Elementos da Mente
João Paulo M. Araujo
O que é a mente? Uma pergunta simples que pode encontrar muitos caminhos em direção a uma resposta. Tais respostas podem assumir uma forma filosófica, religiosa e antropológica, englobando muitas culturas e tradições. Todavia, me limito apenas a uma breve descrição dentro daquilo que contemporaneamente conhecemos por filosofia da mente. Assim sendo, podemos esboçar uma imagem (ainda que limitada) do que podemos compreender por “mente”. Nesse sentido, a mente seria uma espécie de tecido ou campo que abriga e torna possível um número indeterminado de estado mentais. Esses estados mentais podem ser conscientes ou inconscientes, intencionais e não intencionais. Consciência e intencionalidade são elementos da mente que andam juntas. Claro que nem todo estado mental é consciente, mas quando o é, existe uma grande probabilidade de ser intencional. Voltaremos a esses conceitos mais adiante.
Outra característica é que a mente em toda sua tessitura de estados mentais abriga aquilo que entendemos por Self. Podemos entender o Self como a unidade de nossa identidade pessoal, aquela sensação que nos torna um ser idiossincrático, algo que nunca irá se repetir na história do universo. Como tudo em filosofia, a noção de Self ou identidade pessoal é bastante problemática, afinal quais seriam os critérios de nossa identidade pessoal? Critérios físicos? Psicológicos? Um fluxo de consciência como acreditava John Locke? O fato é que, parafraseando David Hume, quando mergulhamos dentro de nós mesmos em busca desse Self, nós nunca encontramos aquilo que chamamos de ‘eu’, mas sempre encontramos algum estado mental, sensação, sentimento etc. Em suma, quando o assunto é a nossa introspecção, nós não conseguimos apreender uma unidade totalizante, pois, o que encontramos muitas vezes é um feixe de percepções desconexas entre si.
Ao afirmar que possuímos uma identidade pessoal inevitavelmente somos conduzidos para uma outra noção bastante cara a psicologia, filosofia da mente e afins; essa noção é a subjetividade. Nós seres humanos somos seres de subjetividade. Isso implica em afirmar que possuímos nossos próprios pensamentos. A vida mental de um indivíduo pertence apenas a ele próprio e mais ninguém. Numa certa medida, os pensamentos de uma pessoa pertencem apenas a ela, outra pessoa não pode ter seus pensamentos, ao menos do ponto de vista qualitativo. Enquanto seres conscientes, a subjetividade implica que cada pessoa é telespectador e protagonista de seus próprios estados mentais. Portanto, no que concerne a esse aspecto mais prático, quando falamos de subjetividade, estamos sempre falando da subjetividade de alguém, isto é, um estado mental não pode existir sem um indivíduo que o pense. Esse é um aspecto essencial de nossa vida mental cuja a ontologia de um determinado estado mental sempre será dependente de um sujeito que o pense.
Pensar é uma atividade que pressupõe consciência, ou seja, estar consciente daquilo que se pensa. No primeiro parágrafo afirmei que a consciência junto com a intencionalidade são elementos da mente que muitas vezes andam juntas. Ora, se somos seres de subjetividade cujo os pensamentos são fenomenologicamente qualitativos e inalienáveis, significa que da mesma forma que somos conscientes do ambiente ao nosso redor, isto é, do mundo exterior, também somos conscientes daquilo que se passa em nossas mentes, isto é, o mundo interior. A noção de consciência é uma das noções mais problemáticas na filosofia da mente contemporânea. Foi David Chalmers ainda na década de noventa que chamou atenção para o quão difícil é o problema da consciência, sobretudo, se pretendemos abordá-la não apenas filosoficamente, mas cientificamente.
Voltemos para os aspectos conscientes e inconscientes de nossa mente. No sentido cartesiano a subjetividade da mente engloba a consciência, entretanto, ela vai além disso. Um pensamento qualquer pode conservar sua subjetividade mesmo não sendo consciente. A minha crença de que a filosofia é uma ótima atividade para exercitar o pensamento é uma crença que até então não fazia parte do meu campo subjetivo consciente. Muitas de nossas crenças, para serem “nossas” crenças não precisam ser conscientes, elas podem (e muitas estão), para usar uma metáfora, em modo de standby. Em contrapartida, quando estas crenças são conscientes, elas muitas vezes expressam intencionalidade. A intencionalidade é um conceito que foi revivido por Franz Brentano no séc. XIX. Esse conceito remonta à idade média. De acordo com a definição de John Searle (1983) podemos caracterizar a intencionalidade como “aquela propriedade de muitos estados e eventos mentais pela qual estes são dirigidos para, ou acerca de, objetos e estados de coisas no mundo.”
Quando afirmamos que emoções, pensamentos e sentimentos são conscientes, estamos afirmando que essas emoções, pensamentos e sentimentos são referentes a alguma coisa, sobre alguma coisa etc. Num primeiro olhar, podemos então afirmar que pensamentos possuem objetos e muitos filósofos afirmam que esses objetos são intencionais. Sabemos que a intencionalidade muitas vezes pressupõe a consciência, mas será que toda forma de consciência pressupõe a intencionalidade? Dores, por exemplo, são sensações que parecem ser destituídas de intencionalidade. Quando sentimos dor, estamos conscientes da dor que sentimos e isso se dá de modo imediato. Numa via mais analítica de nossas práticas linguísticas, Wittgenstein já havia chamado atenção para esse ponto, quando refletiu sobre o que chamou de privacidade epistêmica. Eu não sei que tenho dores, eu apenas tenho dores. Quando afirmamos saber algo, significa que podemos estar enganados acerca daquilo que afirmamos saber. Em outras palavras nosso conhecimento pode ser verdadeiro ou falso. Ora, ninguém pode se enganar acerca da dor; ou sentimos dor ou não sentimos dor. O verbo mais adequado para este caso é o verbo ‘ter’ e não o verbo ‘saber’. Analogicamente, algo semelhante ocorre com a intencionalidade, não faz sentido dizer que a dor é intencional; apesar de estarmos conscientes de nossas dores, estas não são sobre algum objeto ou estado de coisas no mundo, são apenas nossas dores.
Nossos humores podem ser exemplos de casos que apresentam vagueza entre a intencionalidade e a ausência de intencionalidade dos nossos estados mentais conscientes. Tomemos como exemplo o tédio e a depressão. Diferente do exemplo da dor, estar deprimido parece envolver a ideia de que a depressão possui um objeto, ou seja, ao contrário do caso da dor, a depressão revela um caráter intencional. Entretanto
, para o caso da depressão, pode acontecer de alguém se sentir um pouco perplexo ao tentar explicar com o que exatamente ela se sente deprimida. A depressão pode assumir uma forma mais vaga ou genérica como, por exemplo, estar deprimido com a existência. Com o tédio se passa o mesmo. A razão do meu tédio pode ser algo tão vago que fica difícil determinar seu caráter intencional. Além do mais, pode acontecer de estarmos deprimidos ou entediados sem ao menos sabermos com o que exatamente estamos deprimidos ou entediados. Posso estar profundamente triste e não conseguir identificar o objeto de minha tristeza ou melancolia.
Vimos que nem todo estado mental consciente é intencional, da mesma forma nem tudo que é intencional é necessariamente consciente. A razão disso é que um sentimento ou um pensamento inconsciente ainda é um sentimento ou pensamento sobre alguma coisa. Imagine um indivíduo que num contexto de terapia revela um ódio inconsciente de um tio que em sua infância o molestava. Esse ódio inconsciente é tão intencional quanto qualquer tipo de ódio no plano consciente dos eventos. O ódio possui como objeto intencional a figura do tio.
Como foi afirmado no início do texto, uma resposta para a pergunta “O que é a mente?” pode assumir muitas possibilidades. Mesmo no campo da filosofia da mente, os filósofos não estão de acordo acerca do tratamento ou conceitualização da mente. Ao menos no que concerne a uma definição mais rígida, é um erro definir a mente de uma maneira uniforme e peremptória. O próprio fluxo da atividade filosófica e até mesmo científica poderá no futuro revelar novos caminhos em direção a uma compreensão mais abrangente do mental e isso, levando em conta alguns de seus elementos como a subjetividade, a consciência e a intencionalidade.
João Paulo M. Araujo
Professor no curso de filosofia da UERR
A caminho da felicidade
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A felicidade da vida depende dos pensamentos”. (Marco Aurélio)
Quem vive agarrado a pensamentos negativos nunca será feliz. Ninguém consegue ser feliz, aliado à infelicidade. Simples pra dedéu. Controle sempre seus pensamentos mantendo-os no positivo. Há um pensamento que diz que mais de noventa por cento das pessoas que são assaltadas nas ruas, são exatamente as que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Quando você fixa seus pensamentos no desastre, é exatamente o que vai acontecer. E isso porque você está enviando ao seu subconsciente aquilo você quer. E ele é a maior força que você tem em você. É só você insistir no pensamento, e seu subconsciente atenderá seu pedido. Pense nisso e mude seu modo de pensar, se as coisas não estiverem dando certo pra você.
Estamos iniciando mais uma semana de labuta. Porque todos nós labutamos pela vida, na procura pelo melhor. E nem sempre sabemos exatamente o que é verdadeiramente o melhor para nós. Já falei pra você sobre um jovem auxiliar que tive numa grande indústria paulista. Trabalhávamos em um escritório no Rio de Janeiro. Éramos os dois únicos funcionários da empresa, no Rio de Janeiro. O garotão era muito eficiente no trabalho, só que tinha pensamentos absurdos para o seu futuro. Ele tinha completado seu tempo no Exército, e estava no seu primeiro emprego. E morava na Rocinha, com sua família.
Sempre que conversávamos e eu criticava o mal comportamento de certas pessoas, ele falava: “Seu Afonso… o homem pra ser safo tem que ser safado. Senão ele nunca vai conseguir nada na vida”. Tempos depois saí da empresa e fui para um estaleiro, em Niterói. Desde então nunca mais vi o garotão nem tive notícias dele. Dez anos depois eu já estava em Roraima. Certo dia, a Salete assistia à televisão quando me chamou assustada:
– Siiiinho!! Vem cá! Depressa, correndo. Olha quem está aqui, no jornal!
Cheguei, e adivinha quem estava sendo mostrado como quem acabara de ser preso como o quarto maior traficante de drogas, da Rocinha. O Denis da Rocinha. Aquele garotão que, quando trabalhava comigo, dizia que o homem para ser safo tem que ser safado.
Seu futuro depende da sua maneira de pensar sobre o futuro. É você quem o constrói. Mesmo conhecendo o Denis, e sabendo de sua origem, nunca imaginei que ele foi afundar o lamaçal do crime. E assim são pessoas com quem convivemos e nem percebemos o poder que elas têm no seu modo de pensar.
Mantenha seus pensamentos sempre no mais elevado grau do otimismo e viva com tranquilidade. Nada de ficar se martirizando com acontecimentos que não mereçam atenção. Pense nisso.
99121-1460