VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: ONDE ESTÁ A ORIGEM DO PROBLEMA
A falta de PAIS comprometidos com o futuro dos seus filhos está tirando a PAZ nas escolas. Cuidado e atenção com os filhos nunca foi um exagero e deve ser um hábito de quem realmente saiba que educar e dar limites é feito no ambiente familiar
O Brasil vem vivendo nas últimas semana sensações ruins em relação a educação de crianças e adolescente. Essas sensações estão ligadas diretamente a um dos sentimentos que mais afligem os pais, que é a insegurança no ambiente escolar que nossos filhos possam passar. Por outro lado, acendeu a luz amarela no ceio das famílias brasileiras e um questionamento que todos tem que fazer e refletir sobre a resposta: Onde está a origem desse problema?
Podemos relacionar muitas respostas, porém não podemos cometer a irresponsabilidade de deixar de assumir como FAMÍLIA nossa parte de responsabilidade em tudo que está acontecendo.
Quando você deixa de participar da vida escolar do seu filho ou filha, você está deixando um vácuo, uma lacuna a ser ocupada por pensamentos nada interessantes. Quando você deixa de dialogar com seus filhos para ocupar o tempo deles com celulares, tablets ou demais tecnologias que ao invés de socializá-los passa isolá-los num mundo sem lei, sem regra e sem ordem, você está o colocando em uma área que não conseguimos alcançá-los.
Quando você deixar de ver as tarefas do seu filho, você está demonstrando que aquilo não é importante para você e, seu filho começa a ter a mesma percepção e a achar que escola não serve para nada. Quando você deixar de conferir o que vai na mochila do seu filho e o que volta, você está dando uma independência a ele que ainda não pode ter. Quando passamos a responsabilizar a escola por tudo que está acontecendo com nossos filhos, estamos se esquivando das nossas responsabilidades. A escola é um complemento da educação de nossos filhos, regras e limites são dados dentro do ambiente familiar.
A violência contra crianças e adolescentes nas escolas é uma preocupação séria e crescente, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Essa violência vem sendo externada em forma de bullying, assédio, agressão física, sexual e emocional, e chegando a mortes e agressões desumanas. Esses comportamentos podem ter um impacto profundo no bem-estar emocional e físico das crianças e podem prejudicar sua aprendizagem e desenvolvimento.
Temos que ter a humildade de admitir que as atitudes fora de casa repetem o ambiente encontrado em casa, ou seja, não é a escola que ensina a criança a ser grosseira, a tirar sarro com o outro, a exaurir o outro emocionalmente, a tratar o outro como objeto e não ser humano, esses comportamento que estão cada vez mais comuns no nosso dia a dia, demonstram claramente um esfacelamento do núcleo das famílias e evidencia que estamos deixando de cuidar do futuro de gerações para nos atermos aos nossos umbigos e egos.
É importante que as famílias, escolas e as comunidades reconheçam a gravidade desse problema e trabalhem juntas para preveni-lo. Isso pode incluir a implementação de políticas e programas de prevenção de violência, a educação de pais e alunos sobre o tema, a formação de professores para reconhecer e lidar com a violência, e o fortalecimento da participação dos pais e da comunidade na escola. Sem a união, o problema continuará a ser um “jogo de empurra” ou a transferência de responsabilidade a quem pouco tem a ver com o problema.
Além disso, é crucial que as crianças tenham acesso a recursos de apoio, como conselheiros escolares e serviços de saúde mental, para ajudá-las a lidar com os efeitos traumáticos da violência. Todas as crianças têm o direito de se sentir seguras e protegidas na escola, e é dever de todos garantir que esse direito seja respeitado e promovido. A afirmação acima só terá validade plena se a família assumir o seu papel de principal agente de controle, fiscalização e bem-estar da criança e do adolescente como um todo e deixar de achar que uma criança, por conta dos modismos, possa decidir o que é certo e errado, mesmo que isso custe a sanidade mental de colegas, professores, orientadores e servidores de uma educação onde o professor é pouco valorizado e muito criticado.
Não poderia deixar de lembrar de um texto que li no auge dessa crise de insegurança nas escolas, que dizia mais ou menos o seguinte: “No passado os influenciadores da gente eram pai, mãe, professores e as pessoas que de alguma forma tinham sentimentos reais e de afeto por nós. Hoje em dia, algumas pessoas que se julgam influenciadores, na maioria das vezes são pessoas que vendem experiências que nunca tiveram, que vendem modismos que nem sempre cabem na vida da maioria das pessoas que os absorvem. Temos alguns relatos já comprovados que esse tipo de informação (irresponsável) pode gerar frustração e melancolia em crianças, jovens e até em adultos que tomam isso como verdade pra sí”
A verdade é que vivemos um momento que deveríamos puxar o freio de mão das nossas vidas e repensar o que queremos como seres humanos. Precisamos ver nossas criações, em especial a tecnologia, como ferramentas a serviço do ser humano e não tornando-nos reféns dela.
Aproveito esse momento para pedir a todos os pais que cuidem, estejam atentos, participem da vida de seus filhos e aí sim estaremos prontos para exigir direitos sem que tenhamos a vergonha de saber que estamos deixando a desejar nos nossos deveres.
Por: Catarina Guerra – Mãe, advogada e Deputada Estadual por Roraima
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
Marlene de Andrade
“Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão…” (Isaias 43: 2)
O transtorno de personalidade borderline também denominado de transtorno limítrofe é um transtorno mental, pois ele afeta a autoimagem, dificultando o controle das emoções porque cursa com um padrão de relacionamentos instáveis.
Neste transtorno, a pessoa sente medo intenso de ser abandonada e isso a torna muito instável dificultando-a de ficar sozinha. O paciente, às vezes, sente muita raiva e é muito impulsivo com frequentes mudanças de humor e isso acaba por afastá-lo das pessoas.
Podem ocorrer também delírios, sentimento de rejeição, estresse, perda de contato com a realidade, comportamento impulsivo e de risco, direção imprudente, sexo inseguro, compulsão alimentar e, entre outros, abuso de drogas.
Às vezes, essas pessoas largam um bom emprego ou então terminam por motivo nenhum um namoro ou até mesmo o casamento. Como se pode perceber, é uma doença cheia de contradições, visto que está indo tudo bem e o paciente joga toda sua realidade prazerosa na lixeira da vida.
Outra situação que preocupa muito é que essas pessoas podem apresentar comportamento suicida, prática de automutilações e muito medo de serem rejeitadas. Ocorrem ainda grandes mudanças de humor, acompanhados de irritabilidade e muita ansiedade, pois elas sentem um grande sentimento de vazio e bastante raiva das pessoas que estão ao seu redor.
Essa enfermidade piora no jovem adulto, porém pode melhorar com o passar dos anos. Se a pessoa tem esse transtorno, não deve se desanimar, pois essa doença melhora com o tratamento.
As causas são desconhecidas, mas podem ocorrer devido a fatores ambientais, abuso infantil e agressões. O transtorno de personalidade limítrofe pode estar também relacionado à genética e anormalidades cerebrais, ou então quando elas perderam ou foram separadas de um dos pais ou devido a outros problemas do dia a dia. Essa doença pode ocorrer também quando as pessoas foram expostas a conflitos hostis e relações familiares instáveis. Quanto ao diagnóstico, deve ser feito sempre por médico psiquiatra.
Médica formada pela UFF
Título em Medicina do Trabalho/ANANT
Perita em Tráfego/ABRAMET
Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED
Especialização em Educação em Saúde Pública/UNAERP
Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL
CRM-RR 339 RQE 341
Restos de peixe na panela
Walber Aguiar*
Quem me dera ao menos uma vez que o mais simples fosse visto como o mais importante. (Renato Russo)
Ele vivia naquela casa simples com cadeiras na calçada, com cajueiros no quintal, abacateiros, manguitas, que sempre fazia questão de dar. Passeava quase levitando, na imanência dos dias, com os pés descalços no terreiro cheio de sombra, chicória, cupuaçu, cidreira e capim santo. A casa foi feita para ser o lar de Cazuza e dona Otília. Construída em cima de mirixis e batatas doces que pai-lá plantava, junto com bananeiras; tesouro doce, feito as ingás de dona Inês, bem ali do lado.
Tudo era muito simples, como simples era o homem menino que ali morava. Junto com Joaquim, durante algum tempo, com quem repartiu abrigo e boas palavras, com firmeza e sensibilidade. Um dia vovó partiu, e a casa do bairro de Aparecida ficou ainda maior, pois seu quarto, sempre imexivel, ficou enorme feito sua mala centenária, que testemunhou todos os atos e pessoas que por ali passaram.
Depois foi a vez de Joaquim. Ausente o pescador de peixes e de amizades, o espaço foi crescendo, crescendo, absorvendo a figura cheia de ética e grandeza que ali vivia. Um rapaz que amou poucas mulheres, que fez chorar Eneida e suspirar tantas outras almas femininas. Com uma delas teve um filho, Leonardo, único e intensamente amado, mesmo à distância. Leonardo, que estava com ele na hora final.
Antônio Carlos David. o tio Carlinhos, ou Cazuza, viveu como bem entendeu viver e se vestiu de enorme simplicidade. Pedalava sua monark vermelha, enquanto cruzava a rua Aruaque, na direção da “Folha de Boa Vista”, onde apanhava o jornal todos os dias, bem manhãzinha. Levava o periódico religiosamente até a casa da Coronel Mota, onde desfraldava poemas e palavras diante dos olhos atentos de seu Genésio e dona Maria. E fazia isso com orgulho. Aliás, tudo que ele realizava tinha muito de vontade e satisfação.
Cazuza desenhava muito bem e foi tenor no coral da Secretaria de Educação,com o maestro Dirson Costa e tantos outros. Seus traços viraram ideias, atitudes e a existencialização do que viria a ser. Passou a limpo o borrão da vida e sorriu diante da saudade e da dor. Colecionou amigos e acumulou tesouros no céu, onde a traça não consome e a ferrugem não corrói. Por onde passava, acenava. No bar do Pará, onde tomava uma cervejinha bem gelada, no trabalho, no lugar onde se ergue o busto de Ottomar de Souza Pinto. Ali era respeitado, querido, amado. Sempre levava um sorriso no rosto e um lanche para os que tinham encarado a longa jornada semanal.
Carlinhos era assim, feito à imagem e semelhança do santo cuja igreja frequentava com muita constância, devoção e alegria: São Francisco, amigo dos bichos, das plantas, do sol e da lua; uma figura sedenta por Deus, cheia de intensa espiritualidade no coração. Se “alguém é tanto mais santo quanto mais humano seja”, então Cazuza era portador de enorme vida com Deus. Era de uma extrema humanidade, desde o ato de botar comida e água pros passarinhos até o cuidado com as feridas dos cães que nem dele eram.
Um carro, uma moto e uma coleção de amigos. Sidney, Wallace, Carmono, César Baiacu, Raulino, Caboco Clério, Williams, Magno velho e todos os sobrinhos, filhos de tia Zélia, Maria Messias e tia Dica. Também de Francivaldo Galvão, com quem batia longos papos sob as mangueiras mágicas do quintal de dona Otília, sorvendo uma antártica bem gelada. E aqui, peço perdão por não lembrar de todos os amigos, como Índio Bessa, Joãozinho, Eronildes, Patinhas, Cachorrão e toda a gente boa que com ele caminhou na trilha do existir.
Meu tio era indescritível. Indignava-se com a injustiça, a corrupção, o saque, a ladroagem, a opressão com que são tratados os que se vendem por cem reais e os que pagam o pato por se manterem bons, éticos e justos. Cazuza nunca deixou de ser menino. Nunca perdeu totalmente seu sorriso maroto, sua inocência bonita, coisa ingênua e morna que muitos deixaram e deixam pelo caminho.
Era uma tarde morna. Nunca ia lá pra passar uma chuva. Sempre demorava duas, três horas, às vezes a tarde inteira. Creyse e Cleres também iam lá. Creyse levava Renato para conhecer e conversar com o tio, a quem ele chamava de “camaradinha legal”. Penso que o menino Renato deve ter aprendido um pouco da simplicidade daquele homem, daquele jovem que portava um espelhinho oval no bolso e uma escovinha, chamada por seu Gernésio de pente de malandro.
Oferecia suco, água, manguita, um pouco de peixe que sobrava do almoço. Sei que ele tinha muitos livros e um enorme quadro com Wanda, na parede, do qual tinha muito orgulho, feito no auge da juventude dos dois. Sei que ali estão a TV, companheira da solidão e da insônia, o sofá onde ele deitava, o velho ventilador que girava no ritmo em que Cazuza levava sua vida: devagar e sempre.
Cleres sempre estava lá, na tentativa de compensar a aus
ência de muitos que partiram para o Eterno e a eternidade. Brincava de ser simples com aquele discípulo de São Francisco, que sempre estava ali, entre cachorros, plantas e passarinhos.
Qualquer dia desses vou passar por ali, na tentativa de reabastecer o espigão de minha alma com as energias da simplicidade e daquilo que se constitui no autêntico existir, no mais amplo significado da verdadeira vida.
Sei que vou lembrar sempre do seu sorriso, do seu olhar franco, como que querendo agradar através de palavras cheias de singeleza e alegria de coração. Lembrarei da bicicleta vermelha, da manga madura, do abacate e, sobretudo, daquele rapaz latino-americano que portava uma escovinha e um espelho oval no bolso…
Adeus menino Cazuza, um dia nos encontraremos nos terreiros celestiais, cheios de sombra, cajueiros frondosos e uma grande revoada de passarinhos…
*Poeta, professor de filosofia, historiador, membro do Conselho de Cultura e membro da Academia Roraimense de Letras
Fique atento à iniciativa
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A competição escraviza e degrada a mente. É uma das formas mais preponderantes e certamente a mais destrutiva de dependência psicológica”. (Marguerite Beecher)
A competição é tão danosa quanto a disputa. Por isso devemos estar mais atentos à iniciativa. O que é muito difícil de entender. O que exige um aprimoramento. Ainda não estamos preparados para lidar com nossa mente. Mas vamos, pelo menos, iniciar o treinamento. E tudo depende do respeito que temos por nós mesmos. Quando entendemos que somos superiores, não há por que disputar nem competir. Só temos que fazer o que deve ser feito para o progresso. E o mais importante é que temos todo o poder de que necessitamos para vencer. Então não temos adversários porque ele está no mesmo caminho da racionalidade.
Tudo isso parece mais um engodo. Mas na realidade é o que nos leva a respeitar o valor das outras pessoas, dentro do respeito pelas diferenças. Se fôssemos todos iguais não haveria por que trabalhar para o progresso. Então vamos refletir e procurar viver a vida dentro do padrão de racionalidade. Chega de blá-blá-blás irritantes que não nos levam a lugar nenhum. Vamos acordar para a grandeza da educação. E só nos conheceremos a nós mesmos quando formos realmente educados. E não estou me referindo só ao brasileiro, mas à humanidade.
Não desperdice seu tempo com notícias negativas nem acontecimentos maus. Tudo que acontece na vida faz parte da vida. Nunca aprenderíamos a acertar se não houvesse os erros. Então vamos aprender com os erros em vez de continuarmos errando, enquanto ficarmos presos a eles. Mantenha sua mente aberta para viver o dia de hoje. Porque não temos como viver o dia de amanhã. O dia, amanhã, será tão bom ou tão mau, de acordo com a semente que plantamos hoje. Amanhã não estaremos vivendo o ontem, mas o que plantamos ontem. O Rui Barbosa já disse: “Há os que plantam a alface para o prato de hoje, e os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã”.
Nada de preocupação. Apenas procure viver o dia, hoje, como se ele fosse o último. Viva cada minuto do dia como ele deve ser vivido. Com amor, respeito, e muita sinceridade. Não há respeito sem sinceridade. E comecemos por respeitar a nós mesmos. Porque só somos respeitados quando respeitamos. O que nos leva a considerar que somos todos iguais nas diferenças. E quando respeitamos as diferenças não discutimos. E não discutir não significa covardia nem desrespeito. Concentre-se na racionalidade. Afinal, somos todos de origem racional. E voltar à nossa origem é ser racional. Então vamos ser. O que é simples pra dedéu. Pense nisso.
99121-1460
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