Opinião

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Um país estranho chamado Brasil

Sebastião Pereira do Nascimento*

Arcádia é uma nação plantada no mapa-múndi, onde vive uma sociedade livre, justa, solidária e feliz. Uma nação regida por um plano político, social e econômico que proporciona a sua população a mais digna condição de vida. Um país onde a liberdade é anteposta como valor supremo em face do poder que o cidadão tem de exercer a sua vontade no limite que lhe faculta a lei.

Ainda que pareça ser utopia, Arcádia é uma nação onde a realidade aspira uma transformação arraigada, visceralmente, à vontade natural do povo. Uma nação essencialmente humanitária, libertária e não corrompida pela sua sociedade.

Em certo tempo, dois cidadãos arcadianos conversando sobre os países do mundo, chegaram à conclusão que existe um país onde tudo é muito diferente de Arcádia. Supresso, um dos arcadianos não acreditou na existência de outro país que fosse tão desalinhado das coisas que constituem uma saudável nação.

Tão perplexo quanto irresoluto, o arcadiano interroga várias vezes sobre esse estranho país:

— Então, existe um país onde as coisas não funcionam efetivamente como funcionam aqui em Arcádia?

— Sim, existe! — respondeu o outro — Existe um país que nasceu sobre a riqueza e tem tudo para crescer em berço de ouro, mas enfrenta o mundo na mais descabida miséria e carência.

— Mas, existe mesmo um país desse jeito? Insistiu o outro.

— Sim, existe! — Existe um país que por lhe negarem o direito à escola têm crianças obrigadas a nascer sabendo; muitas vezes sendo mortas simplesmente por estar na escola, um lugar que deveria ser seguro para estar. Assim como são seguras as mansões dos barões famintos.

— Você tá brincando, camarada. Existe mesmo esse país?

— Sim, existe! — Existe um país que somente por uma intervenção divina pode sair da lista de mortandade infantil, causada pelos descendentes diretos de Herodes (o grande), que são os políticos, que também matam os adultos – quando lavam suas mãos, como fez Pilatos –, os entregando aos descendentes de Barrabás (o assassino) para o sacrifício final.

— Você só pode estar brincando comigo. Existe esse país no mundo?

— Sim, existe! — Existe um país que pelo suor do seu rosto faz o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, mas a maioria de seu povo passa fome. Um país que ostenta a fama de ser grande produtor de alimentos, mas tem cerca de 30 milhões de pessoas na mais injusta escassez de comida.  

— Não estou acreditando que existe um país dessa maneira.

— Sim, existe! — Existe um país que transforma a educação e a saúde (pública) em mazelas para justificar a privatização de ambos. Um país que devasta o seu patrimônio estatal, para justificar a privatização, beneficiando os grandes capitalistas em prejuízo da nação.

— Não possível que em pleno século XXI exista um país assim tão sacana.

— Sim, existe! — Existe um país que faz o milagre de multiplicar o vinho, mas a maioria da população bebe água poluída. Onde os dejetos das fábricas, da mineração e do agronegócio contaminam seus mananciais.   

— Entre a mentira e a verdade, eu prefiro acreditar que você esteja mentindo que existe esse país.

— Sim, existe! — Existe um país que com um tipo de “jeitinho” quebra normas e regulamentos constituídos, e por trinta dinheiros abre inserções de privilégios para alguns, ficando a imoralidade em promoção permanente.

— Vem cá, companheiro, você está falando sério que existe um país tão grotesco assim?

— Sim, existe! — Existe um país traído por aqueles que o povo elegeu, sendo que cada um deles (eleitos) o nega três vezes antes de o galo cantar por duas vezes, dizendo que foi eleito pela vontade soberana do povo, mas que, na verdade, comprou cada voto por trinta dinheiros.

— Você não tá tirando sarro da minha cara não, hem? Será que existe mesmo um país assim?

— Sim, existe! — Existe um país onde o cidadão por dizer a verdade é condenado pela mentira e crucificado entre dois ladrões, sendo dois ladrões pequenos, por isso não teve o benefício da impunidade. Se fossem grandes ladrões, a clemência viria antes mesmo da impunidade dos tribunais.

— Camarada, você está quase me convencendo de que existe um país dessa maneira.

— Sim, existe! — Existe um país que se diz democrático, mas que desrespeita o direito dos mais diversos grupos sociais. Um país feito de uma imensa diversidade, mas que privilegia uma elite abominável: abominável porque é fascista, violenta e ignorante.

— Olha, eu vou acreditar nisso porque é você quem está me dizendo. Mas me confirma só mais uma vez, existe esse país de fato?

— Sim, existe! — Existe um país que se debate, sangra e geme na cruz, mas continua dando dividendos aos homens de rapina e, como grandes ladrões, sabendo que ele pode perecer a qualquer momento, lhe roubam até o direito de morrer.

— Diante do que você diz, confesso que estou convencido de que esse país existe realmente.

— Claro que existe! — Existe um país que tem na sua gente a capacidade de erradicar o racismo, a hostilidade e a intolerância, mas não faz porque é domado pelos brancos, os celerados e os reacionários. Os mesmo que cavalgam sobre os negros, os fracos e os diferentes.

Bastante convencido da realidade, o arcadiano se arisca numa última pergunta:

— Confesso que estou surpreso, mas também convencido da existência desse outro país. Portanto, partindo de que esse país tem um nome… então, qual o nome dele?

— BRASIL! Concluiu prontamente o outro arcadiano.

*Filósofo, escritor e consultor ambiental.

Mude sempre os seus reflexos

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Meu movo mundo é um reflexo do meu novo modo de pensar”.  (Louise Hay)

O mundo vive em constante e permanente mudanças. E nada mudará nas nossas vidas se não mudarmos nossa maneira de pensar. Amanhã já é futuro. E tudo será igual ao que é hoje, se continuarmos com os pensamentos presos ao hoje. É exatamente por isso que devemos fazer o melhor, hoje, do que o melhor no melhor que fizemos ontem. O livro Astrologia Espacial nos diz que o dia, hoje, não tem mais vinte e quatro horas. Que a correria que vivemos hoje, é decorrente das horas a menos no dia. Se prestarmos atenção a isso, veremos que até os moradores dos campos, que não têm que correr como nós, nas cidades, sentem a mudança na velocidade do Sol.

Vamos prestar mais atenção ao que nos parece conversa de botequim. Porque se não alinharmos nosso papo, continuaremos jogando conversa fora. Vamos caminhar mais um pouco para a racionalidade. E comecemos a acreditar que estamos sobre este planeta Terra, há mais de vinte e uma eternidades. E você não tem como medir uma eternidade. Mas não devemos duvidar de que estamos aqui há tanto tempo. O problema é que não evoluímos. Continuamos os mesmos, desde que começamos a sermos humanos. Desde então não nos preocupamos com nossa origem. Ainda não acreditamos que somos de origem racional. E que lá no mundo de onde viemos não há unidade de tempo. Tanto faz ficarmos aqui por um minuto como por vinte eternidades.

Vamos prestar mais atenção a nós mesmos. Devemos ter em mente que somos responsáveis, tanto pela nossa racionalidade quanto pela dos outros. Vamos ser mais racionais, respeitando o grau de racionalidade do nosso próximo. E é nesse
ver que vemos que somos todos iguais nas diferenças. E só aí começaremos a respeitar as pessoas no que elas são, e não no que pensamos que elas são. Simples pra dedéu. Tão simples que a nossa irracionalidade não permite que entendamos. Respire fundo, reflita no que você realmente é, e não no que você pensa que é. Não nos esqueçamos de que somos o que pensamos, mas nem sempre somos o que pensamos que somos.

Não se vicie, mas comece a se ver no seu espelho interior. Porque é nele que nos vemos realmente somo somos. Não há como nos enganarmos conosco mesmo. O que acontece é que ainda não aprendemos a pensar diferente para as mudanças no mundo. Ainda não acreditamos que somos capazes de fazer mudanças. Escolha a vereda que mais lhe convêm. Mas, primeiro aprimore seus pensamentos, aprimorando sua mente. Porque é dela que saem seus pensamentos. E são eles que levam você, ou para a abismo, ou para o racional. Pense nisso.

afonso_rr@hotmail.com

99121-1460          

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