Opinião

Opiniao 15609

Seu companheiro (a) quer um relacionamento aberto. E agora?

*Eliane Bodart

O ser humano é inquieto no quesito sexualidade. Sempre foi curioso e sempre será, e nesta era do “tudo pode”, tudo é permitido! Mais e mais casais afrouxam os limites do que conhecemos como um casal tradicional no quesito fidelidade.

É comum que um casal que esteja em um momento de baixa de desejo entre si, passe a frequentar casas de swing, por exemplo, ou decida abrir mão da fidelidade entre eles, com ou sem cláusulas. Ou decidam trazer mais uma pessoa para a relação.

Por mais estranho que esse comportamento possa parecer para quem entende que o casamento deve ser entre duas pessoas e que o voto de fidelidade deve ser preservado, eu defendo o direito de cada um ser quem é e trilhar o caminho que mais lhe convém ou faça feliz, desde que não prejudique outras pessoas.

A questão para mim é: todas as partes estão de acordo?

Vamos pensar na seguinte situação: Maria se casa com João, ambos com 28 anos e fazem um voto de fidelidade. Sete anos depois a crise bate, ou está tudo bem como sempre foi, e João chega em casa com esta novidade. — Por que não abrirmos mão da fidelidade? Eu transo com quem eu quero e você transa com quem você quer?  Ou João já tem uma amante e quer trazê-la para viver em casa, os três. Maria pergunta: — E agora?

O fato de Fulano, Beltrano ou Ciclano ter um relacionamento assim não significa que você também tem que agir dessa forma. Estamos falando da vida individual. Isso não é para surfar como se fosse uma modinha.

A índole da Maria pode ser outra, ela preza a fidelidade, gosta de ser fiel e quer um parceiro assim. E está tudo bem. Mas ela tem que se perguntar e ser honesta o suficiente para responder: — O que EU quero? O que ME satisfaz? Qual o MEU desejo?

Se aceitar abrir a relação, não vale chorar depois ou não segurar a onda do ciúme. Se não aceitar, tem que entender que o outro pode preferir ficar livre para ir atrás dos seus desejos.

Fácil? Não, Bem, nada é fácil nos relacionamentos amorosos. Mas é preciso estar inteiro, se conhecer bem, definir quais são os limites da relação. Conseguir conversar com o outro com maturidade e respeito. Definir quais os acordos que lhes convém.

Se estiver bom para ambas as partes…

 Eliane Bodart é ex-juíza de Direito, conselheira para relacionamentos amorosos e autora de seis livros, entre eles “Bem Perto – contos eróticos inspirados em canções”

A deusa em qualquer rua

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A deusa da minha rua tem os olhos onde a lua costuma se embriagar.

Nos seus olhos eu suponho que o sol em doirado sonhos vai claridade buscar”. (Jorge Faraj)

Não há homem de verdade que não veja na mulher, uma deusa de verdade. E se é assim, o respeito é a única maneira de respeitar. Ele é um homem, ela é uma mulher. Os dois se combinam, mesmo à distância, desde que haja respeito. E tudo indica que estamos caminhando para o universo do desrespeito. As leis que, segundo Rui Barbosa, declinam de acordo com o número em que são criadas, estão nos aprisionando. As mulheres, cada vez mais, buscando o exibicionismo como sua apresentação, e os homens caindo na esparrela. E nesse navegar de desconhecimento vamos nos afastando da importância das relações humanas.

Ontem à tarde estive em um posto de saúde, fazendo um pequeno curativo na mão. Numa conversa agradável que mantivemos durante o curativo, entre mim e a enfermeira, percebi como a coisa está naufragando. As perguntas que começaram a vir da enfermeira, sobre meu comportamento sobre o acidente, tinham conotações de cisma. Delicadamente pus um ponto final na conversa. E, felizmente, tudo saiu numa boa. Fizemos amizade. Mas saí refletindo sobre como as pessoas estão se deixando levar pela euforia das notícias sobre o comportamento humano na sociedade. É realmente lamentável, mas é tão verdade quanto desastre.

Não sei se ainda há cursos de relações humanas no trabalho e na família. Algo que não pode nem deve ser ignorado. Mas estamos correndo perigo quando tentamos aplicar algum dos conhecimentos das relações humanas. Recentemente estive no supermercado, e no caixa, admirei a cor dos olhos da garota do caixa. Eram realmente encantadores e me chamaram a atenção. Foi quando, no conhecimento das relações humanas, eu quis elogiar a beleza dos olhos da moça. Mas refleti e fiquei na minha. Mesmo sendo treinado para os elogios, refleti sobre se a garota estava preparada para perceber a honestidade no elogio. Fiquei na minha e a moça na dela sem o elogio p
ela beleza dos seus olhos.

Vamos ser mais atentos à desordem que estamos criando no comportamento social. Já estamos correndo perigo em ficar olhando para uma mulher bonita, na rua, porque ela pode interpretar isso como um atentado sexual. E se levar o caso para a delegacia podemos ser castigados. O que está levando o sério para o ridículo. E vai daí os absurdos a que estamos assistindo no comportamento entre homens e mulheres despreparados. E como não estamos preparando os jovens, estamos correndo o perigo do descontrole social que está a caminho. Pense nisso.

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