Que Roraima tem enfrentado a pior seca dos últimos anos, isso já vem sendo divulgado há meses pela imprensa. O fato é que nunca tinha-se visto uma estiagem tão rigorosa como a que está ocorrendo. E as perspectivas para 2016 não são nada animadoras.
“A situação da estiagem no Estado, em especial nos municípios do interior, está chegando a um estágio crítico e que realmente nos preocupa. Aquela situação que nós presenciamos, no início desse ano, começa a se repetir. E isso tem nos deixado em estado alerta”, disse o secretário executivo da Defesa Civil Estadual, coronel Cleudiomar Ferreira.
Segundo ele, até o momento, a situação ainda não chega a forçar uma possível declaração de situação de emergência, mas ele admite que o Estado deve se preparar para enfrentar um clima seco ainda mais severo.
“A situação ainda não é crítica, no sentido de forçar uma declaração de situação de emergência, mas ela já nos preocupa. Estamos em alerta com relação a essa situação climática, principalmente na questão da falta de água. Ainda não existe uma confirmação real de que algum município já esteja com os seus bebedouros secos, mas o nível já é preocupante”, frisou.
Alguns municípios já começaram a repassar relatórios sobre a situação de abastecimento de água. Em localidades como Alto Alegre, Mucajaí (ambos a Centro-Oeste) e Iracema (Centro-Sul), o déficit hídrico já ultrapassa 50%. “A orientação que nós repassamos aos gestores é que a primeira resposta tem que partir do município. Não que eles resolvam o problema, até por entender que essas localidades não dispõem de condições de logística para perfurar poços artesianos, de escavar bebedouro ou construir uma barragem, mas que façam a documentação da situação e nos informe. Ficará mais fácil o Estado dar o aporte financeiro necessário para ajudar na situação, assim como o Estado pode precisar desse apoio financeiro por parte da União”, destacou o coronel.
BEBEDOUROS – Na operação de socorro aos municípios mais afetados pela estiagem do começo do ano, foram escavados pela Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) 2.874 bebedouros. Todo procedimento foi executado por meio de recursos do próprio Estado. Houve ainda o repasse de um recurso na ordem de mais R$ 4 milhões de reais da União. No entanto, o investimento teve de ser devolvido.
A expectativa é que o mesmo volte a ser oferecido ao Estado, já que tudo indica que teremos uma seca mais rigorosa este ano. “Houve, de fato, a liberação do recurso por parte da União, mas como chegou dentro do período de inverno, teve que ser devolvido na sua total integralidade. Ou seja, todo recurso que é repassado pela União, ele já é liberado para aquela finalidade e dentro daquele período. Ao que tudo indica, nós teremos um período seco ainda mais severo em 2016 e, por esse motivo, já estamos desenvolvendo estratégicas e buscando parcerias para estarmos preparados para ajudar a população”, frisou.
INCÊNDIOS – Com relação aos incêndios florestais, também existe essa preocupação. Segundo a Defesa Civil, somente no começo dessa semana foram detectados 118 focos de calor, sendo 63 em Rorainópolis, Sul do Estado. Até então, esse município não registrava histórico de grandes queimadas. “Hoje esse quantitativo aumentou para 138, e é provável que cresça ainda mais no período da tarde. A preocupação maior é que no Sul do Estado, principalmente Caroebe e Rorainópolis, está se queimando mais do que a área que se costuma registrar incidência elevada de incêndios. Então, o monitoramento tem que ser constante”, frisou.
Para resolver a situação, o órgão já trabalha com plano de ampliação das bases de combate a incêndios. Segundo o secretário, estão sendo feitos reforços no efetivo dos quatro quartéis do Corpo de Bombeiros: Pacaraima (Norte), Boa Vista, Caracaraí (Centro-Sul) e Rorainópolis. Vinte pick-ups já foram licitadas e deverão chegar ainda esta semana ao Estado.
“Em Pacaraima, por exemplo, nós vamos reforçar esse quartel com, pelo menos, duas guarnições extras, só para atuar no combate a incêndios florestais. Na Capital, serão duas guarnições extras na nossa sede e mais duas no bairro Cambará, para atuar principalmente nos incêndios próximos a regiões de lavrado, cobrindo toda zona rural. Em Caracaraí, vamos reforçar o quartel de lá, mas a atenção especial dessa operação será mesmo Rorainópolis, por conta da grande concentração de focos na região Sul”, frisou.
“É sempre bom reforçar que esses focos não significam queimadas em floresta. Existem muitas madeireiras na região e os proprietários desse tipo de segmento costumam a queimar as áreas do entorno e isso é detectado como foco de calor, tanto que ainda não fomos acionados para combater incêndios em nenhuma dessas regiões. Só que há uma preocupação e é por esse motivo que estamos montando essas equipes extras, para não só fazerem a vistoria, como também ficarem de prontidão para eventuais emergências”, complementou Ferreira. (M.L)