Nos últimos anos, tem crescido a preocupação com o meio ambiente, principalmente na questão da geração de energia para abastecer a população. Com a crise energética cada vez mais presente, muitas autoridades se questionam o que fazer para garantir o fornecimento para a população. No Brasil, além das hidrelétricas, outra fonte de produção muito trabalhada são as termelétricas. Estas, por sua vez, são utilizadas apenas em períodos sazonais, quando os reservatórios das hidrelétricas estão com níveis abaixo da capacidade.
Abastecida pelo Linhão de Guri, na Venezuela, nos últimos meses o Estado vem sendo castigado por constantes apagões. Nem mesmo os recentes investimentos em usinas termelétricas têm servido para minimizar os problemas. Porém, o técnico em Eletrônica recém-formado em Geografia pela Universidade Estadual de Roraima (UERR), Amadeu Triani, disse que Roraima poderia investir em fontes acessíveis para a geração de energia, sendo a energia solar a principal delas.
“A energia solar é muito forte aqui no Estado. Considerando apenas o período das 07 horas às 17 horas, haveria uma geração bem mais eficiente que a queima de combustível das termelétricas, com uma carga de potência Fotovoltaica Monocristalino de 138 watts por metro quadrado. Ou seja, se cada telhado fosse transformado em microusina de energia, nós forneceríamos energia para os grandes centros durante o dia e consumiríamos os créditos à noite, o que evitaria esses constantes apagões na cidade”, afirmou.
Segundo o especialista, a energia gerada pelo sol também seria muito mais vantajosa que a produzida por água. Para isso, ele utilizou como base as informações sobre geração elétrica por meio da construção da hidrelétrica do Bem-Querer, no Município de Caracaraí, região Centro-Sul do Estado.
“Nessa situação, nós teríamos em uma área de 560 quilômetros quadrados alagada, um potencial de 401,7 MW, enquanto em apenas 1% da área a geração de energia solar seria de 520,8 MW. Ou seja, bem mais superior e menos danosa ao meio ambiente”, ressaltou.
Sobre o mito de que a energia solar é mais cara, o especialista afirmou que, com o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, o custo da tecnologia sofreu uma considerável queda, fazendo com que o custo benefício seja mais satisfatório para quem opta por esse mecanismo.
“Por incrível que pareça, a mais cara produção de energia é aquela que vem das termelétricas. São cerca de milhões gastos em combustíveis e esse tipo de usina consume 43 carretas de 30 mil litros por dia. Isso baseado na visita técnica que fiz na Eletrobras Roraima, para a minha conclusão de curso pela UERR. Naquela época, nós produzíamos 60 Mega Watts de energia, enquanto os testes que fizemos com a energia solar em Caracaraí, a produção foi de 80 MW. Se esse valor gasto com combustível fosse investido na aquisição de placa solar, nós teríamos maior produção de energia e menos queima de diesel, o que beneficiaria diretamente o meio ambiente”, disse.
Outro modelo que poderia resultar em ganhos para a população, que é defendido por Triani, seria a utilização de gás metano nas termelétricas. “Na Sanepar [companhia paranaense de saneamento], eles fazem a produção de energia, utilizando o próprio esgoto, coletando o gás metano. Eles abastecem as viaturas deles com gás metano para rodar e ainda injetam na rede de distribuição de energia, por meio da rede alternada. Então, isso poderia muito bem ser aplicado aqui também”, frisou. (M.L)