Comunidades do Amajari fazem reivindicações a deputados, especialmente sobre Tepequém
Jessé Souza*
O que esta Coluna vem comentando há um certo tempo se confirmou, infelizmente: a empreiteira contratada pelo Governo do Estado para recuperar a RR-203, no Município de Amajari, estrada que dá acesso à Serra do Tepequém, abandonou a obra sem concluir a metade do contrato. A informação foi confirmada em uma reunião realizada na manhã deste domingo, na Pousada Canto das Araras, com a participação de seis deputados estaduais, os quais foram lá ouvir as demandas de moradores da região.
A vergonhosa situação da rodovia do principal ponto turístico de Roraima foi apenas um dos pontos tratados por moradores da Vila Tepequém. Mas por lá estavam também moradores das comunidades Bom Jesus, Trairão, Ametista e sede do Amajari, a Vila Brasil. E a questão das estradas e pontes de madeiras foi unanimidade dentre as principais reivindicações dos moradores, pois as vicinais que servem para a escoar a produção de pequenos agricultores estão em situação crítica, assim como as pontes de madeira, prestes a cair.
Uma vergonhosa realidade. O governo Antonio Denarium se reelegeu fazendo intensa propaganda de recuperação e asfaltamento de estradas, no ano passado. Além disso, abriu os cofres para os prefeitos do interior, faltando 100 dias para as eleições, quando foram destinados R$70 milhões em recursos extras para 12 municípios, amparado por decretos de calamidade pública. Logo em seguida, foram quase R$105 milhões em contratos do governo direcionados para obras e serviços nos 15 municípios. Mas a realidade de abandono não mudou.
Não se pode esquecer que, durante a campanha eleitoral, a prefeita do Amajari, Núbia Lima, declarou apoio a Denarium, o que significa que este município teve recurso e apoio político para impedir que a situação das estradas e pontes chegassem ao nível atual, o que pode piorar com a chegada do inverno deste ano, cujos indicativos apontam que deverá ser de chuvas intensas, prejudicando especialmente a vida dos pequenos produtores.
Os seis deputados presentes à reunião deste domingo (Jorge Everton, Marcinho Belota, Neto Loureiro, Armando Neto, Rarison Barbosa e Renato Silva), na Vila Tepequém, se comprometeram em apoiar as demandas, as quais incluem, além de estradas e pontes, Segurança Pública, questão fundiária e meio ambiente. Na Segurança, a falta de uma Delegacia de Polícia Civil, com baixo efetivo das guarnições da Polícia Militar, foi uma das demandas. Amajari é um dos quatro municípios que não dispõem de uma delegacia.
A questão fundiária é outro grande problema enfrentado em Tepequém. Além da falta de documentação das propriedades, a ocupação desordenada avança de forma acelerada, uma vez que o Estado se mostrou ausente até aqui, depois que a União repassou a gleba. Outro sério problema é com relação ao meio ambiente. Os moradores estão proibidos de retirar areia, barro e pedra para as suas construções, mesmo que esses materiais sejam retirados de rejeitos do antigo garimpo de diamante.
Recentemente, a fiscalização do Ibama esteve na Vila Tepequém, autuando proprietários de veículos que fornecem materiais de construção a moradores e empreendedores do Turismo, o que provocou a paralisação de todas as obras de construção necessárias para os empreendimentos turísticos. Como não há definição e regras, a reivindicação é que haja um imediato estudo para definir um local onde possam ser extraídos areia, barro e pedra sem causar impactos sérios ao meio ambiente, sob pena de inviabilizar as atividades turísticas.
No discurso dos deputados, cada um se colocou à disposição para ajudar a encaminhar as reivindicações. Um documento com todas essas reivindicações será encaminhado com a assinatura dos moradores para que os deputados os encaminhem às comissões permanentes da Assembleia Legislativa a fim de que providências sejam tomadas. Alguns dos deputados presentes integram as comissões que podem agir imediatamente, como a de Obras, de Terras, de Segurança e do Meio Ambiente.
É o mínimo que se espera desses parlamentares, pois promessas não faltaram até aqui, além de muita propaganda enganosa, como foi o caso do governo em relação à recuperação das estradas. Provavelmente, as chuvas cairão antes de quaisquer obras de recuperação de estradas e pontes. Mas é essencial que se acelere imediatamente a definição das questões fundiária e de extração de materiais de construção, fatores que prejudicam sobremaneira o desenvolvimento do Turismo na Serra do Tepequém, o principal gerador de emprega e rendas naquela região.
*Colunista
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