Cotidiano

Mercado informal surge em semáforos

Embora a crise também tenha afetado quem trabalha na informalidade, fim de ano se torna um bom momento para faturar

Enquanto o comércio formal disputa a clientela com horários diferenciados neste fim de ano, nos semáforos dos principais cruzamentos de Boa Vista os vendedores informais não têm feriado nem fim de semana. As vendas nesses pontos aumentaram 30% com a chegada do Natal. Os ambulantes vendem de tudo: mel, água, coco, queijo, rifas, picolés, amendoim, castanhas e outros.

A vendedora, Milena Carolina Vasconcelos Mota, de 22 anos, festeja as boas vendas no período natalino, mas disse, ontem, que a crise econômica pela qual o País atravessa fez cair o movimento até no mercado informal. “Agora melhorou um pouco, mas as vendas poderiam ficar mais aquecidas antes do Natal. Esperamos que a crise passe e a gente volte logo a vender muito bem”.

Milena vende coco na esquina das movimentadas avenidas Ataíde Teive com Venezuela, na divisa dos bairros Liberdade e Mecejana, zona Oeste. Por dia, ela disse que chega a vender até 150 cocos, o que lhe rende cerca de R$ 450,00. “Dá para eu me sustentar e pagar minhas contas, pois a empresa já está no mercado há anos”, disse.

A vendedora fez questão de dizer que trabalha com carteira assinada e ganha, por mês, R$ 1 mil, além de gratificações se atingir ou ultrapassar as metas da empresa. “O movimento está melhorando por causa do forte verão, pois muita gente mata a sede com água de coco”, observou.

Ainda na mesma esquina, o aposentado Fernado Vieira, de 68 anos, vende água mineral. O movimento havia melhorado desde anteontem, segundo ele. “O forte calor ajuda. Vendo uma média de 100 garrafinhas de água por dia. Ganho 100% em cima sem fazer muito esforço”. (AJ)

Aventureiros ganham a vida nas ruas da Capital

Aventura é a palavra que define a vida de quem deixou tudo para trás – país, emprego e até família – e passou a viver sem qualquer tipo de compromisso. É o caso dos venezuelanos, Jesus Maitá, 28 , e Alejandro Conejo, 27. Malabarista, a dupla há cinco anos deixou o país vizinho para arriscar a sorte nas esquinas mais movimentadas de Boa Vista fazendo malabarismo.

Jesus lembrou, ontem à tarde, que tomou a decisão de se aventurar no mundo após a sua mulher tê-lo abandonado. Ele havia viajado para a Colômbia e, anos depois, ligou para a mulher, que havia ficado na Venezuela. “Foi quando ela disse que já tinha outro e que não me queria mais. Aí decidi correr o mundo”, relembrou.

No começo de janeiro deste ano, Jesus chegou a Boa Vista apenas com uma mochila nas costas e alguns instrumentos de malabarismo. Natural de Caracas, ele está conseguindo sobreviver do pouco que ganha nas ruas com malabarsimo e limpando parabrisas de carro.

O venezuelano disse que, em um bom dia de movimento, chega a tirar até R$50,00. Mas, em outros ruins, mal consegue ganhar dinheiro para o almoço. “E assim a gente vai levando. Daqui estou pensando em ir para Manaus. Depois continuar aventurando”.

MÁGICO – Na esquina das avenidas Getúlio Vargas com Araújo Filho, no Centro, o mágico Ruan Abade, de 31 anos, também decidiu aventurar a vida. Peruano, ele chegou à Capital no ano passado e até hoje vem se mantendo com os shows que faz no meio da rua, quando o sinal de trânsito fecha.

“Tem dia que ganho R$ 50,00, outro ganho R$ 30,00. Já teve mês que eu fiz R$1 mil. Hoje moro em um apartamento alugado no São Vicente  e já estou guardando um dinheirinho. Mas, antes, assim que comecei, passei dois dias sem ganhar dinheiro suficiente para comprar comida”, lembrou.

O mágico disse que vem de uma escola tradicional de artistas do Peru. Ele deixou pai e mãe, ainda adolescente, para viver uma vida de aventura. Ele chegou a cursar engenharia, morando em uma casa de estudante, mas logo desistiu ao conhecer a arte circense. (AJ)