Cotidiano

Professora denuncia falta de vacina antitetânica no Estado

Após sofrer um acidente doméstico, Rosimery Cabral procurou regularizar sua vacina contra o tétano nas unidades de saúde municipal e estadual, porém, não foi possível encontrar o medicamento

Uma professora denunciou à Folha a falta da vacina antitetânica nas unidades de saúde da rede municipal e estadual. O medicamento é para combater a transmissão do Tétano, doença bacteriana que pode causar até a morte.

Ao sofrer um acidente doméstico na quinta-feira da semana passada, 17 de dezembro, a professora Rosimery Cabral, de 50 anos, procurou atendimento em uma unidade privada de Saúde. O ferimento ocorreu em um ferro enferrujado e resultou em um corte que levou cinco pontos.

Após o atendimento, Rosimery foi informada que a vacina antitetânica estava em falta no local e que seria necessário a busca do medicamento na rede pública de saúde.

“Perguntaram com relação a minha vacina antitetânica se estava em dia e como não estava, me disseram pra eu procurar o HGR (Hospital Geral de Roraima) que essas vacinas são só na rede pública. Aí eu fui no HGR, na unidade de Trauma e me disseram que não ta tendo a vacina antitetânica no Estado, que o Instituto responsável não estava fornecendo e a previsão era daqui a 30 dias”, relatou.

Segundo Rosimery, no dia seguinte seu filho foi em diversos postos de saúde e no Hospital Infantil Santo Antônio e outras clínicas privadas de saúde e todos com a vacina em falta.

“É uma coisa grave essa questão. Como fica a situação das grávidas que precisam de acompanhamento? E as pessoas acidentadas? Eu levei cinco pontos, uma coisa não muito séria, mas que pode transmitir tétano por que o ferro que eu me acidentei tava enferrujado. Eu to aqui pedindo a Deus que não aconteça nada por que não tem vacina no Estado”, reclamou a professora.

TÉTANO

O tétano é uma doença causada pela bactéria clostridium tetani e que pode ser encontrada no solo, na poeira e nas fezes. A bactéria pode ter contato com as pessoas através de lesões na pele, como feridas, arranhões e cortes, principalmente, quando causado por um objeto sujo.

Para as grávidas. a vacina deve ser feita principalmente na gestante que nunca foi vacinada, pois ajuda a produzir anticorpos que serão transmitidos para o feto, evitando casos de tétano neonatal.

OUTRO LADO

A Folhaweb entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista e com o Governo do Estado sobre o assunto. O Governo negou que a vacina esteja em falta em Roraima.

“O que está ocorrendo é uma recomendação do Ministério da Saúde para que os estados tenham mais controle na distribuição e gerenciamento da distribuição dessas vacinas aos municípios, certificando-se de que não haverá sobras ou má-utilização de vacinas como a antitetânica, que estão com a produção em menor quantidade em todo o País”, informou em nota o Governo do Estado.

Além disso, o Estado afirmou que orienta aos municípios para que façam a notificação sobre a utilização dessas vacinas, “para que a Secretaria tenha esse controle na distribuição, inclusive evitando a falta dessas doses nas unidades de saúde e para a população”.

Já a Prefeitura de Boa Vista alegou que houve redução “no quantitativo de doses enviadas pelo Ministério da Saúde para todo o Brasil”, mas ressaltou que a capital de Roraima “foi uma das poucas capitais que não sofreu considerável impacto com a redução”.
 
“Em Boa Vista, nos últimos três meses, os estoques da Rede de Frio – CMI foram afetados com a redução da quantidade de vacinas como BCG; Febre Amarela; Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola) e hepatite B. Também houve períodos de desabastecimento das vacinas contra Hepatite A e Dupla Adulto (Difteria e Tétano).

Por fim, explicou que “o pedido mensal contempla 5 a 6 mil doses da vacina contra o tétano”, mas que no mês de dezembro, “a prefeitura recebeu apenas 2 mil doses, o que não foi suficiente para suprir até o próximo pedido”.

“O desabastecimento de vacinas é nacional e, segundo o Programa Nacional de Imunizações – PNI/ do Ministério da Saúde, não há previsão para regularização. Algumas medidas foram adotadas para otimizar os estoques, já que as vacinas estão sendo entregues com até 60% de corte”, finalizou.