Cotidiano

Sinter anuncia paralisação de advertência

Categoria alega que houve descumprimento de acordo feito com a Seed sobre a aplicação do calendário de férias escolares

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) anunciou, na manhã de ontem, paralisação de advertência para a próxima segunda-feira, 14. A medida foi tomada uma semana após a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) apresentar o novo calendário de férias escolares e um dia depois da pasta mudar de titular.

Segundo o presidente do sindicato, Ornildo Roberto, o acordo firmado com o Governo do Estado para o encerramento da greve geral da educação, iniciada em agosto deste ano e que durou mais de 70 dias, previa que as férias escolares fossem iniciadas a partir do dia 23 deste mês, sendo estendida até o dia 23 de janeiro.

“Quando nós estávamos em greve, sentamos com a governadora [Suely Campos], a secretária de Educação da época [Selma Mulinari] e demais assessores, quando pactuamos um acordo que determinava o período de férias para o período de 23 de dezembro a 23 de janeiro, já que muitos deles já haviam agendado compromissos fora do nosso Estado, seja por motivos de saúde ou lazer”, disse.

“No dia 23 de outubro, quando fomos assinar o termo de assentada no Tribunal de Justiça, juntamente com o desembargador Mauro Campello, com o representante do Ministério Público, Luiz Antônio, e representantes da Procuradoria Geral do Estado, nós assinamos esse documento. Só que se colocou a palavra ‘preferencialmente’ e, daí, o Governo do Estado, apegado a essa palavra, disse que não era definitivamente nessa data. Isso, para a categoria, caracteriza um ato imoral”, complementou o sindicalista.

Além do descumprimento do acordo, o presidente alega que o governo fez a construção do calendário escolar sem a participação da classe, uma vez que o acordo previa que os gestores das unidades teriam total autonomia na elaboração do mesmo.

“O que havia sido acertado na época é que as escolas teriam autonomia de fazer os seus próprios calendários, junto com a comunidade escolar, pais, alunos e professores e demais trabalhadores. E o governo não está levando isso em conta. O governo elabora um calendário sozinho e quer colocar esse calendário de cima para baixo, sem consultar os trabalhadores e a sociedade. Essa é uma posição autoritária e antidemocrática, e nós não podemos aceitar isso”, frisou.

“Mediante esta situação, vamos ter uma paralisação de advertência na segunda-feira, dia 14. Desde já estamos convocando todos os pais e alunos para irmos até a Praça do Centro Cívico e manifestar o nosso repúdio contra essa atitude do governo. Dessa forma, nós entendemos que este governo não está cumprindo parte desse acordo e que, portanto, nos deixa apreensivos. Será que o governo vai cumprir os demais pontos do acordo? Isso é uma preocupação que a categoria tem mediante a essa posição que o governo tem no momento”, complementou Roberto.

Apesar do clima de desconforto, Ornildo Roberto salientou que o Sinter buscará entendimento com o novo titular da Seed, Marcelo Campbell (veja matéria na página 6A), uma vez que “a categoria não tinha a mesma abertura com a titular anterior, Selma Mulinari”.

“Já estou preparando um ofício para encaminhar ao novo secretário de Educação solicitando dele uma audiência de caráter de urgência, para que a gente possa discutir um pouco sobre educação. O pouco que eu ouvi ele falar ontem, na imprensa, me pareceu muito preocupado sobre essa questão do calendário de férias. Sobre a troca de titulares, nós vemos como salutar, haja vista que a secretária que deixou a pasta não estava tendo habilidade para tratar com os trabalhadores da educação. Então, temos que ter realmente, na Seed, uma pessoa que tenha uma visão mais ampla, que tenha essa habilidade para dialogar. E eu espero que esse novo secretário possa abrir as portas para isso”, frisou.

SEED – Procurado pela Folha, o secretário estadual de Educação, Marcelo Campbell, disse que estava surpreso com a notícia da paralisação de advertência anunciada pelo Sinter. Informou que se reunirá com o sindicato para tratar da questão do calendário escolar proposto pelo Governo do Estado. Segundo ele, a palavra de prioridade será o diálogo, para não prejudicar ainda mais a situação dos os alunos.

“Eu sei que todo mundo está pensando em suas férias, mas nós temos que analisar e pensar no futuro desses alunos. Eles, nessa situação, são os mais importantes na questão. Cada caso será analisado, mas preferencialmente os estudantes de nono ano do fundamental e do terceiro ano do ensino médio não podem ser prejudicados mais do que já foram nesse período”, disse. (M.L)