Opinião

Opiniao 15939

UM EPISÓDIO DA GUERRA

Existiu, há muito tempo, no meio dos trópicos, um país realmente superlativo, tanto por suas riquezas e belezas naturais, quanto por sua grande extensão, tão grande que ia de um extremo a outro do hemisfério. País assaz belo, rico, ensolarado, de rios caudalosos, virgens florestas, terras fartas, fartas colheitas e vastos rebanhos a perder de vista, além de imensas jazidas de pedras preciosas e minérios raros. Alguns mais que raros, raríssimos.

Todavia, como nada é perfeito, esse mirífico país, denominado por antonomásia “Impávido Gigante”, padecia de um mal congênito grave, cujos sintomas mais notórios eram colapsos institucionais frequentes, quase sempre dolorosos, que vinham turbar a ordem e retardar o progresso da nação. Objeto de prometidas reformas, tão prometidas quanto adiadas, esse crônico problema tinha muitas variáveis, mas podia ser resumido

numa única equação, com duas incógnitas: uma política gangrenada, de instituições sofríveis, refém de certa casta daninha, apegada com aferro a privilégios cediços e costumes viciosos ou vícios consuetudinários incuráveis; e uma justiça desfigurada, defectiva, decrépita, sobretudo nasinstâncias superiores, nos assim chamados excelsos pretórios, de forte ranço arcaico, onde se exibia, amiúde, como num palco, escandaloso

contubérnio entre uma e outra. E ambas as duas juntas, enlaçadas nesse consórcio espúrio, faziam medrar a injustiça, logo, a violência, no seio do povo, ordinariamente ledo e pacato.

Outra jaça havia ainda, seja dito em abono da verdade, a qual vinha,de vez em quando, como nuvem brusca, obumbrar a rútila auréola do Impávido Gigante. Acontece que tendo sido, como de fato foi, mui agraciado por Deus, esse ditoso país tornou-se, como soe acontecer, alvo de inveja e universal cobiça, por parte não só de vizinhos tacanhos, mas também de povos antípodas, distantes, d’além mar. 

Certa feita, num desses momentos mais agudos de crise política e insegurança jurídica, quando ficaram expostas fraturas e deficiências graves, inimigos cobiçosos de perto e de longe conjugaram esforços, concertaram planos e julgaram azada a oportunidade de levar a efeito projetos de conquista ou revanche longamente arquitetados.

Ora, além das síncopes institucionais intermitentes, o Impávido Gigante tinha outro ponto fraco, que vinha a ser o seu proverbial calcanhar de Aquiles: extensas fronteiras setentrionais despovoadas, desguarnecidas, porosas. Precisamente aí foi desferido o ataque vil, violento, viperino.

Tratava-se, na verdade, de região conturbada, onde escaramuças e violações mais ou menos graves costumavam acontecer. Nada, porém, nem de longe comparável ao que se viu dessa vez. Fato é que o conflito, considerado “casus belli”, conheceu súbita escalada e, num átimo, foi declarado o estado de beligerância.

 A guerra foi breve e brutal.

 Brutal, porque assim o são todas as guerras. Breve, porque grande era a disparidade de tamanho e força entre as partes envolvidas, como no caso

clássico do boi e da rã, segundo a conhecida fábula latina.

 De fato, as hordas invasoras não foram muito além do ímpeto inicial,

detidas, desde os primeiros confrontos, pela força maior adversa e, onde

conseguiam penetrar, embargadas pela vastidão de terras agras e vazias.

Além disso, ao que parece, estavam mais interessadas na rapina e na

violência inútil do que na conquista de objetivos militares estratégicos.

 Certo é que pouco avançaram, não chegando sequer a ameaçar uma

grande cidade. Mas por onde passavam no tropel desvairado da investida,

como os hunos bárbaros antigos, iam deixando um sulco de morte e

destruição. Um calafrio de horror e náusea arrepiou o dorso da serrania, na

linha da fronteira, e escoou vertentes abaixo, até os campos vizinhos. Os

invasores seguiam pilhando, queimando, devastando vilarejos, sítios,

roçados, trucidando velhos, crianças e, via de regra, violentando mulheres

a torto e a direito, sem distinção de idade.

 Mas tudo teve, mercê de Deus, o fragor e a brevidade de uma

trovoada de verão, que atroa, assombra e logo passa.

 Findas as hostilidades, feito o triste inventário do teatro da guerra,

foi divulgado o insólito episódio, que dividiu e eletrizou a opinião pública,

ganhou manchetes em todo mundo, conferindo imediata notoriedade à

remota vila da fronteira, que lhe serviu de palco. Contraditório,

perturbador, pendular, oscilando entre a glória e a infâmia, o belo e o

hediondo, esse episódio mostra a profundidade do mistério da alma

humana, seus abismos de luz e sombra, seus subterrâneos secretos, onde

se abrigam anjos e demônios.

 Eis então o que aconteceu naquela remota vila da fronteira, tal qual

se encontra fielmente transcrito nos mais antigos e fidedignos anais da

história daquele imenso país.

Feita a evacuação das hostes invasoras, em toda a extensão da

fronteira, onde ainda fumegavam rescaldos da luta, pairou grande

quietude, como a calma depois da tormenta. Mas pouco durou. Logo, por

toda a parte, começou um vaivém de gente pressurosa, gente que tinha

ânsia de viver e buscava com gana um recomeço. Naquela remota vila,

porém, a mais erma e remota de todas, não se via sinal de vida. À distância,

na luz fusca do entardecer, ela parecia amortalhada num manto de lúgubre

silêncio, numa imobilidade de maléfica hipnose.

Quando, depois de largo tempo, começaram a aparecer

sobreviventes, saindo de precários refúgios, passos trôpegos, no rosto a

máscara do medo, viu-se que eram todas mulheres. Vinham cabisbaixas,

andando a esmo, como mal despertas de terrível pesadelo; traziam as

vestes rotas, os corpos maltratados, marcas da violência que haviam

sofrido. Pouco a pouco, talvez até sem propósito, foram-se encaminhando

para o largo central da vila, onde, afinal reunidas, formaram espontânea,

ainda que esdrúxula assembleia. Teve início, então, uma espécie de catarse

coletiva, todas querendo falar ao mesmo tempo, no afã de um desabafo.

Desde logo eclodiu, jorrou no meio delas uma cascata de lágrimas, com

grande clamor e lamento. Quando, afinal, cada uma de per si pôde fazer o

relato, virgulado de soluços, do respectivo suplício, ficou evidente que

aquelas mulheres, tão ultrajadas e feridas no corpo, tinham na alma

dilacerada estigmas ainda mais atrozes e difíceis de sanar.

No auge desse turbilhão de dor e ira reprimidas, eis que viram vir a

moradora que faltava, a última sobrevivente, uma viúva relativamente

jovem, que morava sozinha, num sítio afastado, meio escondido no sopé da

serra. Como as outras, ela trazia em si as marcas da violência, de que

também fora vítima. A diferença estava no porte, na postura. Ela caminhava

em linha reta, sem pressa, mas com firmeza, o dorso ereto, a fronte alçada,

o rosto pétreo, enxuto, infenso ao orvalho das lágrimas, como se, de algum

modo, essas gotas filtradas de pranto se dissipassem antes de chegar aos

olhos, olhos claros, serenos que uma luz difusa iluminava. Em cada gesto,

em cada passo, aquela mulher irradiava a altivez, o desgarre do valente

guerreiro que volta vitorioso do campo de batalha

Chegando ao centro do semicírculo formado à sua volta, de um

alforje trazido às costas, tirou um objeto escuro, volumoso, sanguinolento,

que parecia ser e logo se viu que, de fato, era a cabeça decepada de um

homem. Sem lhe tremerem as mãos, segurou-a bem alto, pelos cabelos

gotejantes, para que todas pudessem ver o seu troféu de guerra. E o que

todas viram, quase sem acreditar, olhos esbugalhados, mudas de espanto,

foi o despojo de um soldado inimigo decapitado. Por breve instante, aquela

mulher, que uma força anímica exaltava, permaneceu assim, com os braços

erguidos, exibindo o seu horrendo, mas honroso troféu, sem mexer um

músculo, estática, hirta, impassível e trágica, mas ainda bela, tal qual o

mármore cinzelado de uma deusa grega da guerra. Então, do imo peito,

extraiu um forte brado, que fez trepidar, num frêmito, as mulheres em

derredor e, como um trovão, longe ressoou: “Aqui está o preço da minha

honra!”. Era um gemido de dor e era um canto de guerra! Em seguida, sem

ênfase, em poucas palavras, contou como havia conseguido embriagar o

seu algoz, apoderar-se de suas armas e fazê-lo pagar pelo crime cometido.

A carga dramática dessa cena desabou, de chofre, com peso

esmagador, sobre aquelas mulheres, já tão esgotadas emocionalmente,

deixando-as meio catatônicas, abismadas, boquiabertas. Pareciam

fulminadas por um raio ou visão fantasmagórica. Choque, pasmo,

assombro, susto … fosse o que fosse, tudo ali se resumia num só unívoco

sentimento: preito de veneração e religioso respeito devido por toda

pessoa humana, mesmo a mais empedernida, diante de qualquer

fenômeno raro ou desconhecido. E o que elas tinham visto, claramente

visto, era nada menos que um exemplo extraordinário da coragem em

estado puro e no mais alto grau. Convenhamos, não é pouca coisa.

Admirável, incomparável virtude, a coragem heroica, que nenhuma

força humana pode abater ou dirimir! Coroa e couraça de mártires, santos

e heróis, ela é o âmago e o apogeu da fé, da esperança e do amor, as três

maiores virtudes cristãs, que têm nela um denominador comum necessário.

Pode acontecer e quase sempre acontece na penumbra do anonimato, no

curso de uma vida silenciosa de abnegação e serviço. Mas pode irromper

de súbito, num relâmpago, em dado momento agônico, que exige, para ser

superado, o gesto extremo, o supremo sacrifício, de que só ela é capaz. De

todas as virtudes, é a única inteiramente à prova de fingimento, imune à

falsidade, refratária à hipocrisia. Diante dela caem todas as máscaras,

desfazem-se, como neve ao sol, todos os embustes e disfarces, ainda os

mais bem feitos. Só fica e permanece o que é forte, puro e verdadeiro. Por

isso, a coragem heroica é bem a essência, a cristalização de todas as

virtudes, e, como o diamante, a gema mais rara, a mais valiosa, a mais difícil

de ser encontrada no meio da pobre argila humana.

Naquele sítio recôndito da fronteira, aquela frágil mulher

desconhecida, talvez sem o saber, repetiu o gesto e o feito de Judite, a

bíblica e bela hebreia, que, sozinha, no acampamento inimigo, soube

encontrar meios de degolar o general assírio, mudar o curso da guerra e

salvar o seu povo. Por tão grande façanha, ela mereceu imortalizada no

Livro Sagrado que leva o seu nome e elevada à culminância de máxima

heroína do povo da Antiga Aliança. Como nova Judite, aquela mulher

anônima, deveria merecer, igualmente, a perene gratidão de seu povo e um

pedestal de glória eterna.

Não foi isso que aconteceu. Muito ao contrário!

Na verdade, aquele lapso de susto ou pasmo, que paralisou e

emudeceu as mulheres da vila, durou apenas o que duram os arco-íris e as

ilusões: a eternidade de um instante, no dizer idílico do poeta. Passada a

onda de choque, de volta à realidade, puderam avaliar, num lampejo, o

quadro que se desenhava à frente delas. De um lado, uma mulher sozinha,

num lugar solitário, sem qualquer ajuda, armada apenas de coragem,

astúcia e, talvez, de misteriosa força íntima, foi capaz de realizar essa obraprima de heroísmo: o lugar onde lhe foi infligido o seu humilhante flagelo,

aquele mesmo leito de torpeza e vergonha, ela o transformou no patíbulo

do seu carrasco e, sobre ele, em sã, sumária e crua justiça, cobrou o penhor

da sua honra. De outro lado, todas elas, em grande número, dentro do

perímetro da vila, próximas umas das outras, onde, teoricamente, poderia

haver a eventualidade de um socorro, não foram capazes de esboçar o

menor gesto de rebeldia ou repulsa. Como ovelhas num matadouro,

sofreram em silêncio o castigo injusto e infame; se não submissas, com

resignação e conformismo.

Postas assim frente a frente, de um lado, a coragem heroica,

intrépida e de outro, a passividade tímida, timorata, tão duro e veemente

é o contraste entre uma e outra, tão abrupta e cortante a polaridade entre

elas, que a primeira, mesmo sem querer, se torna para a segunda algo

intolerável, como um libelo infamante, um escarmento, um açoite. E do

entrechoque desses dois antagonismos costumam resultar fagulhas

incendiárias, que se alastram e, aonde chegam, ateiam fogo em tudo. Isso

foi o que sucedeu com aquelas mulheres, todas, sem exceção, já no limite

extremo do equilíbrio emocional.

Num frenesi de raiva, despeito, inveja, talvez pânico, na iminência do

opróbrio e escárnio, num surto de histeria coletiva homicida, aquelas

mulheres, como um bando de medonhas medusas, com a ferocidade

estampada nas feições convulsas, investiram contra a pobre mulher

aturdida e indefesa e ali mesmo a mataram, na louca tentativa de apagar,

no seu exemplo de bravura e heroísmo, a consciência da inanidade e

fraqueza delas.

Ora, a consciência, como a própria vida, é algo que a ninguém é lícito

obliterar impunemente.

“Mataram a honra para viver a vergonha”.

Esta última frase foi tirada, literalmente, das velhas crônicas, as quais,

como ficou dito, guardam a memória desse triste episódio. Ela é, aliás, o

seu fecho e axioma. E também o é desta versão moderna do mesmo

episódio.

F I M

(AUTOR DESCONHECIDO)

PS. Consta que o texto acima é de autor desconhecido. Pode ser. Mas,

se me fosse dado, assiná-lo-ia com todas as letras. Ele tem um conteúdo

ético tão forte, um fio condutor tão verossímil e atual, tantas semelhanças

e coincidências que parece uma alegoria do Brasil de hoje. Vive-se, no

Brasil, uma inversão de valores tão absurda e abissal, que a realidade que

nos querem impor se parece com os negativos dos antigos filmes

fotográficos. O branco é preto e o preto, branco. Por todos os meios e de

todas as formas se tenta elidir, desfazer e, se possível, matar a honra, a

probidade, a decência. Querem, a todo custo, impor a entronização do

crime, o triunfo do imoralismo, o coroamento do cinismo e da desfaçatez.

E quem ousa levantar-se contra esse estado de coisas é perseguido até às

raias do inacreditável. O caso mais recente é o do deputado Deltan

Dalagnol, legitimamente eleito pelo povo do Paraná, com consagradores

345.000 votos. Não existe, que se saiba, tacha ou nódoa em sua vida ilibada.

Perdeu o mandato, que o povo lhe conferiu, simplesmente por haver

cometido o sacrilégio de combater a corrupção institucionalizada e

idolatrada neste infausto país, paraíso da impunidade e império do valetudo por dinheiro. A interrupção do seu mandato é uma afronta, em

primeiro lugar, à soberania do povo, fonte primeva e pura de todo poder

legítimo. E é também uma agressão frontal ao Poder Legislativo, o “primus

inter paris”, o príncipe dos poderes, porque nele, e em nenhum outro, é

que residem os representantes do povo soberano e os únicos autorizados

a falar em seu nome. Mas o pior ainda é que esse abuso foi perpetrado por

um Tribunal de Justiça, desfigurado, abastardado, feito instrumento

subalterno da vingança pessoal da corrupção coroada e triunfante. E o que

mais preocupa é que as forças vivas da Nação assistem a tudo isso inertes

e inermes. Entre essas forças vivas é preciso mencionar as Forças Armadas.

Para o bem ou para o mal, desde a aurora da nossa vida como povo, são

elas os protagonistas principais da nossa história. Estiveram presentes e

deixaram a sua marca na primeira Constituinte, em 24, logo depois da

Independência; em 31, fizeram dom Pedro abdicar; garantiram a unidade

nacional e nos legaram um país indiviso, debelando, de norte a sul, os focos

de infecção separatista, na Regência, quando brilhou o gênio pacificador de

Caxias; homologaram a Maioridade, em 40; em 89, aboliram a monarquia,

baniram o imperador, extinguiram o Poder Moderador e, querendo ou não,

assumiram o seu lugar; fizeram a república e a regeram, por largo tempo,

já no século XX; derrogaram a República Velha e suas mazelas com a

Revolução de 30; instauraram e sustentaram a Era Vargas, que durou 15

anos; depois, em 45, lhe deram fim; em 54, exigiram a renúncia do mesmo

Vargas, que, com o suicídio, abortou a deposição ao custo da própria vida;

por fim, em 64, consumaram o afastamento de João Goulart e moldaram

um regime à sua feição, regime que governou o Brasil com mão de ferro por

21 anos ininterruptos. Por fim, outorgaram uma Anistia “ampla, geral e

irrestrita”, que trouxe de volta todo o passado; quiseram fazer um gesto de

boa vontade, que para alguns foi um equívoco e para outros, talvez a

maioria, um ato de contrição ou tardio arrependimento. Resumindo, em

duzentos anos de vida independente, fizeram, desfizeram, refizeram a seu

talante a história do Brasil. E agora assistem inertes e inermes ao desfile do

carro do triunfo daquilo que é a negação cabal de tudo o que elas

representam, professam e ensinam. Sendo armadas e estando, como estão

inermes, impotentes, se tornam uma contradição em termos e um triste

paradoxo. Logo serão um anacronismo, alvo da irrisão, zombaria e desprezo

do povo. Parece o fim de um passado de glórias. Praza aos céus não seja

também o fim do sonho de um destino grandioso para o Brasil.

 Júlio Martins

A morena sacudindo a saia

Afonso Rodrigues de Oliveira

“De manhã cedo

Canta a jandaia

Vem a morena

Sacudindo a saia”.

Se você quer realmente ser uma pessoa feliz, todos os dias passeie pelos seus pensamentos. O importante é que você caminhe com cautela para não tropeçar em pensamentos negativos. Mas pare com essa de “João-sem-braça”, com medo de parecer ridículo pensando em coisas do passado. São os momentos felizes do passado que nos torna feliz no presente. Então vamos deixar de lado as ranzinzices, e reviver o bom. Um simples momento de reflexões, por mais curto que ele seja, pode levar você de volta a momentos que não devem ser esquecidos. E isso sempre acontece comigo. Depois dos oitentas você se lembrar de momentos felizes quando você tinha apena oito, vale a pena.

Não há como esquecer os momentos felizes que passamos, em Brasília, na “Teia-2008”. Que foi um momento muito enriquecedor para a cultura no Brasil. Catarina Ribeiro… você foi, para mim, uma das pessoas mais importantes naquele movimento, em relação a Roraima. Nunca esquecerei da fisionomia que vi quando olhei pra você e a vi numa felicidade indescritível, quando aquele grupo, cantava, no palco, este trecho: “De manhã cedo, canta a jandaia. Vem a morena, sacudindo a saia”. Você que é uma das pessoas que mais admiro e respeito como amiga e colega de batalha, na luta pelo desenvolvimento da cultura, não só em Roraima, mas em todo o Brasil.

Somos todos capazes para construir nossa felicidade. Pena que nem todas as pessoas, até mesmo onde deveríamos desenvolver acultura, focando-a onde ela parece não existir, não se atentem para isso. Você se lembra da felicidade que mostramos, em Roraima, por exemplo, na importância do “Zé da Viola”, até então totalmente desconhecido. Coisas aparentemente fúteis que só trazem felicidade quando lembradas. Sinto muita falta de contato com todas as pessoas com quem batalhei naquela época, e que nos afastamos, ou mais precisamente, eu me afastei. Sinto-me culpado e me desculpo. E como estou muito feliz, hoje, com tais lembranças, envio um abraço do tipo “quebra-costela”, para todos.

Vamos nos encontrar para não nos deixarmos cair no lamaçal do esquecimento, com a importância do trabalho que fizemos e que ninguém sabe do resultado. E isso porque sabemos. E como sabemos! Mas, não deixemos isso de lado e continuemos, como diz o Fernando Quintella: “Mexendo no Baú”, e vamos continuar marchando nas caminhadas, vida a fora, vendo as morenas sacudindo as saias. O que sempre fica na lembrança de quem sabe ser feliz. Porque a felicidade está em cada um de nós. Porque sempre a procuramos onde ela não está. Pense nisso.

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99121-1460