Jessé Souza

Ano novo nao pode continuar significando continuidade de educacao velha 15136

Ano novo não pode continuar significando continuidade de educação velha

Jessé Souza*

O Estado de Roraima começa o ano de 2023 com um novo mandato concedido nas urnas para o governador Antonio Denarium (PP), que fez várias promessas em sua campanha para a reeleição, no entanto, a sua fala não costuma ser enfática quando se trada de Educação, setor este fora das prioridades nos últimos quatro anos.

Ainda não entrou na cabeça dos políticos, nem da população, que a Educação é um setor imprescindível para o desenvolvimento de qualquer país. E Roraima não consegue dar o mínimo de garantia para que tenhamos escolas com estrutura suficiente a fim de garantir o futuro de crianças e adolescentes com uma formação educacional digna.

A falência de nossa Educação pode ser medida com o crescimento de cursinhos preparatórios particulares, os quais são o nosso principal atestado de que não está nada bem dentro de sala de aula no ensino público. No interior do Estado, especialmente nas comunidades indígenas, a situação chega a ser de penúria, a começar pela estrutura física.   

Para se ter uma ideia da realidade local, o governo sequer conseguiu resolver o problema do transporte escolar, que é primordial para garantir a chegada e a futura permanência de crianças e adolescentes nas escolas da zona rural e comunidades indígenas. Até este ano, houve escolas que não retomaram as aulas presenciais por falta de transporte e outras muito menos de forma remota.

Pelo tempo de abandono e do quadro desolador, a realidade dessas escolas não será transformada em quatro anos porque sequer elas conseguem ter o mínimo, como um laboratório e uma biblioteca. Por isso, a dignidade de qualquer governo é começar a fazer agora para que se possa colher os frutos no futuro, independente de qual seja o governo e a conjuntura política.

Porém, a realidade é outra. As dificuldades estruturais e pedagógicas são tantas, que a luta primeira de muitos educadores é ter um prédio digno para muitas escolas no interior, tornando-se isso um sonho mesmo sendo uma obrigação constitucional corriqueira do governo. E isso só para falar de estrutura física, pois ainda tem a politicalha que sempre mandou e desmandou no setor.

Então, longe de qualquer discurso de desenvolvimento e outras maravilhas que costumam ser tiradas da cartola dos políticos, a Educação precisa ser prioridade absoluta  não como discurso, mas como prática diária. Não haverá um Estado desenvolvido somente com um governo achando que é uma empresa como objetivo principal a ser perseguido dentro de uma cartilha neoliberal maluca.

Não se pode mais tolerar tudo isso que aí está estruturalmente, como se fosse algo normal. Os políticos sabem que a Educação é um passaporte muito sério para o povo se libertar das amarras e um instrumento muito caro para eles, pois um povo com educação se torna uma sociedade crítica – e é justamente isso que os políticos mais temem.

*Colunista