Enquanto a saca de cimento vendida na maior parte do país pesa 50 quilos, no Amazonas e em Roraima o produto é vendido em sacas de 42,5 quilos em preço mais caro. Por isso, os parlamentares que compõem a Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados se reunirão, na próxima semana, com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a fim de cobrar uma padronização da saca de cimento vendida em todo o país.
“Vamos solicitar que o Ministério do Desenvolvimento acione o Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia] para que fiscalize o tamanho das sacas produzidas e que haja uma padronização”, disse o 2º vice-presidente da CME, deputado Edio Lopes (PMDB-RR). Apesar da diferença no tamanho da saca, o preço praticado nos estados mais ao Norte do País é maior do que no restante do Brasil. Em São Paulo o valor é de R$ 22,00, enquanto na região Norte pode chegar a R$37,00.
Essa diferença de preço, os procedimentos e as exigências à importação e industrialização do cimento no Amazonas foram alvo de uma audiência pública, realizada ontem pela manhã, 18, na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Da bancada roraimense, além de Edio Lopes, participaram os deputados federais Abel Mesquita (PDT), Carlos Andrade (PHS), Hiran Gonçalves (PMN) e Remídio Monai (PR).
Edio Lopes afirmou à Folha que, durante a audiência pública, os empresários de cimento do Amazonas foram ouvidos. “Mas eles não apresentaram uma planilha de custo de produção, que é o que queremos. Porque das duas uma: eles terão que baixar o preço ou terão que nos convencer de que produzir cimento na Amazônia custa o dobro do que no restante do País”, comentou.
De acordo com o parlamentar, os números não deixam margem para dúvidas. “O preço médio da saca de 50 quilos vendido no restante do Brasil gira em torno de 20 reais. Enquanto uma saca de 42,5 quilos vendida no Amazonas sai por R$ 32 e, em Roraima, por R$ 34”, exemplificou Edio Lopes. “Quando traduzirmos esse preço [da saca de 50 quilos] praticado no Rio de Janeiro, por exemplo, para uma saca de 42,5 quilos, percebemos que o cimento seria vendido por R$ 18,10”, acrescentou.
Porém, deve ser levado em conta também a carga tributária praticada na Zona Franca de Manaus e na Área de Livre Comércio de Boa Vista. “Há um enorme deságio na carga tributária. Em Roraima e no Amazonas, a carga não ultrapassa 17%, enquanto nos demais a carga praticada chega a 39% sobre o preço final do cimento. Portanto, temos um diferencial a nosso favor de 22%”, explicou o parlamentar. “Mas a conta não fecha, porque atualmente uma saca de cimento de 42,5 quilos é comercializada por até 34 reais em Roraima”, complementou.
Edio Lopes explicou que, com as informações repassadas pelos representantes da indústria do cimento do Amazonas, técnicos da Câmara Federal realizarão um estudo minucioso para entender o porquê da diferença de preço do cimento no país. “Vamos fazer uma nova rodada de discussão já com esses estudos aprofundados e já avisamos que eles [empresários] devem apresentar uma planilha de custo de produção. Não daremos trégua à indústria do cimento do Amazonas”, afirmou.
IMPORTAÇÃO – Ainda durante a audiência pública, os empresários demonstraram preocupação com os importadores de cimento do Amazonas. “Há pelo menos dez importadores de cimento de diversos lugares do mundo. Esse cimento chega a Manaus a granel e não há controle nem quanto à qualidade nem quanto à questão sanitária do cimento que é vendido. Essas indústrias de fundo de quintal ensacam o cimento a granel e colocam como data de fabricação o dia em que o produto foi ensacado, e não levam em consideração o tempo de viagem”, explicou o deputado Edio Lopes, reafirmando que esta é outra preocupação dos parlamentares. (V.V)