A crítica situação do trecho norte da BR-174 e a investigação aberta pelo MP
Jessé Souza*
Quando há interesse é assim que se faz. A Promotoria de Justiça de Pacaraima, do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), decidiu abrir inquérito civil para investigar a situação das obras de recuperação do trecho norte da BR-174, mesmo sento esta rodovia de domínio federal. São cerca de 200Km entre a Capital do Estado e o Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
No entanto, o fato é que cabe, sim, uma atuação da Promotoria neste caso, uma vez que o Governo do Estado é o responsável pela restauração do trecho entre Boa Vista até a entrada do Sítio Arqueológico Pedra Pintada, mediante um convênio firmado com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
São 117,4 Km sob a responsabilidade do governo estadual a partir da ponte sobre o rio Cauamé, cuja extensão compreende também o trecho que dá acesso à Serra do Tepequém, o único ponto turístico consolidado de Roraima, cuja estrada, a RR-230, também está com as obras de recuperação enfrentando sérios problemas, conforme esta Coluna tem comentado reiteradas vezes.
É necessário que se investigue o que está ocorrendo com a recuperação deste primeiro trecho da BR-174, uma vez que, às vésperas das eleições passadas, o governo alardeava que estaria colocando em prática o maior programa de recuperação de estradas, mas as obras neste trecho da principal rodovia de Roraima não avançaram, inclusive, diante do abandono, os pontos que passaram por recuperação acabaram sendo tomados novamente pela buraqueira.
A consequência disso é que 25Km de extensão da rodovia, entre o Km 55 e KM 80, na ponte sobre o rio Uraricoera, tornou-se um grande tormento para os condutores, devido às imensas crateras que se formaram com o intenso tráfego de carretas que transportam cargas para a Venezuela. Onde um novo asfalto foi colocado, os buracos começaram a surgir. É preciso responsabilizar os culpados que permitiram chegar a esta situação crítica.
Enquanto isso, no atual governo, uma das rodovias que teve prioridade para restauração foi a RR-305, com 143 km de Mucajaí a Alto Alegre, que ficou conhecida como “transgarimpeira”, por dar acesso aos principais garimpos na Terra Indígena Yanomami e pistas de pouso clandestinas naquela região a Oeste do Estado.
Antes que o recém-eleito governador Antonio Denarium tomasse posse, assim que assumiu o Estado de Roraima ainda como interventor federal (de 11 a 31 de dezembro de 2018), uma de suas primeiras decisões foi dar prioridade para manutenção em 100% da RR-305, inclusive com solenidade pública e tudo o mais em Mucajaí.
Da mesma forma, enquanto outras estradas e vicinais estavam abandonadas fazia algum tempo, desde o governo anterior, o Município de Mucajaí, porta de entrada para o garimpo ilegal, também foi prioridade na recuperação de 200Km de vicinais (R$ 7.775.161,38) e manutenção de pontes junto com Alto Alegre e Iracema (R$ 696.623,72), também ao redor da Terra Yanomami, cujos recursos incluíram emendas parlamentares.
É por isso que a questão da recuperação das estradas precisa ser passada a limpo, a começar pelo trecho da BR-174 que começou a estar sob investigação do MP, largado ao descaso mesmo sendo importante para a exportação e para o turismo roraimense.
*Colunista