Exposição fotográfica busca representatividade da mulher negra

Em alusão ao dia da Consciência Negra, comemorado no próximo dia 20 de novembro, será promovida a exposição fotográfica ‘Morena, não. Negra!’, no Pátio Roraima Shopping, localizado no bairro Cauamé.

A exposição estará em cartaz de 20 de novembro até 20 de dezembro. O projeto fotográfico conta com 10 fotografias feitas ao ar livre e busca dar representatividade às mulheres negras.

O projeto foi criado pela fotógrafa e estudante de jornalismo, Nara Michelly, em parceria com a desenhista Brenda Marcela. “A Brenda me procurou e apresentou a ideia, e como eu também estava procurando alguém para me ajudar a viabilizar o projeto, juntamos nossas idéias e criamos o conceito” explicou a fotógrafa.

A fotógrafa pretende encorajar mulheres a afirmar sua identidade negra, se aceitarem e se amarem como são. “Percebi que o fato de todas as modelos serem negras chama a atenção das pessoas, isso acontece porque não é comum vermos muitas mulheres negras na mídia. Se todas fossem brancas, chamaria atenção? Esta situação ilustra exatamente o que queremos com o projeto. Que a mulher negra também seja vista pela sociedade como ícone de beleza e que passe a ser comum vê-las diariamente na mídia, em propagandas ou fotografias”, frisou.

As modelos fotografadas são dez mulheres convidadas através das redes sociais. Para registrar as modelos, a fotógrafa pediu que elas não usassem maquiagem e dispensou recursos de estúdio e de edição de imagens.

“As fotos não dizem como elas devem ser, mas dizem quem elas são. E elas são mulheres lindas. Nós queremos mostrar que elas não precisam se encaixar em nenhum padrão de beleza absurdo para se sentirem bonitas”, disse Nara.

Além de fazer as pinturas, Brenda também participou do projeto como modelo. “Fiquei muito satisfeita com o resultado porque o que me motivou foi a busca da representatividade da mulher negra, e conseguimos isso. No processo de convidar as meninas, eu vi o quanto elas ficaram surpresas e felizes com o convite. Quando vi as fotos, finalmente me senti representada num ensaio de beleza e isso melhorou minha autoestima. E o objetivo é que todas as mulheres negras que virem as fotos também se sintam assim.” afirmou.

Pinturas faciais

As pinturas no rosto com diferentes símbolos têm sido parte da tradição de muitas culturas, incluindo nações africanas. Na tribo ‘Efik’, por exemplo, que reside principalmente no sudeste da Nigéria, utiliza-se a pintura facial para demonstrar amor e pureza. Durante os tempos antigos da tribo, a pintura de rostos era uma forma de expressar a própria identidade da tribo. 

A desenhista demorou cerca de 10 minutos para fazer cada pintura, com tinta própria para pele. “No ensaio fotográfico, utilizamos as pinturas para simbolizar a identidade negra.” disse Brenda. Ela conta ainda que levou em consideração o formato do rosto e dos traços de cada modelo para a criação dos desenhos.