Jessé Souza

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A suprema ignorância como um projeto de poder que não pode ser aceito na Educação

Jessé Souza*

A Educação brasileira continua sendo alvo de campanhas baseadas na mentira, por meio de fake news espalhada nos grupos de WhatsApp e redes sociais, desviando o foco principal da questão: a controversa reforma do Ensino Médio, a qual foi aprovada em 2017 pelo então presidente Michel Temer e implantada em 2022 pelo seu sucessor, Jair Bolsonaro, um governo que foi declaradamente da extrema-direita.

Chamada de Novo Ensino Médio (NEM), a mudança foi um duro golpe na Educação ao tonar como disciplinas obrigatórias apenas Português e Matemática! Só aí já é possível notar o grande prejuízo para a formação dos estudantes do Ensino Médio. Além disso, provocou sobrecarga e desvio da habilitação dos professores junto com  o empobrecimento do conhecimento dos estudantes.

A retirada de disciplinas como Filosofia e Sociologia da grade curricular foi feita sumariamente sem qualquer justificativa e longe de qualquer debate público, porém, nada que não seja do conhecimento da sociedade, que sabe que a extrema direita tem asco a estas disciplinas especialmente, pois elas são a base para a construção do pensamento crítico de uma nova geração.

Pelo que temos visto nos últimos anos, cujo suco de toda esta realidade foi servido no extremismo do dia 8 de janeiro, há um movimento operando constantemente para implantar a cultura da suprema ignorância em que uma grande parcela da população se acha privilegiada e orgulhosa de não ler, de não ter apreço pela cultura e o saber, sendo uma afronta a estas pessoas quem defende a Educação como instrumento de transformação da sociedade.

A realidade da extrema direita casa muito bem com a proposta do NEM, conforme os educadores, que não apenas poda o pensamento crítico, como também proporciona aos alunos da rede pública formações precárias por meio de cursos de curta duração e aulas por videoconferência. Ou seja, o aluno desses novos tempos de reforma se tornaaram um ser que NEM estuda NEM aprende.

A propósito, aulas remotas já foram testadas durante os dois anos de pandemia, quando as escolas fecharam as portas e os alunos foram obrigados a seguirem os estudos pela internet. No entanto, boa parte das famílias não têm acesso básico à internet em casa, muito menos a um celular, notebook ou tablet para que os alunos possam assistir às aulas. Muitos sequer têm comida na mesa uma vez por dia.

Mediante este quadro desolador, uma campanha nacional foi iniciada nas redes sociais para que colher assinaturas a fim de cobrar que este Novo Ensino Médio seja revogado, uma vez que a principal interessada, a comunidade escolar, não foi consultada durante a aprovação da lei, o que por si só já revela que se tratou de um golpe à Educação brasileira.

Então, a sociedade não pode engolir o que lhe foi empurrado goela abaixo, com o claro objetivo de políticos sem qualquer apreço à Educação que desejam implantar a suprema ignorância como um projeto de poder da extrema direita.

*Colunista