Jessé Souza

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Roraima já registra 14 mortos por arma de fogo só até a metade deste mês de maio

Jessé Souza*

O Estado de Roraima vive um momento delicado com o avanço da criminalidade herdada principalmente do garimpo ilegal dominado pelo crime organizado dentro da Terra Indígena Yanomami, em que uma das principais causas é a circulação fácil de arma de fogo e o grande esquema do tráfico de drogas. Com o cerco sendo fechado dentro da terra indígena, a disputa por território e acerto de contas aumentou na Capital e nos municípios do interior do Estado.

O mês de maio mal chegou à metade e o número de mortes vítima de arma de fogo disparou a um nível alarmante em Roraima. Como propositalmente não há estatísticas oficiais, então basta recorrer às matérias da Editoria de Polícia para se ter um retrato fiel da realidade. Não foram apenas quatro mortos neste fim de semana.   Com um casal morto no dia 1º e mais oito garimpeiros encontrados mortos no dia 02 com sinais de arma de fogo, na Terra Yanomami, são 14 mortos a tiros só nas duas primeiras semanas deste mês.

A execução de oito garimpeiros deixa claro que se trata de um acerto de conta ou disputa do crime organizado por frentes de garimpo ilegal. As demais mortes são reflexos da violência também ligada ao garimpo, que agora está interligado ao tráfico de droga, de armas e de mulheres para a prostituição. Se for levar em consideração as matérias que envolvem apreensão de armas de fogo e casos de pessoas baleadas, a face da criminalidade fica mais assustadora.

Vejamos os casos envolvendo arma de fogo: “Motociclistas são presos com arma caseira e motocicletas adulteradas” (04/05); “Membros de facção criminosa venezuelana são presos com revólver e cocaína” (04/05); “Homem é preso enquanto tentava vender revólver 38 em distribuidora (04/05): “Armas de fogo são apreendidas em terreno baldio” (06/05); “Homem é preso com revólver, drogas e celulares roubados em boca de fumo” (09/05);

Houve ainda mais casos envolvendo vítimas de arma de fogo, mas que sobreviveram: “Homem é alvejado com três tiros em vicinal de Boa Vista” (10/05); “Homem é encaminhado ao HGR após ser baleado no olho” (10/05). Para se ter a ideia do descontrole da violência, houve até o caso de uma mulher detida tentando entrar com munição de fuzil para uma audiência no Fórum Criminal (09/05).

Mas o número de mortes nestas duas primeiras semanas de maio é bem maior do que o apontado neste artigo, pois aqui não foram incluídos casos de corpos encontrados ou vítimas de violência que não tenham sido de arma de fogo. Nem está incluído o caso de um corpo de venezuelana encontrado no garimpo com sinais de estrangulamento.  Ou de outras mortes violentas, Muito menos de acidentes de trânsito.

As quatro mortes do fim de semana são reveladoras, pois indicam o nível da criminalidade a que chegamos. O caso de sábado diz respeito a um audacioso assaltante que atacava residências, que recebeu a polícia a tiros e foi eliminado. No domingo, foram mais três casos: dois em uma boate no bairro Asa Branca, cuja motivação indica acerto de conta pelo crime de um casal no início do mês; e outro na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, em uma tentativa de assalto.

Enquanto estamos em uma guerrilha no trânsito de Boa Vista, com acidentes diários e mortes recorrentes, graças à ineficiência das autoridades de trânsito (a Prefeitura sequer consegue instalar semáforos), uma barulhenta guerra oriunda do crime organizado que age nos garimpos ilegais está em curso no Estado. Alheios a esta realidade, políticos de situação e oposição brigam por uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

*Colunista

** Os textos publicados nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião da FolhaBV