Cotidiano

Hemocentro impõe restrição para doadores

Pessoas que viajarem para países vizinhos, como Guiana e Venezuela, ficarão impossibilitadas de doarem sangue por 30 dias

O Hemocentro de Roraima (Hemoraima) vem seguindo novo critério para a doação de sangue. É que uma portaria, com mudanças de triagem clínica foi publicada pelo Ministério da Saúde e enviada a todos os estados brasileiros. O motivo é o aumento no número de casos da febre chikungunya em todo o País.
Portanto, fica inapto a doar sangue, no período de 30 dias, quem viajou à Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Caribe e Suriname. Segundo o enfermeiro de triagem do Hemoraima, Isaías Magalhães, pessoas que viajaram para países da América Central como um todo também serão consideradas inaptas.
Os mesmos cuidados são tomados quanto à febre Oeste do Nilo, virose transmitida por mosquitos do gênero Culex que causa encefalite ou meningite. Pessoas que viajaram para Europa e Estados Unidos também estarão inaptas pelo período de 30 dias. Todos os países citados são locais em que há surtos das doenças.
A medida foi adotada ainda no mês de agosto por meio da portaria 059/2014, das Coordenações Gerais de Sangue e Hemoderivados (CGSH) e do Programa Nacional de Controle da Dengue. Conforme Magalhães, o objetivo é evitar que haja a transmissão dessas doenças através da transfusão de sangue, uma vez que o laboratório do Hemocentro não realiza o exame para chikungunya nem para Oeste do Nilo.
O enfermeiro explicou que a mudança é uma ação preventiva. “Esse critério de ficar inapto é uma questão de segurança para quem vai receber o sangue. Se a pessoa estiver contaminada sem saber e nós não estivermos atentos a essa questão, isso vai passar e infectar alguém lá na frente”, frisou. O prazo de 30 dias é considerado tempo suficiente para que a doença se manifeste caso a pessoa esteja infectada.
“Após chegar de viagem, mesmo que a pessoa não apresente os sintomas das doenças, ela deve aguardar esse período, pois pode ser que a doença esteja incubada, havendo, assim, a possibilidade de transmissão pela via transfusional”, disse. Sobre as pessoas que adquirirem uma das duas doenças e depois de curadas desejem fazer a doação de sangue, ele explicou que estas devem esperar por um período de seis meses.
O enfermeiro afirmou que muitos pacientes têm comparecido ao Hemocentro, mas, por terem viajado ao exterior nos últimos dias, muitos deles não puderam doar. Com relação ao atual histórico de bolsas de sangue, o enfermeiro disse que está regular, mas pede àqueles doadores que estão em falta que compareçam e façam sua doação. “Aqueles que nunca doaram, que venham ter a experiência de ajudar ao próximo, de salvar vidas”, ressaltou.
Quem deseja se tornar doador, pode procurar o Hemoraima de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h e das 13h30 às 18h. Aos sábados, a unidade funciona das 7h30 às 12 horas. Alguns dos requisitos são: pesar mais de 50 quilos, não estar em jejum, evitar ingestão de alimentos gordurosos até duas horas antes da doação, não estar com febre, gripe ou resfriado. (M.F)
Força tarefa pretende diminuir riscos de epidemia de Aedes aegypti
Oito municípios de Roraima estão com alto risco de dengue e de febre chikyngunia, o que deixa o Estado a um passo de uma epidemia, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Por isso, os órgãos de saúde começam, hoje, uma força tarefa para eliminar possíveis criadouros do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
De acordo com o gerente estadual do Núcleo de Controle da Dengue e Febre Amarela, Joel Lima, após o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), foi apontada a situação de risco epidemiológico para a dengue e a febre chikungunya. Com esta realidade de alerta, o quantitativo de agentes municipais seria inviável para fazer o controle e combater os focos em tempo adequado.
Para dar celeridade ao processo, a Sesau contou com o apoio do Corpo de Bombeiros, que disponibilizará uma equipe para atuar juntamente com os agentes nas visitas domiciliares, a fim de realizar a identificação e a eliminação de possíveis criadouros do mosquito.
A capacitação teve como objetivo o nivelamento de conhecimento para o melhor desenvolvimento das ações de combate. “A Defesa Civil e os agentes de endemias foram orientados para que o trabalho seja feito de forma eficaz e rápida, tendo em vista o possível surto das doenças”, frisou o gerente. A previsão é que a situação seja controlada em 22 dias, através das visitas domiciliares.
A secretária adjunta de Saúde, Claudete Praia, informou que ainda ontem estaria articulando parceria com a Polícia Militar, Exército e a Aeronáutica para reforçar a equipe de combatentes. “São aproximadamente 160 mil domicílios a serem vistoriados em Boa Vista. Quanto maior a equipe, mais rápido o trabalho será concluído”, ressaltou.
POPULAÇÃO – Para o êxito na guerra contra a dengue e o chikungunya, minimizando o risco de uma possível epidemia, é necessária uma ação intersetorial. Mas, além disto, a população é a peça fundamental para que um possível surto seja evitado. “Manter o quintal limpo sem criadouros do mosquito é responsabilidade de cada um”, reforçou a adjunta da Sesau.
O Ministério Público do Estado de Roraima (MPE) tem acompanhado de perto a situação, participando das reuniões de elaboração de planos de combate e também dos treinamentos realizados, através da Promotoria Justiça de defesa da Saúde.
Os trabalhos de combate começam hoje, no bairro Cidade Satélite. “Será feito todo o trabalho de eliminação de plásticos, garrafas e qualquer recipiente que possa servir de criadouro para o mosquito”, disse Lima, acrescentando que, além disto, será reforçado o trabalho de conscientização da sociedade para que a população faça a sua parte e colabore com os voluntários.