Opinião

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Etarismo: preconceito que precisa ser combatido

Marcellus Campêlo

A prática de etarismo ganhou o noticiário com o caso ocorrido no Centro Universitário Unisagrado, em Bauru/SP. Um vídeo gravado por três universitárias do curso de Biomedicina, debochando da idade de uma colega com 45 anos, viralizou nas redes sociais.

A atitude reprovável chama a atenção para um problema que infelizmente ainda é muito comum: a discriminação com relação à idade. Aqui abordo, em especial, o problema relacionado aos mais velhos e o preconceito que ainda persiste no mercado de trabalho.

Antes disso, é preciso situar que o etarismo, também conhecido como ageismo ou idadismo, é qualquer forma de discriminação ou estereótipo devido à idade. Portanto, embora atinja com maior frequência as pessoas mais velhas, também ocorre com os jovens.

As atitudes preconceituosas podem se manifestar de forma individual ou através de políticas e práticas organizacionais. Uma das mais corriqueiras é o sistema de seleção para ocupação de cargos, quando os idosos ou os muito jovens são preteridos unicamente por conta da idade. Os mais velhos, pelo entendimento errôneo de que chegaram ao limite do conhecimento, do aprendizado, e os mais jovens, por ainda não estarem bem qualificados, devido à pouca idade. Em ambas as situações, é um problema que deve ser combatido.

No caso dos mais velhos, é bom contextualizar o espaço que essa fatia da população ocupa no país e no mundo. No Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25% da população tem mais de 50 anos de idade. Os que possuem mais de 60 representam 15%, algo em torno de 33 milhões de pessoas. A projeção da Organização das Nações Unidas (ONU) é que o número de pessoas com mais de 60 anos atinja a marca de 1,4 bilhão em 2030, no mundo.

A expectativa de vida atual, no Brasil, é de 76,2 anos. Estima-se, portanto, que em 2060 o país tenha mais pessoas idosas do que jovens. Com relação à força de trabalho, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) calcula que, em 2040, 56% dela será composta por pessoas com mais de 45 anos.

A discussão sobre etarismo, portanto, é mais do que oportuna. É necessária e premente, para que a sociedade acompanhe essa evolução e para que medidas inclusivas sejam adotadas em todas as esferas: empresas, governos, área educacional, oferta de produtos e serviços.  

O envelhecimento é um processo natural e assim deve ser encarado. É preciso eliminar de vez essa relação do amadurecimento com a incapacidade para executar as tarefas do mundo corporativo. É preocupante que, ainda hoje, estejamos batendo nessa tecla, repetindo o que já deveria ter sido equalizado, mas que teima em prevalecer nas relações comerciais. O que vemos, todos os dias, é a repetição de atitudes hostis, que precisam ser combatidas da mesma forma e com a mesma intensidade que os outros tipos de preconceito, tais como, de gênero, raça ou condição social.

As organizações que demitem profissionais simplesmente por terem atingido determina idade cometem um erro clássico. Jogam no ralo o conhecimento adquirido em anos de trabalho, ativo muito valioso no mercado.  Ou, pelo menos, que deveria ser.

O etarismo, embora o termo não esteja explícito na legislação, é uma prática considerada crime e tem penas previstas em lei. O capítulo 6 do Estatuto do Idoso mira no ambiente corporativo ao inserir, entre as garantias a esse público, o exercício de atividade profissional, respeitando as condições físicas, psíquicas e intelectuais. Também proíbe a discriminação e a fixação de limite máximo de idade nas empresas — salvo por exigência de algum cargo muito específico. Para quem cometer o crime de etarismo, o artigo 96 explicita como pena a reclusão de seis meses a um ano e multa.

Na Constituição, no artigo 5º inciso XLI, está expresso que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”. Um alerta para todos.

No mundo corporativo, os departamentos de recursos humanos precisam ter um olhar especial para essa questão do etarismo. Procurar adotar um formato adequado e justo para a oferta de cargos, salários, promoções e crescimento na carreira, que independa da faixa etária ou outras características que não sejam exclusivamente as competências e habilidades para ocupar o posto.

A inclusão deve prevalecer, dando oportunidade a todos, de forma igualitária. Mas não pode ser uma maquiagem, com programas e projetos que se prestam apenas a melhorar a marca da empresa – employer branding. Abrir vagas temporárias e em funções menores para os idosos apenas para constar como política social não vale, não conta. É preciso que os mais velhos tenham, de fato, oportunidade de concorrer em todas as áreas.

O mundo corporativo precisa se abrir para isso, defender a bandeira da diversidade e da inclusão, investir em ações de conscientização… e de verdade.

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.

 Bom mesmo é saber viver

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante”. (Charlie Chaplin)

O significado da vida depende de como a vivemos. Ir à luta exige determinação. Lutar sem determinação é se entregar. E a vida é uma luta que exige coragem e preparo para a batalha. Não devemos ficar esperando que as coisas mudem e melhorem, a responsabilidade é de cada um de nós. Quando fazemos o melhor estamos contribuindo para as mudanças. Se estamos em um mundo em evolução somos responsáveis pelas mudanças, porque sem mudanças não há evolução.

Vamos caminhar nas veredas do progresso. E não há progresso sem luta, sem determinação, sem coragem para vencer. Nunca se sinta incompetente baseado no valor que você dá à sua tarefa do dia a dia. Porque não importa o que você faz, o que interessa é como você faz. Seu valor está em como você faz o que faz. Viva sua vida dedicada ao próximo. É na nossa dedicação que mostramos o que realmente somos. Quantos erros já praticamos e não aprendemos com eles. Quantos acertos foram desperdiçados por não sabermos aproveitar os resultados. O que indica que ainda precisamos aprender a viver.

Nunca perca seu precioso tempo se preocupando com os erros. O importante é que não os menosprezemos, mas aprendamos a não os cometer na próxima jornada. O próximo acerto será resultado positivo do que aprendemos com o último erro. Simples pra dedéu. Afinal de contas, estamos todos na Universidade do Asfalto. É nas caminhadas do dia a dia que aprendemos a caminhar na direção da racionalidade. E a racionalidade exige aprimoramento mental. E não progredimos, mentalmente, mantendo nossas mentes ocupadas com o inferior. Respire e mantenha sua mente calma, independentemente do acontecimento que a está perturbando. Tudo pode mudar quando sabemos o valor das mudanças para o melhor.

Nunca se deixe levar pelo medo. Ele é o maior desastre para quem não é capaz de vencê-lo. Mantenha coragem no que você faz. Mas procure fazer sempre o que é melhor, não só para você, mas para os outros. Eles fazem parte do mundo que vivemos. Sorria sempre. Nada de medo tolo, de parecer tolo com seu sorriso. O importante é que ele seja sincero. A sinceridade faz parte da educação. Vamos nos concentrar mais no valor da educação. Vamos educar as crianças para que elas sejam o patamar da educação futura. Porque só assim o mundo em que vivemos mudará para melhor. Seja simples para com sua simplicidade colaborar para com as mudanças. Pense nisso.

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