Jessé Souza

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Situação do Cosme e Silva é o reflexo do abandono da saúde pública na Capital

Jessé Souza*

A situação do Pronto Atendimento Cosme e Silva, no bairro Pintolândia, na zona Oeste da Capital, reflete fielmente a respeito de como as autoridades estaduais e municipais tratam a saúde pública em Boa Vista: com um solene desprezo à população. Ao invés de ficar visitando grandes empresários, o governador Antonio Denarium deveria fazer uma visita por lá, em um fim de semana qualquer, com a missão de ver o depositário de pacientes que aquela unidade se tornou.

A mesma atitude precisa ser tomada pelo prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, que criou o hábito diário de passear pela cidade para gravar vídeos a fim de conseguir engajamento nas redes sociais, enquanto deveria ir às Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde faltam medicamentos para crianças, conforme denunciam os servidores, e onde a população não consegue mais ser atendida, o que acaba provocando uma correria ao Cosme e Silva até para medir pressão. E vai piorar, pois as UBS deverão acabar com o atendimento noturno nos próximos dias.

Diante da deficiência da saúde municipal, como forma de evitar que a população mais pobre corra para o Hospital Geral de Roraima (HGR), unidade esta que o governo Denarium quer entregar bem enxuto e elitizado para a terceirização, o PA Cosme e Silva vem sendo usado pelo Governo de Roraima como o local ideal para acolher o povão desesperado e desassistido, especialmente os venezuelanos.

E a tática tem funcionado muito bem, pois muitos pacientes que chegam por lá em busca de atendimento alegam que não têm dinheiro nem condições para se deslocar para o HGR, no Centro, ou ao Hospital da Criança Santo Antônio, no bairro 13 de Setembro, outra unidade municipal que está superlotada, sem medicamentos e com servidores sobrecarregados.   

O Cosme e Silva é tão largado ao descaso que os profissionais de saúde se negam a querer trabalhar lá, pois, afinal, sequer há segurança para garantir a vida e a integridade física dos profissionais de saúde, os quais são ameaçados constantemente e algumas vezes agredidos, conforme vem divulgando a imprensa. O mais recente caso ocorreu no mês passado, quando uma venezuelana embriagada quebrou equipamentos e agrediu servidores.    

Enquanto tudo isso ocorre, as autoridades fingem que está tudo bem. No Governo do Estado, tudo se encaminha para entregar o HGR à terceirização, enquanto o PA Cosme e Silva e o vizinho Hospital das Clínicas ficam para enganar o povão, já que os postos municipais de saúde não funcionam. E a Prefeitura seguirá fingindo que o problema não é com ela, como fez durante a pandemia de Covid-19 não querendo assumir suas responsabilidades.

*Colunista