2022 e a dengue continua sendo um problema no Brasil. Por quê?
* Por Sandra Gomes de Barros
Em setembro de 2022, o Ministério da Saúde publicou um boletim epidemiológico registrando aumento de quase 190% em casos de dengue em comparação com o mesmo período em 2021. Trata-se de um aumento importante, mesmo com a dengue sendo considerada uma endemia há tantos anos.
Isso ocorreu devido às altas temperaturas que tivemos no Brasil. Altas temperaturas têm uma relação importante com o aumento nos casos de dengue, pois o mosquito transmissor, o infelizmente famoso Aedes aegypti, gosta de temperaturas elevadas. Ele se desenvolve melhor a 28, 30 graus celsius. E, como acontece em muitas regiões neste país tropical, depois da seca e do calor vem a chuva – também intensas neste ano, favorecendo ainda mais a proliferação desse transmissor.
Além disso, tem a questão que se relaciona com cuidados que as pessoas precisam ter sem depender de ninguém para lembrar de fazer. Após a chuva, sempre checar se houve acúmulo de água no quintal, manter caixas d’água fechadas e o lixo longe, pois ele pode colaborar com esse acúmulo também.
Se houver água parada, vai haver aedes aegypti botando ovos. Se a água for mantida parada, esses ovos vão eclodir e as larvas vão se desenvolver até a fase adulta, disseminando ainda mais a doença. Em um país com tantas pessoas empobrecidas e com dificuldades de moradia como o nosso, esse aumento de casos não foi exatamente uma surpresa.
E, não bastasse o número de casos, vale ressaltar que, neste momento, estamos passando pelo período anual de ascensão da dengue, que normalmente ocorre entre outubro e maio. Neste período, é importante estarmos atentos a alguns sintomas.
Após a picada da fêmea do mosquito, há um período de incubação de 3 a 14 dias. Depois disso, a pessoa começa a ter o que chamamos de viremia: vem uma febre muito alta e que vai se estender até o quinto dia, associada com dor de cabeça caracterizada por uma dor forte atrás dos olhos, mal-estar, fraqueza, dores musculares e nas articulações, perda de apetite, enjoo, vômitos. Diarreia pode acontecer também. Nesta fase ainda podem aparecer lesões exantemáticas, que são manchas pelo corpo, concentradas na face, tronco e membros. Após esses cinco dias, o paciente pode melhorar ou a doença pode evoluir para uma fase crítica, que ocorre quando a febre diminui, mas começam hemorragias que podem levar ao choque e à disfunção de órgãos.
Algo que sempre me questionam é: quem já teve dengue uma vez pode ser contaminado novamente? A resposta é: sim, pois o arbovírus (o nome científico para vírus transmitidos por mosquitos) da dengue apresenta quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Quando contaminada por um desses sorotipos, a pessoa desenvolve imunidade apenas contra ele, continuando exposta aos outros.
Existe uma vacina, mas ela está disponível apenas na rede privada e não é indicada para vacinação em massa em razão de critérios importantes: só pode se vacinar quem já teve dengue, essas pessoas precisam ter entre 9 e 45 anos de idade e a vacina não é indicada a gestantes ou lactantes. Então, embora haja uma vacina, seu alcance ainda não é expressivo da forma que precisamos no Brasil. Por isso, a sociedade e o poder público precisam atuar nesse combate difícil de ser vencido. Saneamento básico e políticas públicas tanto em saúde quanto em educação e conscientização são fundamentais. Enquanto tivermos uma população tão grande na miséria, teremos recordes de dengue.
* Dra. Sandra Gomes de Barros é médica infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
Finalmente estamos chegando
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas”. (Eisenhower)
Com certeza, liderança não é tão simples como se imagina. Ela vem caminhando há milênios, e ainda não a aprendemos. Mas, aos poucos, vamos chegando. Embora ainda tenhamos que caminhar muito. Ainda há pouco ouvi pela televisão alguém elogiando o treinador de uma seleção de futebol. O elogiador dizia que o treinador era muito especial. Que ele respeitava muito os jogadores, escutava-os e os orientava para que fizessem o que achavam que deveriam fazer. Fiquei feliz em ouvir isso pela televisão. O que é muito raro.
Um dos princípios mais notáveis das Relações Humanas no trabalho e na Família é exatamente a obediência à racionalidade. E nada é mais racional do que respeitar as pessoas, valorizando-as no que elas são. Não se pode valorizar um jogador de futebol, por exemplo, gritando com ele ou lhe dizendo o que ele deve fazer, mas incentivando-o a fazer melhor o que ele sabe e deve fazer. Só quando somos respeitados no que somos, é que somo realmente o que somos. É aí que aprendemos a aprender com os erros. É quando paramos no pensamento e analisamos o porquê do erro.
Mas, esse papo não tem nada a ver com o futebol. Só peguei uma carona no bonde do comentarista que elogiava o treinador. Porque as Relações Humanas devem estar em todas as atividades do ser humano. Não importa o que fazemos, o que interessa é que façamos o melhor que pudermos fazer no que fazemos. Já conhecemos histórias de grandes empresários, por exemplo, que iniciaram suas atividades vendendo cocadas. Já lhe falei de um auxiliar que tive, em um Estaleiro, em Niterói, no Rio de Janeiro. Ele trabalha no almoxarifado, onde eu dirigia o Controle de Qualidade. Ele era filho de pais ricos e não queria nada com o trabalho. Mas os pais o obrigaram a trabalhar, o que faz
ia com que ele negligenciasse no trabalho.
Você já conhece a história, mas vou adiantar um pouco. Nas relações humanas no trabalho que desenvolvi com o cara, ele começou a trabalhar normalmente. Certo dia, ele fez um comentário sobre o cara que vendia cocadas, na saída do pessoal para o almoço. Brincando com ele, eu lhe disse que ele poderia ficar rico se vendesse as cocadas de certa forma. Ele aceitou a brincadeira e resolveu vender cocadas no estilo sugerido. Quando saí do Estaleiro para vir para Roraima, o garotão já tinha comprado um carro para ele e outro para sua noiva, que estudava na Universidade Federal do Rio de Janeiro. E ela já saía da Universidade, ao meio-dia, para ajudá-lo nas cocadas. Pense nisso.
99121-1460