Após o encerramento da primeira fase da Operação Libertatem, no dia 30 de novembro, que teve como alvo de investigação as fraudes em processos licitatórios realizados por servidores e um secretário da Prefeitura do Cantá, município ao Centro-Leste do Estado, cerca de 36 quilômetros de Boa Vista, a Polícia Federal deu continuidade às ações e prendeu um secretário e cumpriu a determinação para afastar um servidor de seu cargo.
No final da tarde desta segunda-feira, a PF convocou a imprensa para esclarecer os motivos da prisão e do afastamento, além de fornecer novas informações a respeito da segunda fase de investigações. “Dia 30 de novembro foi deflagrada a Operação Libertatem. Essa operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, sete mandados de condução preventiva de pessoas vinculadas a desvios de recursos públicos do Município de Cantá. A novidade agora é que, nessa operação, foi descoberto o escritório do crime”, destacou o delegado de Polícia Federal, Alan Robson.
No escritório de contabilidade foram apreendidos computadores, mídias, carimbos e procedimentos licitatórios. “Esses procedimentos eram ali montados, eram trabalhados naquele local, que servia à destinação fraudulenta das licitações em prol de empresas previamente acertadas. Isso fica claro no material apreendido. No começo eram indícios fortes e hoje vemos um desvio de dinheiro público cometido às claras”, frisou o delegado.
Todo o trabalho desenvolvido pela PF foi realizado em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) desde a deflagração das ações. “Foi descoberto que alguns desses envolvidos na primeira fase continuavam trabalhando na prática criminosa. Esse, que tem mandado de prisão preventiva deferido, o secretário do município R.S.M., de 27 anos, estava afastado desde o dia 30 de novembro. Ele foi ao banco para tentar movimentar recursos, em clara desobediência ao pedido judicial”, acrescentou Robson.
O servidor F.L.H. foi afastado das funções e tem uma série de proibições que deve seguir, como visita a escritórios, manter contato profissional com qualquer pessoa envolvida com a prática criminosa e suspensões de contratos.
Materiais apreendidos na segunda fase da operação serão estudados para que sejam apontadas mais evidências dos crimes. “A gente trabalha com a possibilidade também de novas frentes, pois há indicativo de outras práticas criminosas”, frisou o chefe da CGU, Max Túlio.
Os desvios, segundo a PF, ultrapassam os R$ 4,5 milhões. “Só que hoje nós vemos que esse valor é apenas o início. O que foi apreendido demonstra que esse valor é bem maior e será levantado. Isso tudo gerou problemas na coleta de lixo, problemas na área da saúde, problemas na educação e em outros prejuízos à população do município”, complementou o delegado da PF.
A população do Cantá participou das investigações por meio de denúncias. “Quero agradecer a algumas pessoas que apontaram caminhos que nos serviram de base para o início das nossas atividades. A partir do momento em que a população se torna consciente e denuncia aos órgãos de controle, faz toda a diferença para o nosso trabalho”, ressaltou Túlio.
O secretário está preso na sede da Superintendência da Polícia Federal por tempo indeterminado, considerando o mandado de prisão preventiva. (J.B)