Cotidiano

Café da manhã faz surgir novos mercados

O hábito criado pelos boa-vistenses de tomar café fora de casa fez surgir opções diversas e produtos diferenciados

O boa-vistense tem adotado um hábito característico nos últimos tempos: tomar café da manhã fora. Por isso, para atender a essa nova demanda de clientes, muitos pontos de venda têm surgido na Capital. Lugares que apostam em alimentos regionais, como paçoca, tapioca e, em alguns casos, até o tucumã com o objetivo de agradar todos os clientes.  

Para a mãe de dois filhos, empresária e universitária, Gabriella Alves Tomaz, o hábito deixou de ser uma regalia e se tornou uma necessidade. “Como eu trabalho durante o dia e estudo à noite, eu não estava dando conta de arrumar os meninos e ainda fazer café em casa. Foi quando eu decidi passar a correr com eles, parar em algum lugar pra gente comer rapidinho e depois deixá-los no colégio”, explicou.

Por dia, a empresária gasta cerca de R$ 30 com a família. O local que ela frequenta fica localizado no Mercado Municipal Romeu Caldas de Magalhães, na Avenida Glaycom de Paiva, bairro Mecejana, zona Leste de Boa Vista. Lá, um dos lugares mais tradicionais da cidade, vários quiosques servem desde o tradicional pão com manteiga e café com leite, custando por volta de R$ 5, até tapiocas recheadas e tortas variadas. “Além da necessidade devido à falta de tempo, eu ainda consigo variar bem o que meus filhos comem. Sempre procuro que eles tomem um suco natural, mas nem todos os dias eu consigo”, analisou Martins.

No Mercado Municipal do São Francisco, no bairro do mesmo nome, na zona Norte da cidade, também não é diferente. A funcionária de um dos quiosques, Francisca da Silva, afirmou que a procura tem se tornado cada vez maior. “Antigamente, a gente sofria nos finais de semana, quando as pessoas tinham mais tempo e aproveitavam para comer algo diferente. Agora não, todos os dias está lotado e nos fins de semana mais ainda”, frisou.

Para ela, o hábito impulsiona o mercado e exige mais qualidade. “Uma pessoa que vem todos os dias pode gastar de R$ 7,00 a R$ 10,00. Se essa pessoa não é bem atendida e procurar outro lugar para comer, isso é sentido pelos donos. Então, o jeito é ter qualidade no atendimento e no que é servido”, disse.

SEM WI-FI – Com isso, vários pontos especializados em café da manhã surgiram na cidade. Um deles, o Barracão do Poeta, atende especialmente nos fins de semana. Em contrapartida ao que é apresentado por muitos outros lugares que procuram atender uma clientela prática, o local atende somente aos fins de semana e busca a interação entre os clientes e a permanência deles no local como forma de recreação.

Sem nenhum tipo de incentivo tecnológico, o café localizado à Rua José Francisco, Nº 95, Bairro Jóquei Clube, na zona Oeste, não aposta em Wi-Fi e coloca livros na mesa para o cliente fazer leituras enquanto aguarda ou conversa e ainda toma café. Além disso, uma galeria de obras de arte de artistas locais é exposta, podendo as obras serem compradas pelos clientes.

O lugar diferenciado tem preços mais elevados em relação às feiras, por exemplo. A diferença fica por conta da satisfação que cada um tem em ir tomar café num local mais interativo. Um café da manhã simples custa cerca de R$ 12,00. Pratos mais elaborados também são servidos, a exemplo do X-Caboquinho, sanduíche à base de tucumã, e também do cuscuz Wapixana, que leva peixe tambaqui.

De acordo com a dona do café, Yasmine Benaion, o local tem como missão alimentar o corpo e a alma dos clientes com produtos de qualidade, cultura e arte. “O que nós temos é um local onde todo cliente vira amigo. Nós tratamos por nome. Eles chegam aqui aos fins de semana não só para comer e ir embora, mas para sentar, interagir, aprender, ouvir boa música, ler e ainda poder tomar café com os nossos produtos que são regionais”, ressaltou.

O local ainda conta com música ao vivo aos domingos. Para os clientes, a criatividade do local atrai. Eles afirmam valer à pena pagar um pouco mais caro. “É ótimo. A única preocupação que a gente tem é saber o que vai comer. Enquanto a gente espera, podemos aproveitar para conversar, ler bons livros e ouvir músicas selecionadas para uma manhã especial. É diferente, traz aquele hábito de socializar com a família ou os amigos, que é tão difícil hoje em dia”, disse o cliente Saulo Silva. (JL)