Data que deve marcada pelo enfrentamento da sociedade à violência contra escolas
Jessé Souza*
Não basta colocar viaturas em frente de escolas e serviço de videomonitoramento para prevenir ataques a escolas. Essas decisões, tomadas pelo Governo do Estado e Prefeitura de Boa Vista, foram importantes como medidas para dar uma resposta imediata à tensão que se criou no país, com surgimento de casos reais de ameaças a escolas em Roraima. É o mínimo que o contribuinte espera das autoridades.
No entanto, além do que já vem sendo feito, é necessário se criar um grupo de trabalho permanente para que se adote um serviço de inteligência e de monitoramento das redes sociais, bem como a instalação de um disque-denúncia específico para que se disponibilize à comunidade escolar e à população em geral um canal de denúncia de forma anônima por meio de ligações telefônicas.
Enquanto não se cria tal estrutura, as autoridades têm a obrigação de manter a população bem informada sobre medidas encaminhadas, mostrando à população que há um serviço permanente de combate a crimes contra escolas, pois o que se tem visto até aqui são muitos boatos e informações desencontradas que só beneficiam os estimuladores do pânico e aqueles que atuam de forma criminosa para alimentar a violência e o ódio, indivíduos estes que agem principalmente pela internet.
Como este dia 20 foi marcado como uma data para um movimento orquestrado contra as escolas em todo o país, é necessário que as autoridades do Estado saiam de seus gabinetes e da sombra do comodismo para dar uma satisfação à sociedade, mostrando o que vem sendo feito, medidas tomadas, investigações em cursos etc. Essa é uma forma de enfrentamento também, mostrando ações concretas contra as ameaças.
Porque até o crime organizado aproveitou para fazer sua publicidade, divulgando “salves” (mensagens) por meio de grupos de WhatsApo como se estivesse agindo em favor da população, quando este papel é das autoridades constituídas, as quais precisam mostrar que estão com a rédea da situação. Inclusive, os disseminadores destas mensagens já deveriam estar sendo investigados também.
Então, é imprescindível que esteja funcionando uma verdadeira engrenagem de combate à violência e ameaças contra escolas, pois os fatos e os números mostram isso. No período de 2003 a 2016, foi registrada uma ocorrência de ameaça ou ataque a escolas a cada 42 meses. De 2017 a 2023, já sob o fortalecimento da política da extrema-direita, foi uma ocorrência a cada 6,25 meses. Ou seja, um aumento de 570% em relação em um período a outro.
Os números foram extraídos de um levantamento com base nas matérias publicadas nos grandes veículos de comunicação do país. Por isso, os dados podem ser muito maiores. No entanto, não há dados oficiais sobre isso, mostrando que as autoridades nunca se preocuparam com o assunto. Logo, esse é mais um motivo para se buscar estatísticas oficiais a fim de embasar a luta contra as ameaças e invasões a escolas, favorecendo os planejamentos.
Não há mais tempo para improvisos. As autoridades precisam mostrar a cara para que realizem ações constantes, pois ninguém está livre de um ataque onde os filhos de pobres e ricos estudam. Hoje é o dia de mostrar que a sociedade está reagindo à altura, impedindo que o pânico seja instalado definitivamente na mente das pessoas. Os extremistas querem isso, que todos vivam sob o signo do medo.
*Colunista