monai, que é presidente da Câmara de Comércio Brasil-Guiana, em entrevista, ontem (domingo) no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3. A ideia é que os brasileiros possam implantar indústrias para vender para o Mercado Comum do Caribe (Caricom) utilizando os incentivos tributários vigentes para esse mercado regional. Segundo Remídio, a infraestrutura do Distrito Industrial de Lethen e muito melhor que a do Distrito Governador Aquilino Duarte de Boa Vista. É, sem duvida, uma boa sacada do governo da República Cooperativista da Guiana.

ALERTA

Na mesma entrevista, o empresário Remídio Monai, que é o dono da Amatur, alertou os políticos roraimenses quanto à situação da BR-174. Segundo o empresário, o trecho da rodovia compreendido entre a reserva Wamiri-Atroari e Presidente Figueiredo está em estado precaríssimo. Se nada for feito, na próxima estação chuvosa é iminente o risco de interdição no trafego para todo tipo de veículos, desde os leves até as carretas com carga pesada, inclusive daquelas que trazem óleo diesel e gás para alimentarem as termoelétricas que abastecem Roraima. Será um caos, segundo Remídio. É claro, alguns dirão que esse trecho está em sua maior parte em território amazonense, e por isso deve ser cuidado pelos políticos daquele estado. É verdade, mas a BR-174 é nossa prioridade máxima, enquanto para eles nem tanto.