A relação do zika vírus com casos de microcefalia em bebês, confirmada pelo Ministério da Saúde, fez aumentar a compra de repelentes em 20% em farmácias da Capital, tendo em vista que a aplicação do produto é o método mais aconselhado pelos médicos para impedir a ação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, que é o mesmo transmissor da dengue e da febre chikungunya.
Segundo o empreendedor farmacêutico Natal Freitas, as vendas de repelente em seu comércio aumentaram consideravelmente. “É uma maneira que ajuda a manter a prevenção. Neste período de final de ano, com o avanço do zika vírus, tivemos um aumento de aproximadamente 20% nas vendas do produto”, afirmou.
O preço do produto varia de R$15,00 a R$30,00, dependendo da marca e da quantidade. Os repelentes com venda autorizada no Brasil são três: à base de icaridina, de DEET e de IR3535. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que as gestantes podem usar os repelentes desde que estejam registrados na agência.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o Governo Federal estuda a possibilidade de distribuição de repelente às mulheres grávidas, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), para ajudar a prevenir as picadas do mosquito transmissor. Pelo mesmo caminho também analisa distribuir telas para serem colocadas nas casas, mas nada concreto até o momento.
MOSQUETEIROS – Em relação à venda de mosquiteiros, conforme a empresária e dona de uma loja na zona Oeste, Maria Aparecida, a procura continua a mesma. “Não houve uma demanda elevada. Continua dentro da normalidade. Durante o inverno as vendas aumentam, principalmente para as pessoas que viajam para o interior do Estado”, explicou. O produto é mais uma forma de prevenção e o preço varia de R$15,00 a R$35,00, de acordo com o espaçamento entre as frestas. (B.B)
Infectologista chama a atenção para empenho das pessoas na prevenção
O combate ao mosquito Aedes aegypti tem se tornado prioridade nas ações de saúde desenvolvidas pelos estados e municípios do País. Infectologista há mais de 30 anos, dos quais 20 somente em Roraima, o médico Mauro Asato, vem acompanhando desde então a evolução das doenças causadas pelo mosquito em todo o Brasil.
“Com relação às patologias, ainda existem algumas desinformações, no entanto, o mais importante nesse caso é trabalhar a eliminação do vetor responsável pela transmissão, ou seja, o mosquito. O Aedes aegypti, principalmente a fêmea, é a responsável pela transmissão, já que, ao picar o paciente, ela acaba inoculando o vírus e, nessa parte, existem quatro tipos de doenças, que seriam a dengue, chikungunya, o zika vírus e, em casos mais extremos, a febre amarela urbana. Então, se a gente negligencia essa situação, ela pode transmitir essas enfermidades”, frisou.
Para o especialista, a eliminação dos criadouros ainda é a medida mais eficaz contra a reprodução do mosquito. “O ciclo é basicamente simples. A fêmea deposita os ovos, que ficam na natureza no período de um ano. Tendo as condições ideais de umidade, esses ovos podem eclodir e virarem larvas, que posteriormente se transformam em insetos e vão picar as pessoas e transmitir essas doenças”, explicou.
“Então, é necessário saber dos perigos dessas doenças. No entanto, também é importante que todos os entes da sociedade se empenhem no combate ao vetor, porque de nada adianta o empenho das organizações públicas se a própria população não ajuda a combater os criadouros”, frisou.
Governo e Prefeitura afirmam que intensificaram o combate
O Governo do Estado informou que tem realizado constantemente as diversas ações de combate ao Aedes aegypti. No que diz respeito à utilização do carro UBV (Ultra Baixo Volume), que aplica o inseticida, conhecido como carro-fumacê, o trabalho é realizado em parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau ) e a Prefeitura de Boa Vista, que formula o cronograma para atender a todos os bairros da Capital, enquanto o Estado fornece os veículos.
O governo informou que está adquirindo bombas costais nebulizadoras, que são mais eficientes por entrarem diretamente nos imóveis, aplicando o veneno diretamente nos criadouros, e kits de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) para agentes de endemias de todos os municípios.
A gerente da Vigilância em Saúde do Estado, Daniela Souza, destacou que é importante deixar claro que de nada adianta a ação do poder público se a população não fizer sua parte. “O mosquito se reproduz em poucos dias, demandando um cuidado que ninguém melhor que cada morador para realizar esta função. Por isso é necessário que a população aja. Se cada morador eleger um dia da semana para realizar um check list em seus quintais, pelo menos uma vez por semana – que é o período de reprodução do Aedes aegypti – em poucos meses será possível reduzir os índices de infestação”, alertou.
Ela informou ainda que a Sesau instituiu no início deste segundo semestre a Rede Sentinela, que reúne as unidades de Saúde da rede estadual, além do Hospital da Criança Santo Antônio, para dar velocidade ao processo de notificação e controle da doença, que é a ação de responsabilidade do Estado.
Além disso, o Governo do Estado oferece apoio logístico aos Municípios para a execução das ações de combate e atuar no trabalho de notificação da doença para controle do Ministério da Saúde.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista afirmou que tem realizado um trabalho intenso e contínuo para combater o mosquito. Segundo dados do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), realizado em outubro e novembro de 2015, Boa Vista está entre as 10 capitais brasileiras com índices satisfatórios, com uma taxa de 0,9 % de infestação, considerada de baixo risco.
“Desde 2013, nenhum surto de dengue, zika ou chikungunya foi registrado no Município de Boa Vista. Esses resultados são atribuídos a um trabalho minucioso das equipes de saúde e vigilância municipal que atuam nas visitas domiciliares para identificar e eliminar os possíveis criadouros do mosquito, além de orientar a população sobre os métodos de combate ao Aedes aegypti”, informou.
Em outubro deste ano, a Prefeitura iniciou uma campanha de combate ao mosquito. Desde o início das ações, até o último dia 4 de dezembro, foram visitados 103.745 imóveis e eliminados 62.039 criadouros, o que representa 70,5% dos imóveis visitados durante o ciclo.
Por meio de ações realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde, foi possível diminuir o número de casos de dengue. Tanto que, nos últimos três anos houve uma redução de 88% no número de casos confirmados em Boa Vista. A Prefeitura está trabalhando com foco na captação dos casos de Chikungunya e principalmente do Zika vírus.
DADOS – Os casos confirmados de dengue somam 353, contra 363 do mesmo período do ano passado, uma diminuição de 2,7%. Em relação à febre chikungunya, até outubro de 2015 foram notificados 374 casos. Destes, foram confirmados 12 em Boa Vista.
“Atualmente a Capital apresenta 18 casos de zika confirmados. Os casos compatíveis com sinais e sintomas ainda não confirmados somam 1.118. Destes, 36 são de gestantes, que já estão sendo acompanhadas pela equipe de médicos da saúde municipal. Até o momento não foi registrado nenhum caso de microcefalia. Ações de divulgação e sensibilização de profissionais para captação de casos de gestantes com sintomas compatíveis com a doença e implementação da atenção pré-natal são umas das prioridades da Prefeitura de Boa Vista”, frisou. (B.B)